Policial
Inferno
Saga
de traficante não embala quarto livro da
escritora paulista
Alessandro
Giannini
Discípula
confessa de Rubem Fonseca, a escritora Patrícia Melo ainda não cortou
o cordão umbilical que a liga ao mestre. Inferno (Companhia
das Letras, 376 págs., R$ 29) mantém a autora no gênero policial
urbano, embora o cenário habitual de suas histórias tenha mudado
e o tipo de narração também. Ainda falta para que de suas obras
resulte algo realmente novo e original.
O novo
romance traz o Rio de Janeiro como paisagem. A ação se passa no
fictício morro do Berimbau, favela que tem o tráfico de drogas como
principal atividade. A história é narrada na terceira pessoa, algo
que a autora ainda não havia tentado.
O livro
conta a saga de um olheiro, figura muito popular nos morros cariocas.
É aquele garoto que ganha uns trocados para vigiar o movimento,
avisar se a polícia chegar. É a história de José Luís Reis, o Reizinho,
do batismo como integrante do quadro do traficante Miltão até a
ascensão ao posto máximo na hierarquia do bando.
Como
outras crianças que nascem e crescem nos morros cariocas, Reizinho
tem uma história de vida previsível. Entra para o tráfico como olheiro,
vai subindo na hierarquia à base de alianças e traições e, se não
morrer antes, pode ser que ocupe o posto de chefão. Patrícia se
interessa menos pela trajetória do personagem do que pela rede de
intrigas que se forma em torno do tráfico. Quer apontar a decadência
ética dessa atividade e tudo que gira em torno dela. Fica difícil
deixar isso claro. A favela como um inferno dantesco
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