
Jornalismo
Ana
Paula Padrão: o desafio da repórter
A bailarina clássica que se transformou em jornalista assume o lugar
de Lilian Witte Fibe no Jornal da Globo
Carlos
Henrique Ramos
Divulgação
|
 |
“Orgulho-me
de ter tornado a economia um assunto mais fácil para o consumidor
brasileiro”, diz a jornalista Ana Paula Padrão
|
A
menina que pisava torto tornou-se bailarina clássica quase
que por acaso. O médico supunha que os exercícios
específicos dessa arte seriam capazes de corrigir aquele
descompasso. Mas ela acabou tomando gosto pela coisa. Transformou-se
em aluna, professora e profissional dedicada. Foram 15 anos de aplicação
espartana. A dança, porém, atingia os propósitos
da ciência, mas não supria suas necessidades intelectuais.
Depois de submeter-se a uma maratona de testes do grupo Corpo, de
Belo Horizonte, decidiu abandonar a carreira. Foi assim que o balé
perdeu a brasiliense Ana Paula Padrão para o jornalismo.
Aos 34 anos, essa repórter prepara-se para enfrentar seu
mais novo desafio, a partir do dia 7 deste mês, agora como
apresentadora do Jornal da Globo função
que era ocupada por Lilian Witte Fibe.
“Continuarei
sendo uma repórter
na função de apresentadora’’
Ana Paula Padrão |
Às
vésperas da estréia, Ana Paula tem chegado por volta
das 10 horas nos estúdios da Rede Globo, em São Paulo.
E não sai antes da meia-noite. A ex-correspondente da emissora
em Nova Iorque e Londres está ansiosa. Nesse período,
não encontra tempo para se alimentar corretamente. Muito
menos disposição. Não consigo comer em
situação de tensão, revela a também
editora-executiva do telejornal. A jornalista, que não freqüenta
academia de ginástica nem pratica esportes, deseja carimbar
sua marca pessoal no Jornal da Globo logo no início
do seu reinado. Continuarei sendo uma repórter na função
de apresentadora, quero trazer notícia para o telespectador,
diz. Eu nunca deixarei de apurar uma informação.
Casada
com o jornalista Marcelo Netto e sem filhos, Ana Paula Padrão
tem uma trajetória de sucesso. Quando abandonou o balé,
aos 19 anos, atuou como produtora num programa rural da Rádio
Nacional de Brasília. Nessa época, aprofundou-se no
jornalismo econômico e destrinchou temas como desabastecimento,
poupança e alta de preços. Orgulho-me de ter
tornado a economia um assunto mais fácil para o consumidor
brasileiro. Da rádio partiu para a ex-Manchete. Em
abril de 1987 era contratada pela Rede Globo da capital federal.
Lá, participou da cobertura de todos planos econômicos.
Sua última experiência em campo aconteceu no Afeganistão,
numa série de reportagens que foi ao ar no Fantástico.
Durante 20 dias, ela colecionou 25 horas de gravação,
emagreceu quatro quilos, driblou a censura local e retornou encantada
com o país. E essa história pode virar livro. A
última matéria é sempre a melhor.
|