
Polêmica
Divina
confusão
O jogador corintiano Marcelinho Carioca sofre ação de indenização
por perdas e danos morais de dois integrantes da sua banda de pagode
gospel
Carlos
Henrique Ramos
Piti
Reali
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Marcelinho
e Élcio dos Santos (à dir.), em novembro de 1999: “Essas pessoas
estão mal-intencionadas”, diz o ex-empresário da banda
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Acusações,
denúncias e um processo na Justiça. A história
do nascimento, ascensão, declínio e morte do Divina
Inspiração, a banda de pagode gospel patrocinada pelo
jogador de futebol Marcelinho Carioca, começa a ser desnudada
por quem vivenciou o sonho de louvar o Senhor através da
música. E os próximos capítulos prometem ser
mais ruidosos do que a batida de um surdão. Mário
Jardim, 39 anos, letrista e vocalista, e Antonio da Silva Valério,
o Toninho do Cavaco, 33, evangélicos fervorosos, resolveram
expor a vida íntima do grupo. E crucificaram o craque corintiano.
Larguei tudo para apostar no projeto. Fui enganado, iludido
e tratado como um cachorro pelo Marcelinho. Hoje eu não tenho
nada, estou frustrado e mergulhado em dívidas, revela
Mário. Ele tem de pagar por esse dano.
Essa
versão seduziu o advogado Israel Moreira de Azevedo, que
resolveu patrocinar a causa. Na quarta-feira 19, uma ação
indenizatória por perdas e danos morais contra Marcelo Pereira
Surcin foi protocolada no Fórum Central de São Paulo.
O processo, segundo ele, recebeu o número 588139-0. Na petição
inicial, em quatro páginas, Israel argumenta que seus clientes
foram lesados emocionalmente pelas promessas do atacante corintiano.
Houve muita expectativa, oferta, compromisso e exploração
do nome deles na mídia. Nada disso se confirmou. Tenho absoluta
convicção de que há acertos financeiros a serem
feitos, acredita Israel, que calcula a ação
em R$ 300 mil para cada um. Estou sendo modesto. Na
visão de especialistas, Mário Jardim e Toninho do
Cavaco têm excelentes possibilidades de êxito. Qual
o preço da angústia, estresse e sofrimento diante
de algo que não se concretizou?, questiona a advogada
Regina Mansur. Se ficar comprovada essa situação,
certamente conseguirão sucesso.
A disputa
jurídica está apenas no início. Na quinta-feira
6, os seis integrantes do grupo musical receberam em mãos
os termos da rescisão do contrato de representação
e de prestação de serviços artísticos
firmado em 12 de maio de 1999. Nele, Marcelinho Carioca apodera-se
da marca Divina Inspiração, garante que a separação
é consensual e que não há débito pendurado.
Quatro deles concordaram com os termos. Mas Mário e Toninho
endureceram. Obviamente que não vou assinar esse papel,
que é um dos maiores absurdos que já li, declara
Toninho. Agora que eu comecei, vou até o final com
essa história, promete. E história é
que não vai faltar para apimentar essa trama. No mercado,
especula-se que a banda vai emergir com outra formação.
Através da sua assessoria, Marcelinho Carioca declarou que
não tem conhecimento desse processo.
TETO
AVARIADO A primeira reunião da banda aconteceu em 6 de
setembro de 1998. Naquele dia, o PM Mário Jardim comunicou
à mulher e aos cinco filhos que encontrara a sorte. A comemoração
foi tímida na casa alugada no Brás, zona leste de
São Paulo. Mas havia a esperança de que sobraria dinheiro
para consertar o forro do teto de um dos cômodos, carcomido
e a ponto de desabar. Ele pediu baixa do quartel e dispensou o bico
que fazia como segurança de loja no bairro. E submeteu-se
à rotina de compor e ensaiar compulsivamente. O lançamento
do CD deu-se em fevereiro de 1999. Iniciou-se, então, a maratona
de compromissos em programas de televisão para divulgar as
canções. A noite de gala, no entanto, foi no palco
do Olympia, em 8 de novembro. Estima-se que Marcelinho Carioca desembolsou
R$ 100 mil para bancar a produção do espetáculo,
que contou com a participação de Netinho, vocalista
do Negritude Jr.
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