Comédia
Dramática
Madame
Eva
Wilma e Eunice Muñoz brincam de teatro dentro do teatro
Eudinyr
Fraga
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Eva
e Eunice: as duas atrizes unem Brasil e Portugal em espetáculo
caprichado
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É
instigante a idéia da dramaturga Maria Velho da Costa: criar
a ficção dentro da ficção na peça
Madame, em cartaz em São Paulo. Na Paris do início
do século 20 encontram-se, já maduras, a dissimulada
Capitu, personagem do romance Dom Casmurro, de Machado de
Assis, e a infeliz e aristocrática Maria Eduarda, protagonista
de uma ligação incestuosa com seu irmão em
Os Maias, de Eça de Queiroz. As duas são interpretadas,
respectivamente, pela nossa Eva Wilma e pela portuguesa Eunice Muñoz
e vivem os papéis de Francisca e Eulália, duas criadas
de quarto repletas de sadio bom senso popular. As duas também
representam atrizes que vão interpretar as personagens, num
exercício metateatral (teatro que se faz no interior de uma
peça).
Há, talvez, excesso de narração para colocar
o público a par dos fatos acontecidos anteriormente. Lamenta-se,
por outro lado, que o eterno problema relacionado a Capitu (foi
ou não adúltera?) seja solucionado de forma simplista
(traiu o marido) prejudicando o mistério que deve ser inerente
à personagem.
Mas
Eva e Eunice brilham em seus papéis, enfrentando inclusive
as dificuldades de um pileque em cena. Eunice, aliás, exibe
uma inusitada veia cômica. Pena que o sotaque prejudique a
plena compreensão do texto. Antônio Rama e Philipe
Roux defendem, a contento, seus papéis episódicos,
mas o último poderia não exagerar tanto nos maneirismos
da personagem.
Nessa
produção de alto nível, dirigida com justeza
por Ricardo Reis, destacam-se ainda o cenário e sobretudo
os belos e suntuosos figurinos de Antônio Lagarto.
As
estrelas brilham
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