
Biografia
Eu
Quero É Botar Meu Bloco na Rua
Rodrigo Moreira expõe a instigante trajetória
de compositor maldito
Ramiro
Zwetsch
Sérgio
Sampaio é um daqueles ícones da música brasileira
situados no abismo entre a loucura e a genialidade, com desaparecimento
precoce. No livro Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua
(Muiraquitã, 190 págs., R$ 20), Rodrigo Moreira debruça-se
em uma narrativa detalhada da intrigante trajetória do compositor.
O título
é inspirado no nome da canção que levou o capixaba
Sampaio a vender 500 mil cópias de um compacto em 1972
seu único êxito fonográfico. Sampaio gravou
somente três LPs em 23 anos de carreira e teve canções
gravadas por Maria Bethânia, Zizi Possi, Erasmo Carlos e Luiz
Melodia, entre outros.
Moreira oferece um relato biográfico intenso, cheio de curiosidades
saborosas, como quando o compositor Xangai um de seus melhores
amigos convidou Sampaio para uma participação
especial em show realizado no dia 4 de novembro de 1992. No mesmo
dia, tinha morrido Carlos Imperial compositor capixaba diretamente
responsável pela explosão da Jovem Guarda. Sampaio
subiu ao palco completamente embriagado, repetindo ao microfone
várias vezes os versos de Namoradinha de um Amigo Meu,
sucesso na voz de Roberto Carlos. Xangai o expulsou do palco aos
berros e decidiu que só voltaria a falar com o amigo, caso
ele parasse com a bebida.
A ameaça
deu certo e Sampaio largou o álcool. A abstinência
não evitou, no entanto, seu falecimento dois anos depois,
por uma crise de pancreatite crônica decorrente dos
excessos cometidos ao longo dos 47 anos da vida.
Rodrigo
Moreira apresenta um documento precioso para a memória artística,
em linguagem despretensiosa. Na condição de escritor
estreante e fã assumido de Sampaio, o autor só desliza
em alguns relatos apaixonados demais. Mas o que importa é
a contribuição do livro para eternizar a obra de Sampaio
coisa que o mercado fonográfico não fez.
Eternizando
Sérgio Sampaio
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