Bang Bang é uma novela
na contramão. Este termo é o que melhor explica
a trama de Mario Prata, lançada com promissores 37
pontos de audiência na segunda-feira 3 e que caiu
para 31 durante a semana. A possível estranheza causada
nos telespectadores que trocaram de canal no decorrer dos
primeiros capítulos é justificável.
Bang Bang não se parece em nada com o que
se tem visto em teledramaturgia. Os recentes sucessos de
público têm o pé fincado nas premissas
do folhetim clássico e por mais que Bang Bang
traga mocinhos e bandidos, muitas vezes ela nem parece
uma novela.
Com um elenco recheado de atores que, na verdade, não
são atores – leia-se Fernanda Lima (quase convincente),
Paulo Miklos, Sidney Magal, Luís Melodia –,
desperta curiosidade pela proposta arriscada. Com diálogos
rápidos e cheios de intertextos que desafiam a inteligência
do telespectador, Bang Bang usa imagens de desenho
animado, apresenta uma trilha basicamente incidental e não
faz piada pela piada. Em época de campanha desarmamentista,
Bang Bang mostra arma de fogo, gente bebendo e
fumando e peca ao procurar um público indefinido.
É muito cabeça para ganhar as crianças,
faroeste demais para as mulheres e vai ao ar em um horário
tradicionalmente pouco visto pelos homens. Bang Bang
está na contramão e, se encontrar uma fórmula
que equilibre todas essas ousadias, pode até se transformar
em um marco. Aposta de risco
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