O olhar lacrimejante que Caco Ciocler
empresta ao personagem Ed de América
é seu. O tom baixo e a serenidade da voz também.
“Tudo nele é meu”, admite. “Ed
desenvolveu minha musculatura do racional, da timidez,
da doçura, da correção, da angústia.
Tenho tudo isso.” Foi esse conjunto que o transformou
no mais novo galã do horário nobre. Um
galã diferente dos outros. Ed não faz
o tipo sedutor, não tem a dureza da alma masculina,
tampouco é alto e de olhos azuis. Ed é
Caco na mais pura forma e espírito. “Geralmente,
os galãs que exercem esse papel são heróicos
e felizes”, observa. “Pensei que seria legal
humanizar essa figura.”
O galã pós-moderno arrebatou os corações
femininos e fez de Ed o par preferido dos telespectadores
para ser feliz ao lado de Deborah Secco (a protagonista
Sol). Com o sucesso, Caco não tem mais conseguido
realizar uma das maiores satisfações:
passar despercebido. “Está meio difícil”,
sorri. Experimenta o assédio de telespectadoras
de todas as idades – a maioria na faixa dos
50, 60 anos. “Acho que sou o genro que elas
gostariam de ter”, brinca.
Caco nasceu Carlos Alberto Ciocler no berço
de uma tradicional família judia de classe
média de São Paulo. Sempre identificou
dentro de si a vocação para ator, mas
custou a admiti-la. Cursou quatro anos de engenharia
química, enquanto divertia-se com o teatro
amador. Antes de terminar a faculdade, o teatro amador
virou profissional – e Caco tornou-se ator sem
nunca se formar engenheiro. Nunca mais parou de trabalhar.
Até o Ed de América sua maior
vitrine era o cinema. Conta seis novelas e duas minisséries,
mas só nos últimos cinco anos figurou
no elenco de 12 filmes – O Xangô de
Baker Street, Bicho de Sete Cabeças,
Quase Dois Irmãos, Desmundo
e Olga, entre outros. Neste último,
foi Luiz Carlos Prestes em uma interpretação
louvável ao lado de Camila Morgado. “Caco
é um ator que se aprofunda muito em seus personagens”,
elogia a atriz, que contracena com ele também
em América. “Tem uma sensibilidade
apurada, é muito bem-humorado e um grande amigo.”
Desde que começou a gravar América,
vive sozinho em um flat na Barra da Tijuca. Expressa
sinceridade desconcertante ao revelar como lida com
a vida doméstica: “Muito mal. Minha casa
não tem nada. Não lido com a vida doméstica.
Ela é que lida comigo”. Sua casa de verdade
está em São Paulo. É para lá
que voa pelo menos uma vez por semana. Além
da família, vivem na cidade a namorada, Vanessa,
estudante de artes cênicas, e o filho, Bruno,
de 8 anos, da relação de dois anos e
meio com a atriz Lavínia Lorenzon. Os 33 anos
de vida de Caco Ciocler concederam-lhe diretrizes
muito claras sobre os tipos de relações
a ser vividas. Para Bruno deseja a liberdade emocional.
“Tento criá-lo para o mundo, para que
seja independente”, diz. Para a próxima
esposa – “casar e planejar um filho é
um projeto de vida”, assume –, vislumbra
uma companheira, acima de tudo, com senso de humor.
“Se você não se diverte com quem
você está, chega uma hora em que a relação
não se sustenta.”  |