Biografia
Memórias
da banheira
Luiza Ambiel, ex-garota da Banheira do Gugu,
diz em livro que Jô Soares pediu-lhe para afogá-lo
e que Marcelo de Nóbrega, do SBT, tirou seu biquíni
Rodrigo Cardoso
Foto: Edu
Lopes |
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Muito antes
de ir ao ar em rede nacional e provocar gemidos em marmanjos e adolescentes,
os atributos físicos da modelo Luiza Ambiel já se
destacavam na roda de amigos de Barra Mansa, no interior do Rio.
Chamavam-na de Branca de Neve, girafa e saúva. O primeiro,
por causa da pele clara; girafa, pela estatura (1,76m), e o último
deve-se ao tamanho do bumbum (98cm). Luiza torcia o nariz para Branca
de Neve. Mas o saúva, apelido com o qual menos se importava,
a tirou do anonimato.
Lançada
para a fama em 1994, a saúva da turma transformou-se na garota
da banheira que, "coberta" por um minúsculo biquíni,
atracava-se com celebridades dentro de um tanque cheio de água
e sabonete, no programa de Gugu Liberato, no SBT. Foi então
que o Brasil confirmou que os amigos da moça enxergaram bem,
mas cometeram um pequeno engano. A saúva (uma formiga macho),
na verdade, era uma tanajura (nome da fêmea, popularmente
definida por "mulher de cintura fina e quadris muito desenvolvidos").
Agora, aos 25 anos, Luiza está completando dois anos longe
da banheira que a fez símbolo sexual, e promete apresentar
algumas surpresas. Na sexta-feira 14, estreou, em São Paulo,
na peça Uma por Todas e Salve-se Quem Puder, dirigida por
Nicole Puzzi. É seu primeiro trabalho como atriz. "Faço
a Duane, uma maria-vai-com-as-outras meio louquinha", define
ela. Seu grande trunfo, porém, será o lançamento
do livro As Banheiras de Luiza Ambiel, previsto para março.
"Vou contar quem foi o artista mais engraçadinho, quem
me cantou, quem me passou a mão, quem é chato e quem
é bacana", diz. "Sei que vou precisar de um advogado
depois." O "afogamento" de Jô Soares será
descrito no livro. Luiza lembra que, pela admiração
ao humorista, não iria segurá-lo, como fazia sempre.
"Mas eu vi que ele queria. O Jô me falava: 'Mas e aí,
e aí!?' Afoguei o homem e ele gostou." Luiza lembra
que, em volta da banheira, as pessoas gritavam: "Ela vai matá-lo.
Tira ela!".
Com poucos dias
de SBT, Luiza logo viu que a banheira seria sua vitrine. Por três
anos, ela fez shows com o tal tanque Brasil afora. Cobrava, no mínimo,
R$ 4 mil para armar seu circo e se banhar com dois felizardos. Luiza
se apresentou até no Japão. Num evento, chegou a entrar
na banheira sete vezes por dia, durante onze dias seguidos. De seus
banhos, emergiram uma chácara, um automóvel, um apartamento
e uma casa para os pais. Ao deixar o SBT, Luiza diz que ficou mais
conhecida: "Lá, não falava. Só afogava."
E como era difícil controlar os impulsos da moça.
A produção do programa pedia aos convidados para não
fazerem gracinhas com a modelo. "Se colocassem a mão
em mim, a coisa ficava feia", confirma ela. Foi o que aconteceu
com o diretor do A Praça é Nossa, Marcelo de Nóbrega,
35 anos. Segundo Luiza, Marcelo desamarrou seu biquíni. E
a moça virou macho quando viu a micropeça boiando
na água. Enquanto Gugu pedia calma, Luiza gritava que iria
matar Marcelo. "Dei um soco e um chute nele e quase fui despedida",
conta. Marcelo diz que, antes de entrar na banheira, cochichou a
Luiza: "Pega leve. Vamos fazer uma brincadeira. Eu sou o artista
que deve aparecer." Luiza se enervou com a "ousadia"
de Marcelo. "Ela me fez engolir água e não conseguia
respirar", conta o diretor. "Reagi. Não apanho
da minha mulher, por que iria apanhar dela?" Da turma dos arrogantes,
ela destaca Fernando Pires, irmão de Alexandre Pires, do
grupo Só Pra Contrariar: "Explicava a brincadeira, mas
ele não dava atenção."
Em 1998, Luiza
cansou-se de "tomar banho de banheira" profissionalmente.
Ao retornar de férias, comunicou à direção
de Gugu que estava farta de ser chamada de garota da bacia pela
rua. "Aquilo que eu fazia não tinha nada de talento."
Com o corpo à mostra todos os domingos, as cantadas partiam
de todos os lados. Ela diz que o homem é mais discreto e
a mulher, mais abusada. "Mulheres famosas pediam para me tocar,
me beijar", conta. Certa vez, caminhando pelo estacionamento
do SBT, foi surpreendida por uma adolescente que a agarrou pelas
costas. Os fãs do sexo oposto agiam diferente. Um empresário
paulista ofereceu R$ 70 mil só para olhar Luiza nua na banheira
da casa dele. "Meu irmão perguntou se poderia ir no
meu lugar", diz ela.
Luiza
começou a trabalhar aos 9 anos como babá. Deu duro
na linha de produção de uma fábrica de tecelagem,
em escritório de contabilidade, numa confecção
e como esteticista. Quando tinha tempo, brincava de carrinho de
rolimã com os garotos. "Dizia a eles que um dia trabalharia
na tevê", lembra. Acertou quem apostou na saúva.
Hoje, a ex-garota da banheira faz aulas de canto e diz que, em março,
lançará um disco dance. Quer fazer sucesso com uma
música de Rita Lee, cujos versos parecem nostálgicos:
"Que tal nós dois numa banheira de espuma...".
Luciane
André (Produção), Lúcia Webb (Make up);
Agradecimentos: Studio A, Ana Brasil e Any Any
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