Livros - Foco
Heróis
anônimos do Brasil
Coleções trazem para o grande
público os personagens quase desconhecidos que fizeram a
história do País
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Livros que resgatam
a história do Brasil com propriedade são sempre bem-vindos,
especialmente quando os heróis são praticamente anônimos
ao grande público. Para o jornalista e cientista político
Jorge Caldeira, autor de Mauá: Empresário do Império,
se o brasileiro é, de fato, um povo sem memória, isso
se deve à falta de informação. "As pessoas
acham que o País é mixo e dono de uma economia pobrinha,
mas essas são idéias erradas", diz ele. Para
promover o autoconhecimento, Jorge Caldeira encabeça a direção
da coleção Formadores do Brasil, da Editora 34, composta,
a princípio, por oito volumes com os principais pensadores
do Brasil, entre os séculos 18 e 19. Anotações
de rodapé, bibliografias, ilustrações e documentos
de época dão o respaldo técnico e textos assinados
pelos próprios personagens são o diferencial. Cerca
de 90% dos livros são discursos, publicações
e cartas escritos pelos próprios pensadores.
A personalidade
menos explorada pela historiografia nacional é o padre liberal
radical Diogo Antônio Feijó, vencedor da única
eleição nacional do século 19. "Talvez
os melhores aspectos da nossa política sejam herança
dele", diz Caldeira, que assina a introdução
e organização de Diogo Antônio Feijó
(357 págs., R$ 33).O regente Feijó inaugura a coleção
juntamente com Bernardo Pereira de Vasconcelos, de José Murilo
de Carvalho (269 págs., R$ 29). Ambos foram homens públicos
influentes que divergiam em relação à condição
dos escravos. Pereira de Vasconcelos, líder da oposição
a dom Pedro I, defendia a escravidão. Feijó, que combateu
o tráfico negreiro enquanto esteve no poder, deixou em seu
testamento a liberdade para os escravos de sua propriedade. O próximo
título da coleção sai em maio e traz José
Bonifácio.
(Gabriela Mellão)
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