Revelado
em 1972, ao dividir com Milton Nascimento os créditos
do antológico álbum duplo Clube da Esquina,
Lô Borges gravou regularmente até a primeira
metade dos anos 80. Alijado das paradas por conta da explosão
do rock brasileiro, o compositor mineiro passou a fazer
discos esparsos, alguns com repertório retrospectivo,
caso de seu último CD, Feira Moderna. Mas
a parceria com Samuel Rosa, vocalista do Skank, deu novo
fôlego à carreira de Lô. Ainda no embalo
do estouro de “Dois Rios”, atual hit do grupo
mineiro, o cantor está lançando Um Dia
e Meio, o primeiro trabalho de inéditas desde
Meu Filme, de 1996.
Produzido por Tom Capone (o mesmo de Maria Rita), o CD é
o mais pop do cantor, e não só porque o tecladista
do Skank, Henrique Portugal, toca em seis das 12 faixas.
Um Dia e Meio tem instrumental mais atual. Mas, em
essência, o som de Lô ainda parte de canções
compostas no violão, com ecos de Beatles. Lô
apresenta boa safra de inéditas – com destaque
para “Tudo em Cores pra Você” e “Sonho
Novo” – e parcerias com Arnaldo Antunes (em
“Por Que Não?”, de melodia quase experimental)
e Tom Zé (inspirado na letra de “Açúcar
Sugar”).
Lô não é um cantor especialmente sedutor.
Sua versão de “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor”
fica aquém da gravação
de Milton Nascimento. Mas o artista passa pureza, artigo
raro no mercado. Numa esquina mais pop
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