Embalado
pela música do cubano Felo Bergaza, que nos anos
50 desconstruía composições famosas
em arranjos que intitulava “Desarreglos”, o
curador Gerardo Mosquera concebeu o Panorama de Arte
Brasileira (Desarrumado). Organizado pelo MAM-SP há
34 anos, o Panorama é, depois da Bienal de São
Paulo, a exposição periódica mais antiga
do País. Esta é a primeira vez que o evento
tem uma curadoria estrangeira, que introduziu diversos “comentários
irônicos”. Um deles é a presença
de três artistas estrangeiros, o que dá à
mostra um caráter “anti-panorama” nacional.
“Em vez de fazer uma panorâmica, fiz uma exposição
com um conceito que possa se sustentar por si mesmo”,
diz o cubano Gerardo Mosquera, curador-adjunto do New Museum
of Contemporary Art, de Nova York. “Ao incluir os
estrangeiros, estou sublinhando a vocação
internacional da arte brasileira.” O conceito que,
segundo ele, unifica 16 brasileiros, um belga, um argentino
e uma chinesa é o impulso por desconstruir estruturas
pré-existentes. Mais ou menos a mesma coisa que ele
está fazendo, ao mexer com a estrutura do 28º
Panorama. Para isso, reuniu 19 formas de “desarranjos”.
Os gaúchos Lucas Levitan e Jailton Moreira produziram
capas de CDs falsos, que serão distribuídos
na loja do MAM e em loja de discos da cidade. Nelas, criaram
ficções, como Tom Waits tocando Kurt Weil.
Outro caso bizarro de desarranjo é a parede de azulejos
da carioca Adriana Varejão. Falsa assepsia: todos
ilustram plantas usadas como drogas. “A inclusão
de Leonilson, morto há dez anos, é outro comentário
irônico e mostra que sua obra ainda está viva,
com um potencial que não foi completamente visto”,
diz Mosquera. O partido da desordem
MAM-SP
– Parque do Ibirapuera, portão 3
tel. (11) 5549-9688. Até 30/11.
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