Depois de uma temporada carioca, Tonia Carrero encena em
São Paulo a peça A Visita da Velha Senhora,
comédia trágica escrita pelo suíço
Friedrich Durrenmatt em 1956. A atriz interpreta a protagonista,
Clara Zahanassian, que retorna à cidade natal para
acertar as contas com o passado. O papel, que na década
de 60 foi de Cacilda Becker e de Ingrid
Bergman no cinema, marca os 80 anos de vida de Tonia
Carrero e mais de meio século de carreira da atriz.
Essa
é a segunda vez que esse papel é oferecido
a você. Como foi o primeiro convite e por que não
aceitou?
Eu tinha a minha companhia de teatro com o Adolfo Celi e
o Paulo Autran, mas nós éramos poucas pessoas,
e a peça precisava de um elenco grande. Era um sonho
do Celi dirigir
essa peça, e virou um sonho para mim fazê-la.
Mas, na épo-
ca, eu tinha 32 anos e disse a ele que eu era muito nova,
a peça era muito difícil para mim.
Celebrar
80 anos de forma ativa é certamente um privilégio
de poucos. Como se sente no palco hoje?
Eu realmente mereço esse elogio.
Quando cheguei a São
Paulo, peguei uma pneumonia e fiquei de cama durante dois
dias. Agora estou bem, mas no final de semana só
saí para
fazer radiografias. Se você se cuida e cuida do que
você
faz, se faz com paixão, a vida é longa.
Em
que nível a idade limita a sua carreira?
A tevê me ignorou depois que
eu fiz 60 anos. Pela idade,
eu não podia mais fazer o papel principal. Isso é
uma
besteira, pois ainda posso fazer muita coisa vibrante.
Sérgio
Cardoso
R. Rui Barbosa, 153,
Bela Vista, tel. (11) 288-0136
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