Radicada
em Nova York, a cantora paulista Luciana Souza tinha pouca
(ou nenhuma) projeção no Brasil até
ser indicada ao Grammy 2003 por seu último CD, Brazilian
Duos, em que cantava apenas música brasileira.
O mercado nacional descobriu Luciana a ponto de seu novo
disco, Norte e Sul, estar sendo lançado quase
simultaneamente aqui e no Exterior. O álbum procura
refazer a ponte entre o jazz e a MPB. O título alude
aos hemisférios, o Norte representado pelo jazz dos
Estados Unidos e o Sul pela música brasileira, especialmente
pela bossa nova.
A fusão pende para o jazz. Norte e Sul é
um álbum de sotaque essencialmente jazzístico,
sem o apelo pop inserido no gênero por cantoras como
Norah Jones e Diana Krall. Isso fica evidente na recriação
de “Chega de Saudade”, com os improvisos do
pianista Edward Simon. A batida música ganha frescor
inusitado, com a mesma roupagem classuda com que Luciana
veste “Corcovado” (outro clássico de
Tom Jobim popular nos EUA) e “Se É Tarde me
Perdoa”, obra-prima de Carlos Lyra.
O restante do repertório é cantado em inglês,
reunindo standards da canção americana,
como “All of Me”, e temas de autoria da própria
artista, caso de “I Shall Wait”. Se Brazilian
Duos era um disco centrado em violões, Norte
e Sul prioriza os pianos, com sonoridade sofisticada
que evoca álbuns das melhores divas do jazz. Nasce
uma estrela do jazz
|