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“Todo
mundo diz isso, me sinto lisonjeada. Ela é linda e faz
comédias românticas como nenhuma outra. Mas, se
eu tiver que citar uma atriz, não será ela”,
diz Francisca, sobre a semelhança com Julia Roberts |
Ela tinha
tudo para emplacar uma bem-sucedida carreira como modelo. Alta (tem
1,78 metro), bela, de olhar expressivo e corpo esguio, Francisca Queiroz
é como um diamante já lapidado aos olhos dos bookers
de agências. Mas, embora tenha vivido o seu momento top model,
nunca
se entusiasmou com a profissão dos sonhos de nove entre dez
meninas das gerações pós-supermodels. “É
muito cruel. Várias meninas lindas, todas sentadas, e uma pessoa
olhando, verificando se você está dentro dos padrões.
Ou então você está fora. Como atriz, posso acrescentar,
fazer aulas de canto, estudar, ler”, justifica a atriz de 23
anos, que faz sucesso
no papel da irrequieta Sol na novela Agora É
Que São Elas, da Rede Globo.
Francisca
Queiroz “habitou” o mundo fashion entre os 16
e 18 anos de idade, após ser descoberta no teatro amador.
Logo no primeiro teste em uma agência foi convidada para trabalhar
no Japão e na Coréia. “Durante a viagem, já
dentro do avião, foi que realmente prestei atenção
em como a Francisca estava magra. Tive vontade de chorar. Era uma
exigência que ela tinha de cumprir na época, mas me
cortava o coração”, revela a mãe, Eneida,
que partiu junto com a filha para a Ásia. “Fiquei o
primeiro mês com ela. Francisca era muito menina, e a gente
ouvia falar muito em prostituição e tráfico
de mulheres”, afirma. “Mas o trabalho era seguro, e
o ambiente, familiar. Eu ia quase diariamente à agência.”
No
dia em que Eneida foi embora, Francisca chorou no banheiro do aeroporto,
insegura quanto a seus próximos passos longe da mãe.
Em quase dois anos de trabalhos no
Oriente, aprendeu a ser disciplinada e responsável. Pessoalmente,
foi uma fase de crescimento. “De repente me vi do outro lado
do mundo. Foi ali que realmente cortei o cordão umbilical”,
diz a atriz.
Quando
voltou definitivamente ao Brasil, Francisca carregava consigo a
certeza de que
não queria passar a vida longe de casa e entre flashes e
passarelas. Descartou as propostas de retornar ao Japão e
retomou o caminho do teatro. Natural de Campinas, ela começou
a estudar interpretação aos 14 anos e aos 16 mudou-se
para São Paulo para atuar em peças na capital. O pai,
empresário, e a mãe, advogada, consentiram. “Sabia
que o trabalho como modelo era passageiro. Quando entrava no palco,
sentia que estava no lugar certo.” Aos 19 anos, decidida a
ser atriz, fez a oficina de atores da Globo. Convidada para fazer
Os Maias, interpretou Ana, uma amante de Carlos Maia, papel
de Fábio Assunção. “Foi uma estréia
com o pé direito. Fiquei mais de dois meses estudando Eça
de Queirós, o elenco era estelar e pude conhecer Portugal”,
afirma.
Agora
É Que São Elas é a segunda novela de Francisca
– a primeira foi Roda da Vida,
a última produzida pela Record. A semelhança com a
estrela de Hollywood Julia Roberts
não passou despercebida pelo público. “Todo
mundo diz isso, me sinto lisonjeada. Ela é linda e faz comédias
românticas como nenhuma outra. Mas, se eu tiver que citar
uma
atriz, não será ela.” Com o decorrer da trama,
Francisca mostrou que seus talentos vão além do poder
de monopolizar os olhares masculinos com seu charme e beleza. Diz
que os diretores a deixam à vontade para experimentar nas
cenas e sente-se privilegiada por contracenar com atores experientes
como Miguel Falabella, Marisa Orth e Yoná Magalhães.
“Às vezes fico meio perdida. Olhar no olho da Yoná
e falar um texto é como um sonho”, empolga-se, sem
vergonha de passar por tiete. “Qual é a graça
de ter admiração por uma pessoa e não externar
esse sentimento?” Yoná retribui: “Há cumplicidade,
uma troca. E também aprendo muito com ela”.
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