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Sede
do SBT na Anhangüera
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O destino
das ações do SBT estiveram em discussão
com o empresário José Bonifácio de Oliveira
Sobrinho,
o Boni, duas vezes. A primeira em dezembro de 2001,
quando Boni ainda era contratado como consultor da
Globo. Silvio Santos queria tê-lo no comando da pro-
gramação da emissora, por isso lhe fez uma oferta:
–
Eu te vendo 10% das ações, faço uma cláusula
de
proteção de acionista minoritário, você
toma conta de
tudo, assume o comando da empresa e eu me conside-
ro um contratado – propôs Silvio.
–
Tenho uma admiração muito grande por você e
quero que você continue. Eu só compro a maioria –
respondeu Boni.
–
Faça uma oferta – sugeriu Silvio.
–
Não, isso eu não vou fazer. Você me diz um preço
e vou ver o que posso fazer. Não tenho dinheiro, tenho que
arranjar investidores. Você me faz um preço.
Como
Silvio disse que não tinha um preço a dar, a conversa
terminou ali. Boni não quis fazer uma oferta para não
fechar de vez o canal de negociação. “Se digo
um preço e ele acha pouco, não tenho o que fazer.
Ele não quis fazer um preço e me disse que aguarda
uma oferta. Essa oferta não vai acontecer”, afirma.
Boni ainda estava ligado à Globo, mas ele e Silvio assinaram
uma carta de intenções, pois havia a possibilidade
de a emissora carioca liberá-lo.
Nessa
carta, ficou expresso que Boni tentaria uma liberação
amigável da Globo e que Silvio não poderia esperar o
final do contrato dele, expirado em janeiro passado. Boni não
foi liberado e Silvio não quis correr o risco de pagar a multa
rescisória e responder a processo – o contrato com a
Globo previa, além de multa, ação de perdas e
danos. “Ele me disse que não poderia correr esse risco
e acho que tinha razão. Havia o desejo dele, havia o desejo
meu, mas faltou oportunidade”, diz Boni.
No
início do ano, o empresário carioca encaminhou uma
carta para Silvio Santos dizendo que se ele tivesse interesse em
retomar a conversa que o procurasse. O dono do SBT lhe disse que
não voltaria a conversar se não existisse uma oferta.
Silvio insiste nesse ponto, mas nesses termos a negociação
não interessa ao ex-consultor da Globo. “Esse assunto
morreu”, diz Boni.
Com
a Televisa, as conversas também nunca chegaram em números.
A empresa mexicana é antiga parceira do SBT, que compra programas
e novelas da emissora. É o maior grupo de meios de comunicação
em língua espanhola do mundo e detém 74% da audiência
do México com suas quatro cadeias de televisão. Cobre
o mercado hispânico dos Estados Unidos com a Univision e distribui
programação no mundo todo. Também possui a
maior editora de revistas em espanhol do planeta, com mais de 50
títulos distribuídos em 18 países. Seus ativos
valem US$ 5,3 bilhões.
O
“anúncio” de que Sílvio Santos teria vendido
metade do SBT por R$ 1 bilhão para a Televisa gerou declarações
contraditórias da emissora. Na quinta-feira 10, o porta-voz
Manuel Compean disse que a rede avaliava a possibilidade de negócio,
mas sem avanços significativos. As ações da
empresa caíram quase 3% na bolsa de Nova York durante o pregão
e fecharam em queda de 0,78%. No dia seguinte, num comunicado oficial,
a Televisa negou qualquer negociação.
Em
abril de 2001, a Televisa e o SBT estreitaram as relações.
A emissora mexicana passou a ter prioridade na compra do SBT até
dezembro de 2006, limitada a 30% da empresa, de acordo com a lei
que regulamenta a participação do capital estrangeiro
nas empresas de comunicação no Brasil. “O SBT
está em ótimas condições, não
tem dívidas, tem receita coerente com as despesas e tem investido
em programação”, diz Guilherme Stoliar, superintendente
comercial da emissora. A nota da Televisa, porém, informa
que a empresa não pensa em exercer essa opção
por enquanto.
É
complicado avaliar o valor de uma emissora de tevê. Segundo
Daniel Barbará, diretor comercial da agência de publicidade
DPZ e especialista em mídia, o SBT é uma concessão
do governo que, em tese, pode ser cassada. “Do ponto de vista
econômico, vale 15 vezes o lucro médio dos últimos
três anos, ou seja, R$ 3,5 bilhões”, diz ele.
O lucro médio foi de R$ 230 milhões. O preço
também depende de as afiliadas acompanharem a mudança.
O SBT dispõe de uma rede de 113 emissoras, das quais 9 próprias
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