 |
Daniela
Mercury recebe convidados internacionais e mescla batucada
baiana com funk, samba, rock e pop em Eletrodoméstico |
Daniela
Mercury errou ao camuflar as origens baianas em seu disco
anterior, Sou de Qualquer Lugar. O CD somente não
passou em brancas nuvens porque a releitura eletrônica
de “Mutante”, sucesso de Rita Lee, tocou razoavelmente
na noite e na novela Desejos de Mulher. Mas a cantora
pareceu perdida e cogitou até fazer disco com repertório
de Elis Regina. Coube a Nelson Motta reconduzir Daniela
à Bahia, onde ela gravou em janeiro o CD MTV ao
Vivo – Eletrodoméstico.
Escaldada, Daniela voltou a valorizar o baticum afro-brasileiro
do samba-reggae, mas, ousada, não se limitou ao ritmo
hipnótico da axé music. A cantora apostou
na globalização de seu som e, para tal, recrutou
estelar time de convidados internacionais, que inclui a
cantora portuguesa Dulce Pontes (afinada convidada da regravação
de “Milagres do Povo”, de Caetano Veloso), a
intérprete espanhola Rosario Flores (a toureira do
filme Fale com Ela canta “Riqueza”, de
Carlinhos Brown) e o DJ italiano Lorenzo Jovanotti, que
agrega elementos de hip-hop a “Ive Brussel”,
de Jorge Ben Jor.
Daniela combina a batucada baiana com elementos de funk,
samba, rap e pop – com resultado irregular. Os destaques
são “Temporada das Flores” (pop de Leoni),
“Umbigo do Mundo” (versão de rap lançado
por Jovanotti em 1992), “Nossa Gente” (hit do
Olodum recriado com intervenções de rap) e
a calorosa regravação do samba-reggae “Ilê
Pérola Negra”. Prova de que Daniela não
precisa sair da Bahia para ser do mundo.
Axé internacional
|