Quem
aprecia e costuma encontrar nas prateleiras os versos de
Ferreira Gullar talvez não tenha tido a oportunidade
de conhecer as críticas sobre artes plásticas
que o poeta maranhense radicado no Rio assina há
quase 50 anos. Com Relâmpagos – Dizer o Ver
(Cosac & Naify, 176 págs., R$ 89) é possível
a todos ter contato com esse lado ensaístico de sua
literatura.
O volume, recém-lançado, reúne 48 textos,
a maioria inédita, que abrangem a história
da arte brasileira e mundial. Gullar,
que redigiu o Manifesto Neoconcreto (1959) –
o movimento neoconcretista foi uma reação
carioca ao concretismo paulista – analisa todos os
grandes mestres, como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Picasso,
Matisse, Rembrandt, Rodin, Cézanne, Renoir, Van Gogh
e muitos outros, como os brasileiros Siron Franco, Arcângelo
Ianelli, Lygia Clark e Hélio Oiticica.
Conhecido por seu caráter conservador, Gullar sempre
pegou pesado com a arte conceitual e as chamadas “instalações”.
Mesmo assim, em nenhum momento, larga o caráter poético
e, várias vezes, faz análises em forma de
poesia.
Em Relâmpagos, cada crítica vem acompanhada
da imagem
da obra analisada, resultando num livro ricamente ilustrado
e, por isso, mais caro que a média.
|