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28/01/2002
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EXCLUSIVO
NANCY RIBEIRO
“Altair tem 16 filhos extraconjugais. Por que não pega um desses
pra criar?”
Luís
Edmundo Araújo
Kiko
Cabral |
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Cássia
Eller com a mãe Nancy |
Nancy
Ribeiro, mãe de Cássia Eller, rompe silêncio
e pela primeira vez fala da morte da filha e da decisão de
seu ex-marido de pedir a guarda do neto. Ela tem 59 anos, mora em
Belo Horizonte, é gerente administrativa de uma clínica
e ainda não voltou ao trabalho desde que Cássia morreu.
Está separada de Altair Eller há 17 anos.
Com
quem seu neto deve ficar?
Com a Eugênia, claro. Ele saiu do ventre da Cássia
e foi para os braços da Eugênia. Eram duas mães.
A Cássia ainda fazia mais o papel de pai, viajava muito.
As questões do dia-a-dia da criança, de levar na escola,
etc., ficavam por conta da Eugênia. Ela sempre foi a mãe
na prática, só não amamentava.
Em
algum momento a senhora pensou em pedir a guarda do Chicão?
Não. Me lembro que no aniversário de dois anos
dele cheguei a conversar com a Cássia sobre isso. Disse que
se alguma coisa acontecesse com ela, nunca teria coragem de tirar
o Chicão da Eugênia. Ela se surpreendeu porque sabia
que eu sempre fui superprotetora. Mas passei a pensar com a razão.
Se fosse pelo coração já estaria com meu neto,
mas pela razão o melhor é ele ficar com a Eugênia.
A Eugênia usa drogas?
Não. Se ela é usuária de drogas, eu também
sou e toda a minha família. Conheço a Eugênia
e a família dela há anos e afirmo isso com certeza
absoluta.
Cássia consumia drogas na frente do Chicão?
Isso é outro absurdo. A Cássia protegia aquela
criança ao máximo. Nunca iria fazer uma coisa dessas.
Eu e as irmãs dela estávamos sempre indo ao Rio visitá-la
e nunca vimos nada disso.
Acredita que o pai da Cássia esteja nessa briga por dinheiro?
Prefiro não falar porque sou a ex e qualquer coisa que
disser poderão levar para o lado pessoal. Mas basta que alguém
faça um levantamento da vida pregressa dele pra saber quem
ele é. Fui casada 23 anos e cansei de sair de madrugada de
um apartamento porque o aluguel estava atrasado. Ele tem 16 filhos
extraconjugais. Por que não pega um desses pra criar? Ele
só ligava pra Cássia pra pedir dinheiro. Fazia chantagem
emocional dizendo que estava sendo pressionado por agiotas, essas
coisas.
Quem
deve administrar os bens de Cássia?
A Eugênia, claro. Elas eram um casal. O único
bem da minha filha é o apartamento onde ela morava, e a Eugênia
já falou que o imóvel é do Chicão. Ela
não quer nada. Ela é uma criatura pura, doce. É
como se fosse uma filha pra mim.
Como está o Chicão nesses dias?
Ele está em pânico com a possibilidade de perder
a Eugênia. Chora muito. Mistura a saudade da mãe com
esse temor, e isso não é fácil para uma criança
de oito anos. Quando eu e Eugênia fomos ao cartório
em Brasília, para que eu fizesse a procuração
em favor dela, ele quis saber onde estávamos indo. A Eugênia
explicou a situação e disse que o avô estava
querendo ficar com ele. Ele ficou apavorado e dizia: Não,
com meu avô não.
Acredita que Cássia morreu de overdose?
Todo mundo sabe que não foi overdose. Ela chegou andando
na clínica, ainda correu, discutiu com o médico, antes
tinha ido à praia. A causa eu não sei. Estou esperando
o laudo porque é prematuro dizer qualquer coisa agora. Só
sei que não foi overdose.
A saúde da Cássia preocupava a senhora?
Ela teve febre reumática com 4 anos. Tomou Bezetacil
durante 22 anos. Mãe é sempre preocupada e eu sou
ainda mais.
Esperava que pudesse acontecer algo de grave com ela?
Não. Ela tinha 39 anos. Como podia pensar no pior? Ela
amava a vida, o filho. Não ia fazer besteira pra perder tudo
isso. Minha maior mágoa é não ter podido velar
minha filha em paz. Só queria que as pessoas conhecessem
a minha Cassinha, não a estrela. Aquela menina que sempre
acordava sorrindo, nunca brigava, de coração aberto.
Como a senhora está se sentindo?
Posso dizer que 80% da minha vida estão no (cemitério)
Jardim da Saudade. Seria assim com qualquer filho. É um pedaço
de mim que ficou lá. Não estou falando da estrela
que morreu. Estou falando da minha filha.
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