14/01/2002

JUSTIÇA

Uma decisão inédita - continuação

Silvana Garzaro

“Ele só liga para pedir alguma coisa, não liga no aniversário de ninguém. Fazia cinco anos que eu não o via”, diz Priscila Eller, sobrinha de Cássia, sobre o avô

Chicão sabe da guarda A guarda provisória só será revista se a família ou um promotor público do Rio decidir impugnar a decisão. “O promotor, como fiscal dos direitos da criança, pode não achar apropriado a companheira de Cássia ficar com o menino por algum motivo, seja por dependência de drogas, promiscuidade. Mas não parece ser esse o caso”, diz a advogada Lais Amaral de Andrade, especialista em direito de família. Nancy, mãe de Cássia, abriu mão da tutela do neto em favor da companheira da filha. Segundo amigos, Eugênia deixou o menino a par da polêmica da guarda e do gesto da avó. Segunda-feira 7, Eugênia levou Nancy a um cartório de Brasília para oficializar a decisão. Lá, uma situação inusitada: um fã de Cássia pediu um autógrafo a Eugênia. “Cássia deve estar rindo disso”, comentou com amigos. Eugênia e a cantora pensavam em regularizar a situação desde agosto, quando procuraram o advogado Marcos André Campuzano para saber como garantir a tutela provisória de Chicão para Eugênia quando Cássia estivesse viajando e permanente, em caso de morte. Mas não foram adiante.

Mãe presente Quando retornarem ao Rio, Chicão deve retomar sua rotina, na qual Eugênia era mais presente que Cássia. A diretora Emília dos Santos e a coordenadora Katia Gelusa contam que Eugênia reservava as manhãs antes das aulas para estudar os deveres de casa com o menino. Era ela também quem arrumava a mochila e assinava comunicados do colégio na agenda de Chicão. Nunca faltou às reuniões de pais. “A Cássia era mais recolhida, a Eugênia falava mais nas reuniões”, lembra Emília. Como prova da dedicação de Eugênia a Chicão, a diretora enviou ao advogado Campuzano contratos de renovação dos serviços prestados entre a escola e a família realizados nos dois anos em que Chicão estuda no Ceat. Em ambos, é Eugênia quem assina como a responsável pela criança. “Elas sempre se apresentaram como o casal responsável pelo Chicão”, diz a diretora.

Enquanto Cássia na hora da bronca chamava o filho de Francisco com voz grossa –, Eugênia sempre foi mais delicada. Quando, aos cinco anos, o menino perguntou à mãe como havia nascido, Cássia foi enfática: “Veio um médico, pegou uma faca, abriu a barriga da mamãe e pronto, arrancou você chorando de dentro de mim”, contou. “Eugênia pedia para Cássia não falar assim senão a criança ia achar que a vida era muito violenta”, conta Rúbia, irmã de Cássia. Com o Papai Noel foi a mesma história. Foi Eugênia quem convenceu a durona Cássia a deixar o menino acreditar em Papai Noel. “Pôxa, Cássia, toda criança acredita”, disse. A cantora ouviu, concordou, e contou a história do bom velhinho para o filho.

Colaboraram Rodrigo Cardoso, Edwin Paladino (SP), Eduardo Minc
e Luís Edmundo Araújo (RJ)

Fotos exclusivas de Cássia Eller e do filho Clique nas fotos para ampliá-las

<< anterior

Leia mais

• “Mãe, você não é mulher”
• Amiga suspeitou de cocaína

Comente esta matéria