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23/07/2001
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CAPA
Angélica
depois de soltar os demônios - CONTINUAÇÃO
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Acne
a levou ao divã Deitar no divã do analista uma
vez por semana foi fundamental para essa retomada. As sessões
começaram há quatro anos com o objetivo de pôr
fim aos problemas de acne no rosto depois que um dermatologista
diagnosticou que o problema era emocional. A análise acabou
por jogar luz sobre recantos escondidos da alma. Tinha muitas
perguntas sem resposta, diz ela. Uma delas era saber se conseguia
andar com as próprias pernas. Queria conhecer seus limites.
Sempre teve inúmeras pessoas ao seu redor cuidando e fazendo
tudo por ela. Superprotegida pela família, a apresentadora
hoje acredita que vivia no mundo da fantasia. Achava que nunca
ia morrer e que estava acima do bem e do mal porque estava protegida
de tudo e de todos, conta. Chegou até mesmo a repensar
sua carreira. Queria também entender a solidão que
sentia quando, depois de fazer um show para milhares de fãs,
se encontrava sozinha no quarto de hotel. Chorar de solidão
todo mundo chora um pouco. Mas é complicado quando você
acaba de sair de uma multidão.
As
respostas surgiram após Angélica tomar uma atitude
radical. Conversou com a família e com seu empresário,
Marcos Saraiva, e lhes comunicou que a partir daquele momento desejava
cuidar ela mesma da sua vida. Atendia os telefonemas e a imprensa
pessoalmente. Tomava todas as decisões. A apresentadora diz
que se saiu bem, mas viu que não era a sua praia. Gostava
mesmo era de estar em cima do palco interagindo com o público.
Para as pessoas próximas, era uma insurreição.
Ela concorda em termos: Às vezes sou um pouco rebelde,
mas é uma rebeldia controlada. No fundo, foi uma libertação.
Hoje não consigo mais me imaginar incapaz de alguma
coisa. Conseguiu transformar os momentos de solidão
em experiências positivas. Tenho necessidade de ficar
só, encontro o equilíbrio, diz ela. Quando fica
livre das opiniões dos outros, coloca suas idéias
para funcionar. Aproveita também as duas horas de ginástica
quatro vezes por semana em sua casa para pensar.
Ainda
ouve a opinião de todos que a cercam mas diz o que quer:
Por mais boazinha que você seja, tem que fazer as coisas
por você. Todo mundo tem um lado egoísta pequenininho.
Deixa algumas decisões com os assessores, mas está
se acostumando a tomar a frente. Hoje, 80% da minha vida eu
resolvo e no resto eu prefiro ser comandada. Nesses 20% estão
incluídos os negócios. Ela não gosta. Admite
que erra algumas vezes por acomodação. Até
tem preguiça de ler um contrato. Mas como sabe que será
responsabilizada se algo der errado, pensa duas vezes e encara a
tarefa. Já tive problemas e faço uma força
para estar participando, diz. Ganhou coragem. Há um
ano, viveu momentos conturbados na carreira ao sair de férias
na Globo. Sua participação em Bambuluá
foi reduzida às chamadas de desenhos. Foram oito meses como
coadjuvante. Ela garante que isso não se repetiria hoje:
Agora tenho segurança para falar: Me tirem do
ar.
Também
firma posição ao exigir um programa semanal para o
público infanto-juvenil como reza seu contrato com a Globo.
Acostumada a lidar com adolescentes desde que comandava o musical
Milk Shake na extinta Rede Manchete, a apresentadora quer
resgatar os jovens. Sinto falta de ter um maior contato com
meu público, reclama. Durante quatro meses tentou emplacar
o projeto. A primeira tentativa, frustrada, foi com o diretor Jayme
Monjardim. Eles trabalharam juntos em Milk Shake e o diretor
de Terra Nostra foi convidado pela própria Angélica
para dar formato ao programa. O projeto, que ia mais pela linha
da dramaturgia, não agradou à cúpula da Rede
Globo. Angélica recorreu então a José Bonifácio
Brasil de Oliveira, o Boninho, seu diretor em Angel Mix e
Caça-Talentos por dois anos. Foram idealizados dois
projetos e um deles foi aprovado pela direção da emissora.
Será um programa de variedades que misturará jogos,
entrevistas, temas sociais e musicais. Com a volta de Mário
Lúcio Vaz à direção artística
da Globo, a estréia do programa, prevista para setembro,
foi adiada. Deve entrar na grade somente no início do próximo
ano.
O horário
e o dia da semana ainda são uma incógnita. Há
duas hipóteses: ou entrará depois da novela das oito
em algum dia da semana ou, o que é mais provável,
aos sábados. Angélica não vê problemas
em dividir as tardes com Luciano Huck. Admite que isso até
já foi tema de conversas entre os dois. Os nossos estilos
são diferentes, mas seria o máximo, diz ela.
Entrar na programação dominical é um projeto
distante. Não tenho vontade de estar no domingo ainda,
diz ela. Apesar da empolgação com seu programa semanal,
Angélica quer estar todos os dias na telinha. E diz não
se sentir ameaçada pelo fato de Marlene Mattos, diretora
da Globo, ter entregue à cúpula o projeto de um infantil
para a Xuxa. Tem espaço para as duas, diz. A
opinião é compartilhada pela Rainha dos Baixinhos.
A Xuxa sempre também achou isso, diz Marlene.
Angélica jura que não se importa em dividir o horário
com Xuxa, mesmo que seu tempo no ar seja abreviado. O que a incomoda
é ouvir que são inimigas.
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Angélica
começou a fazer análise
há quatro anos. As sessões semanais acabaram por
jogar luz sobre recantos escondidos da alma. Tinha
muitas perguntas sem resposta,
diz ela. Angélica queria conhecer
seus limites e decidiu tomar a
frente de sua vida e carreira |
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