Be o quê?
O BeOS foi uma experiência de Jean-Louis Gassée, ex-engenheiro chefe da Apple, que queria desenvolver um sistema completamente diferente dos outros, baseados em Unix, DOS ou Mac OS. O BeOS é multitarefa e multiprocessado, com uma sofisticada interface orientada a objetos e não por comandos, como a maioria dos outros sistemas. Na verdade, a idéia da Be era vender o BeOS para a Apple, que no início da década de 90 precisava de um sucessor para o seu sistema que não tinha, e ainda não tem, recursos multitarefa poderosos. Como a Apple não se interessou pelo projeto de Gassée, ele resolveu portar o produto para os Pentiums da Intel. É por isso que agora qualquer usuário de PC pode ter um sistema com cara de Macintosh.
Instalação e execução
Primeiro você vai precisar ter muita paciência. O download tem 42,6 MB. A menos que você seja um dos poucos felizardos a usar uma conexão de banda larga, é melhor usar programas que continuem a fazer o download caso a conexão caia.
Para instalar o Be, você não precisa particionar o seu HD, como acontece com o Linux, mas vale a velha dica de fazer uma desfragmentação antes. Ele apenas exige que você tenha um espaço livre de 500 MB para criar uma área no disco onde possa trabalhar. Instalar o Be é uma das experiências mais incríveis que você pode experimentar: clique no programa instalador, escolha a unidade em que você deseja instalar e em cerca de 5 minutos, dependendo da fragmentação do seu disco, o processo está pronto. O sistema cria um atalho no seu desktop. Clique no atalho e o programa irá desligar o Windows e começará a carregar o BeOS 5.
A interface dele lembra em muitos aspectos a do Mac OS, mas com uma estabilidade melhor. Ele detecta os periféricos e começa a rodar. Uma apresentação em HTML funciona como uma boa ajuda em sua primeira viagem e em pouco tempo você já passa a dominá-lo e a explorar seus recursos, que são extremamente intuitivos.
Estabilidade versus compatibilidade
Então é só instalar o BeOS, ele vai funcionar perfeito e eu vou ser feliz para sempre com ele, né? Nem tanto. A equipe de engenheiros da Be é de cerca de trinta pessoas (que trabalharam duro para deixar esse sistema do jeito que ele é hoje), ao contrário dos milhares de programadores pagos da Microsoft ou fanáticos pelo Linux, e por isso o preço pago foi muito alto: compatibilidade de hardware (vídeo, modem, placas de rede, som, teclado e mouse).
Aí você sente aquela fúria primal, ao descobrir que a sua máquina com vídeo, Winmodem, rede e som onboard tem meia dúzia de conflitos, não entra na Internet, no lugar do cursor aparece um quadradão preto e não sai som de jeito nenhum. E já sai alardeando aos quatro ventos que o sistema é uma bela droga. Calma; para um sistema grátis como ele, o suporte que você recebe ao enviar o seu email é incrivelmente rápido e preciso. Drivers estão sendo criados para aumentar o suporte até no mais obscuro dos Pentiums Xing-Ling. Tá certo que é frustrante ter um sistema e não ter o que rodar nele, mas a experiência de usar vale muito a pena.
A prova dos nove
Agora, se você é um dos sortudos com os quais o sistema está rodando suave, conecte-se e comece a baixar os softwares nos sites que a ajuda indica e aproveite para testar os limites da sua máquina com o Pulse, que acompanha em tempo real o uso do processador. Baixe um Napster; divirta-se ao notar que sua máquina mantém os processos executando com uma latência muito baixa. A velocidade de resposta do BeOS é sensacional, e quando ele atinge o limite do processador, em poucos segundos se organiza e continua a mostrar ao que veio. É um sistema muito limpo e muito estável. Tentamos fazer o bichinho travar de todas as maneiras. Fizemos o computador rodar uma demostração de OpenGL ao mesmo tempo em que formatávamos um disquete, rodando também um simulador de vôo espacial cheio de estrelas, nuvens e cometas. Arrastamos janelas de um canto ao outro enquanto o redesenho das animações prosseguia sem latência ou quebra, e olha que a máquina era só um Pentium III 450 MHz, com 64 MB de RAM sem marca.
Tem programa para ele?
Sendo um sistema que se encaixa na categoria dos "alternativos", não espere encontrar o Microsoft Office for BeOS à venda. O tamanho da plataforma do Be sempre girou em torno de cem mil usuários se tanto, por isso, a estratégia para se tornar mais conhecido foi se lançar como um sistema grátis. E funcionou! Mais de um milhão de downloads do BeOS já foram feitos desde o final de março, mas isso ainda não comoveu nenhum grande produtor de software. O jeito é esperar para ver se saem produtos de grandes desenvolvedores como a Adobe - que já trouxe alguns de seus produtos para o mundo Linux - Macromedia, Quark etc. Enquanto isso, a comunidade de programdores de Be está organizando o projeto BeUnited.
To be or not to be