Hacker divulga mais de 150 mil senhas de clientes Inter.Net
Terça, 11 de março de 2003, 14h07
Nada menos que 152.892 nomes de usuários e senhas pertencentes a clientes do provedor Inter.Net foram expostos na Web, no final da tarde do último sábado. A responsabilidade pelo ato foi assumida por Melpôneme, hacker que afirma ser do sexo feminino e ter 23 anos de idade. Melpôneme, ou Melzinha, é a mesma pessoa que roubou milhares de senhas de conexão ADSL de clientes da Brasil Telecom e expôs uma parte delas na Internet, pouco antes do carnaval. O modus operandi usado pela hacker foi semelhante nos dois casos: a lista de senhas foi divulgada a partir de um link postado em seu blog e um grupo de usários atingidos recebeu um spam com aviso de que seus dados haviam sido roubados e suas senhas deveriam ser trocadas. No caso da Inter.Net, mil usuários teriam sido notificados com uma mensagem que pode ser vista aqui .
Um dia depois de ter publicado as mais de 150 mil senhas, Melzinha "se arrependeu" e deixou no ar apenas as senhas das mil pessoas que receberam o spam. A lista completa com os e-mails, porém, continua acessÃvel, o que é um prato cheio para spammers. A justificativa que Melzinha usa para expor os dados privados de milhares de pessoas inocentes é a da conscientização sobre a polÃtica de segurança nas corporações.
A Inter.Net foi procurada várias vezes, tanto por telefone, quanto por e-mail, mas não retornou os pedidos de informação. No atendimento online, o máximo que se consegue obter como resposta é que a direção da empresa informa que "essa invasão foi antiga", que atualmente foi "apenas propagada como spam" e que "não há riscos para os clientes" do provedor. "Trata-se de senhas muito antigas, pois na época em que houve realmente a divulgação desses dados já houve o envio de diversas malas diretas para os clientes para que alterassem as senhas", disse o atendente, sem dar mais detalhes.
A própria Melpôneme admite que a lista de senhas é antiga. Ela afirma que teve acesso total ao provedor e suas máquinas em 2002, e que estas senhas são do inÃcio daquele ano. Algumas pessoas contestam. Comentários postados no blog da hacker afirmam que a lista é de 2001. Outras duvidam que Melpôneme agiu sozinha ou mesmo que teve acesso à s máquinas do provedor. Para os clientes atingidos, isto faz pouca diferença na prática, pois, ao contrário do que afirma a Inter.Net, muitas senhas (provavelmente milhares) ainda são válidas.
Com as senhas ainda ativas é possÃvel acessar o cadastro de usuários no site do provedor e obter informações como: nome completo, CPF, endereço, telefone, e-mails cadastrados (de titulares e dependentes), total de horas navegadas, horários em que o usuário acessou a Internet e número de telefone que usou para se conectar. Como as senhas de conexões discadas geralmente são as mesmas utilizadas para o e-mail, um usuário mal-intencionado também poderá clonar a conta dos clientes e ler todas as suas mensagens. Apesar de a lista principal ter sido tirada do ar, passou cerca de 24 horas online, tempo suficiente para ter sido copiada por centenas de hackers.
Melzinha afirma que atualmente tem acesso a dois servidores da Inter.Net, mas nenhum dos dois hospeda bancos de dados de senhas. Ela diz que, em 2002, explorou "falhas humanas", referindo-se ao fato de que "foi muito fácil ter acesso às bases de dados e servidores", de acordo com uma entevista que concedeu por e-mail. "Coletei ("sniffei") todas as senhas dos administradores e tenho elas até hoje", garante.
Giordani Rodrigues
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