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"Seu Creysson", o candidato fictício, lota a Praça da República, em SP

São Paulo, 27 de setembro de 2002

Propostas de salários à la Ronaldinho, obras rodoviárias monstruosas, 'música engajada' e uma mulher mais do que simpática reuniram cerca de seis mil pessoas nesta sexta-feira em São Paulo, num 'comícioshow' do candidato-personagem "Seu Creysson", da turma do programa humorístico Casseta & Planeta, da Rede Globo.

Veja as fotos do showmício

De barriguinha saliente, dentes pretos e um topete avermelhado escondendo a careca, seu Creysson subiu ao palanque instalado na Praça da República com a apresentadora Maria Paula para as gravações do episódio do programa que vai ao ar na próxima terça-feira.

''No meu 'governio', o 'salárium' mínimo será o 'máximium''', disse o Seu Creysson, com seu marcante português errado. "Todo mundo vai ganhá um salário de Ronaldinho'', continuou ele, seguido de urros do público.

Grupos de estudantes, motoboys, donas de casa, desocupados, e trabalhadores lotaram o local no centro da cidade, onde cabos eleitorais dos candidatos de verdade também aproveitaram para panfletar no meio da multidão.

"Os políticos são iguais ao Seu Creysson, com a diferença que usam terno e falam correto", disse o autônomo Douglas A. Silva, de 18 anos. "Eles fazem igualzinho, levam um monte de artistas famosos ao palanque porque senão ninguém fica para ouvir o que eles querem falar".

Grupos como Ira!, Ultraje a Rigor, Jota Quest e Falamansa foram algumas das nove bandas que se apresentaram no palanque-trio elétrico, num clima descrito pelo rap cantado por Jair Rodrigues para animar a multidão: ''Deixam que diga que ele fala errado, seu Creysson vai ganhar e se ganhar o que que tem? Ele é ignorante e você também, e não vai ser o primeiro burro a governar esse trem''.

Claudio Manoel, humorista que encarna o candidato fictício, entrava em cena no final de cada apresentação das bandas, discorrendo suas pérolas: "Sou o candidato com mais 'propóstatas', vou 'desvirginar' as marginais Pinheiros e Tietê e deixar cada um morar na sua própia casa''.

Festa ou manifesto?

Para a estudante Kátia Camargo, 19 anos, que veio de Osasco só para ver a celebridade "política'', esse foi seu primeiro comício. "Outros políticos foram lá (em Osasco), mas eu não fui porque não tenho o menor interesse'', disse ela, que ainda não sabe em quem vai votar.

Já seu colega, Jorge Felipe Mansur, participava de seu nono comício. Nos oitos anteriores ele ajudara sua mãe, a candidata à deputada estadual Idê Mansur. "Aqui está muito mais movimentado do que os outros comícios porque, lógico, é tudo farra, tudo brincadeira'', disse ele.

Para o aposentado Francisco Holanda Cavalcanti, 61 anos, tudo não passava de uma brincadeira fora de hora. "Isso é um absurdo. Apesar da crítica aos políticos ser válida, temos que conscientizar esses jovens que pela primeira vez vão votar''.

Enquanto isso, Seu Creysson, do Partido PÇSC (Partido Çocial do Seu Creysson), chamava outros "autistas'' para tocar, como a banda Ira!, que começou com o bordão: "Nós lutamos pelo poder de 'ira e vira'''.

Reuters

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