O céu estava muito nublado e escuro. Ela tinha medo. Trovejava muito e os primeiros pingos começavam a cair.
A janela de seu quarto dava frente a um jardim esquecido pelo tempo. Folhas mortas, árvores secas, barulhos perdidos no passado. Seu quarto espelhava bem aquela realidade: mórbido, frio, distante...
Seu rosto na janela confundia-se com a chuva. De seus olhos, talvez, chovesse mais. Seus cabelos dançavam com o vento que soprava de sua janela.
Resolveu então sair. Suas lágrimas misturavam-se na chuva. Seus olhos estavam saltados, bem vivos, olhava tudo ao mesmo tempo, sua boca mostrava seus dentes cerrados. Estava lúcida.
Um relâmpago acendeu por um minuto o céu, as lágrimas secaram, e ela correu na chuva deixando para sempre seu rosto preso na janela.
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