Atualizada às 12h11 Veja fotos de Waly Salomão no filme Gregório de Matos
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Morreu nesta segunda-feira, às 7h, na Clínica São Vicente, Rio de Janeiro, o poeta Waly Salomão, de 59 anos. Waly, que estava internado desde o dia 23 de abril, morreu em decorrência de um tumor no intestino, com metástase para o fígado. O velório, que aconteceria na capela 8 do Cemitério São João Batista, foi transferido para a Biblioteca Nacional, a partir das 16h. O corpo será cremado nesta terça-feira, às 9h, no Cemitério do Caju.
Waly Salomão era filho de mãe baiana e pai sírio. Nasceu em Jequié, na Bahia. Nos anos 60 teve ligações estreitas com o movimento tropicalista, que tem representantes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e o também poeta Torquato Neto. Apesar da ligação, ele nunca se considerou um tropicalista.
Além de poeta, Waly Salomão também era letrista e produtor cultural. Como letrista, colaborou com diversos artistas, como Caetano Veloso (Talismã), Lulu Santos (Assaltaram a Gramática, sucesso com os Paralamas do Sucesso), Adriana Calcanhotto (Pista de Dança), entre outros. Salomão também é co-autor de Vapor Barato, de 1968, feita em parceria com Jards Macalé.
O primeiro livro de poemas, Me segura que eu vou dar um troço, foi lançado em 1971. Os poemas presentes no livro de estréia foram escritos durante a temporada na prisão. A diagramação ficou por conta de Hélio Oiticica, de quem Waly foi muito amigo, chegando a escrever a biografia Qual É o Parangolé.
Entre os seus trabalhos marcantes está a revista Navilouca, feita em parceria com o poeta piauiense Torquato Neto, morto em 1972. A revista só teve uma edição lançada, mas bastou para entrar para a história. Na época do lançamento da Navilouca, ele passou a assinar como Wally Sailormoon, mas o pseudônimo não vingou.
A sua obra reúne livros como Gigolô de Bibelôs, Surrupiador de Souvenirs, Algaravias, Lábia e Tarifa de Embarque, lançado em 2000.
Em março desse ano, Waly Salomão, ocupando o cargo de Secretário Nacional do Livro e da Leitura, veio a público com o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Pedro Corrêa do Lago, para explicar-se sobre um suposto favorecimento do governo para pagar a tradução espanhola do livro Algaravias, de sua autoria.
O livro foi incluído no Programa de Apoio à Tradução de Obras de Autores Brasileiros, que concedeu nove bolsas de R$ 15 mil a editores espanhóis para publicar na Espanha autores brasileiros. Segundo Corrêa do Lago, a aprovação do livro de Salomão se deu na gestão de Eduardo Portela à frente da Biblioteca Nacional, quando Waly Salomão ainda não ocupava o cargo de secretário.
No cinema, em 2002, Waly viveu o poeta Gergório de Matos, em filme homônimo da diretora Ana Carolina. No elenco estavam também Rodolfo Bottino, Ruth Escobar, Marília Gabriela, Xuxa Lopes, entre outros.
Em entrevista à Istoé Gente, na ocasião do lançamento de Tarifa de Embarque, questionado sobre "quanto se paga para escrever um livro", Waly Salomão respondeu, com o tom profético de sempre: "O corpo vira cinza para que o fogo habite as páginas do livro."