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Segunda, 05 de maio de 2003, 10h55

Waly Salomão tinha 59 anos
Divulgação

Atualizada às 12h11

Veja fotos de Waly Salomão no filme Gregório de Matos
Leia sobre Waly Salomão no Portal Literal
Leia a entrevista de Salomão ao Portal Literal

Morreu nesta segunda-feira, às 7h, na Clínica São Vicente, Rio de Janeiro, o poeta Waly Salomão, de 59 anos. Waly, que estava internado desde o dia 23 de abril, morreu em decorrência de um tumor no intestino, com metástase para o fígado. O velório, que aconteceria na capela 8 do Cemitério São João Batista, foi transferido para a Biblioteca Nacional, a partir das 16h. O corpo será cremado nesta terça-feira, às 9h, no Cemitério do Caju.

Waly Salomão era filho de mãe baiana e pai sírio. Nasceu em Jequié, na Bahia. Nos anos 60 teve ligações estreitas com o movimento tropicalista, que tem representantes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e o também poeta Torquato Neto. Apesar da ligação, ele nunca se considerou um tropicalista.

Além de poeta, Waly Salomão também era letrista e produtor cultural. Como letrista, colaborou com diversos artistas, como Caetano Veloso (Talismã), Lulu Santos (Assaltaram a Gramática, sucesso com os Paralamas do Sucesso), Adriana Calcanhotto (Pista de Dança), entre outros. Salomão também é co-autor de Vapor Barato, de 1968, feita em parceria com Jards Macalé.

O primeiro livro de poemas, Me segura que eu vou dar um troço, foi lançado em 1971. Os poemas presentes no livro de estréia foram escritos durante a temporada na prisão. A diagramação ficou por conta de Hélio Oiticica, de quem Waly foi muito amigo, chegando a escrever a biografia Qual É o Parangolé.

Entre os seus trabalhos marcantes está a revista Navilouca, feita em parceria com o poeta piauiense Torquato Neto, morto em 1972. A revista só teve uma edição lançada, mas bastou para entrar para a história. Na época do lançamento da Navilouca, ele passou a assinar como Wally Sailormoon, mas o pseudônimo não vingou.

A sua obra reúne livros como Gigolô de Bibelôs, Surrupiador de Souvenirs, Algaravias, Lábia e Tarifa de Embarque, lançado em 2000.

Em março desse ano, Waly Salomão, ocupando o cargo de Secretário Nacional do Livro e da Leitura, veio a público com o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Pedro Corrêa do Lago, para explicar-se sobre um suposto favorecimento do governo para pagar a tradução espanhola do livro Algaravias, de sua autoria.

O livro foi incluído no Programa de Apoio à Tradução de Obras de Autores Brasileiros, que concedeu nove bolsas de R$ 15 mil a editores espanhóis para publicar na Espanha autores brasileiros. Segundo Corrêa do Lago, a aprovação do livro de Salomão se deu na gestão de Eduardo Portela à frente da Biblioteca Nacional, quando Waly Salomão ainda não ocupava o cargo de secretário.

No cinema, em 2002, Waly viveu o poeta Gergório de Matos, em filme homônimo da diretora Ana Carolina. No elenco estavam também Rodolfo Bottino, Ruth Escobar, Marília Gabriela, Xuxa Lopes, entre outros.

Em entrevista à Istoé Gente, na ocasião do lançamento de Tarifa de Embarque, questionado sobre "quanto se paga para escrever um livro", Waly Salomão respondeu, com o tom profético de sempre: "O corpo vira cinza para que o fogo habite as páginas do livro."

Redação Terra
            

 
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