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"Esperança terá muitas histórias de amor", diz Benedito Ruy Barbosa

Sexta, 14 de junho de 2002, 12h18

Nascido em Gália, no interior de São Paulo, em 1931, o autor da novela Esperança Benedito Ruy Barbosa não esconde sua preferência por temas como amor, apego à terra, relações conflituosas entre pai e filho e luta pela sobrevivência. São de sua autoria novelas como Pantanal (TV Manchete, 1990), Renascer (TV Globo, 1992), O Rei do Gado (TV Globo, 1996) e Terra Nostra (TV Globo, 1999).

Há cinco anos, ele se mudou para um sítio localizado a 90 km de São Paulo, batizado de "Recanto do Sol". É lá onde escreve e tem galinhas, perus, faisões, peixes, cachorros e sossego. Embora tenha a colaboração das filhas Edilene e Edmara Barbosa, Benedito Ruy Barbosa gosta de escrever sozinho suas novelas. Confira a entrevista:

A imigração e a ligação do homem com a terra são temas muito caros a você, presentes em todos os seus trabalhos na TV. De onde vem o seu fascínio por esse universo?
Da minha própria origem. Sou um caipira, nasci no interior de São Paulo e cresci na zona rural, convivendo com imigrantes italianos, espanhóis, portugueses, japoneses, alemães... No meu time de futebol tinha muitos italianinhos e alemãezinhos. Vivi de perto esse universo. Me sinto tranqüilo para escrever sobre esses temas, até porque tenho sangue italiano - por parte da minha bisavó materna, que era de Lucca. Além disso, sou casado com uma filha de italianos (Marilene). Também trabalhei durante muitos anos com café; conheço bem tudo isso.

Quando você começou a trabalhar com café?
Benedito Ruy Barbosa - Tinha uns 12, 13 anos. Foi quando perdi meu pai. Filho mais velho de uma família de cinco irmãos, tive que lutar muito para criar todo mundo. Nessa época já era chefe de família. Precisava subsistir e ajudar a manter a casa. Então fui trabalhar com café, como recebedor e classificador na máquina de beneficiamento. E procurava ser o melhor, como em tudo que ponho a mão. Trabalhei na companhia Vera Cruz, no norte do Paraná, em Marialva. Lá escrevi minha primeira peça de teatro, Geada, que mais tarde estreou no teatro de Arena, em São Paulo, com direção de Augusto Boal (1959). Depois o teatro me conduziu para a televisão, em 1964. Mas, antes disso, por volta de 1948, trabalhei em feira (era auxiliar de barraca), lavei chão de banco de madrugada... Sou neto e filho de jornalistas, nasci em uma tipografia. Mas fui ser jornaleiro, antes de conseguir ser jornalista. Trabalhei em vários jornais, como repórter, revisor... Tinha cinco empregos para sobreviver. Mais ou menos em 1962 fui trabalhar na maior agência de publicidade na época, a Walter J. Thompson. Então, larguei tudo para fazer novela.

Muitos de seus personagens e cenas são inspirados em casos reais. Em Terra Nostra, por exemplo, você usou uma história relatada em uma carta que recebeu - a da criança dada como morta no navio - e emocionou muitos telespectadores. Em Esperança existem personagens e situações que realmente existiram?
Estou sempre partindo da realidade para criar os personagens. Todos têm alguma relação com a vida real. Há cenas inteiras na novela que eu vivi ou estava presente. O personagem Gaetano (interpretado por Zé Victor Castiel), por exemplo, conheci muito de perto e ri muito com ele quando era menino. A família de italianos que compra a fazenda, eu conheci também.

Você já disse que o amor é o que amarra tudo em uma novela. O fio condutor da trama é o amor de Toni e Maria?
O amor de Toni e Maria está no início da história. É aquele amor que a vida separa, em que tudo dá errado. Como acontece na vida. Mas também há a bonita história de amor de Toni por uma judia (Camilli, interpretada por Ana Paula Arósio). Essa novela terá muitas histórias de amor.

A novela vai abordar passagens históricas, como o "getulismo", o Estado Novo, o processo de industrialização do país, a Revolução de 1932... Você pretende aprofundar essas questões ou elas servirão apenas para contextualizar a trama?
A política vai aparecer mais como pano de fundo. Não vou fazer uma novela didática, o espectador não está disposto a bancar o aluno de História. Mas é claro que os acontecimentos terão influência no comportamento e na vida dos personagens. A história faz parte da vida da gente. Vou aproveitar a emoção, que é o principal, para passar informações importantes, assim como fiz em outras novelas. Além da Nina (interpretada por Maria Fernanda Cândido), que vai se tornar líder operária, na república dos estudantes também vai se falar muito na política da época.

Como você tem um grande domínio da cultura italiana, é mais difícil escrever sobre outros núcleos de imigrantes?
Tenho algumas dificuldades normais, porque sempre tive uma convivência maior com italianos. Mas também falo espanhol e quando era criança falava e cantava músicas em japonês. Tinha amigos, ia pescar no sítio de um deles, ficava observando os costumes das famílias. Em O Rei do Gado (TV Globo, 1996), cantei por telefone uma canção que eu lembrava da minha adolescência para ser usada na novela, na cena em que morre o personagem japonês. Minha filha Edmara também me ajuda muito nas pesquisas, além da pesquisadora Ângela Marques Costa.

Qual sua rotina de trabalho? Você trabalha quantas horas por dia?
Nunca menos de oito horas. Às 06h, já estou de pé e começo a trabalhar cedo. Às vezes só paro para almoçar às 15h, 16h. E só paro o trabalho quando termino o capítulo. Há cinco anos saí de São Paulo e vim morar nesse sítio, de três alqueires, onde tenho um pomar, galinha, peru, faisão e sossego. Planto feijão e milho de vez em quando, mas para meu próprio consumo, e também crio peixe, além de uns sete, oito cachorros. Aqui tenho tranqüilidade para escrever.

Essa é a terceira novela que você assina com a direção geral de Luiz Fernando Carvalho. O que você acha da leitura que ele faz dos seus textos?
Perfeita. Nós nos entendemos muito bem. Ele também fez comigo Sinhá Moça (TV Globo, 1986) e Vida Nova (TV Globo, 1988). Luiz é um diretor de grande talento e é um pé de boi para trabalhar, como eu, que sou obstinado. A gente fala a mesma linguagem, ele sabe me ouvir. Essa afinidade transforma nosso trabalho em um prazer.

Redação Terra

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