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Marcello Novaes: "Tenho 40 de idade, mas 25 de cabeça"

Domingo, 02 de junho de 2002, 13h23

(Foto: Pedro Paulo Figueiredo/
Carta Z Notícias)

Prestes a completar duas décadas de profissão, Marcello Novaes ainda não perdeu o hábito de ficar nervoso antes de cada trabalho. Quando recebeu o convite para fazer o Xande em O Clone, sentiu uma insegurança maior que a habitual. Afinal, depois de cinco novelas das sete, onde interpretava gaiatos mulherengos que adoravam andar sem camisa, estava prestes a assumir um tipo mais sério e introspectivo numa novela das oito. Nove meses depois, o ator se orgulha por ter ajudado a conscientizar o público sobre os riscos das drogas. Nos próximos capítulos, Xande finalmente vai convencer a namorada Mel, papel de Débora Falabella, a procurar tratamento em uma clínica especializada em dependências químicas. "Adoro fazer comédia, mas já estava com vontade de fazer um papel dramático. É legal porque estou mostrando um lado que pouca gente conhece", valoriza.

O responsável Xande veio ocupar um lugar tão importante na carreira de Marcello quanto o inconseqüente Raí, de Quatro por Quatro. Desde que viveu o mecânico grosseirão que não podia ver um rabo-de-saia e só andava de torso nu, o ator caiu na armadilha de repetir a si mesmo, como o brigão Beterraba de Uga Uga ou o paquerador Raul de Andando Nas Nuvens. Até que Jayme Monjardim convidou o rapaz para fazer o taciturno Jacinto na minissérie Chiquinha Gonzaga. "O sonho de todo ator é encontrar um diretor como o Jayme. Ele encoraja o ator a fazer coisas diferentes", elogia.

Logo depois do final de O Clone, no dia 13 de agosto, Marcello Novaes vai completar 40 anos. Apesar de não se preocupar com a idade, faz questão de manter a excelente forma física. "Tenho 40 de idade, mas 25 de cabeça", brinca. Ainda em agosto, Marcello vai completar 20 anos de carreira, iniciados em 1982, quando integrou o elenco da peça Os Doze Trabalhos de Hércules, encenada no Teatro Tablado, de Maria Clara Machado. O primeiro trabalho na tevê, porém, só viria seis anos depois. E, mesmo assim, um papel bem discreto em Vale Tudo, de Gilberto Braga. "As coisas nunca foram fáceis para mim. Sempre tive de batalhar muito pelo que acreditei. Hoje, eu me sinto realizado", avalia.

Durante anos, você teve a imagem associada a tipos simplórios, truculentos e irresponsáveis. Você acha que o Xande pode representar um "divisor de águas" em sua carreira?
Sem dúvida. O Xande é um dos personagens mais importantes da minha carreira. E por vários motivos. Ele é muito importante dentro da trama porque desempenha um papel de forte conotação social. É bom saber que você está ajudando a esclarecer milhões de pessoas que enfrentam um problema semelhante ao do seu personagem. Só isso já deixaria qualquer ator satisfeito. Mas estou orgulhoso também por fazer um tipo diferente do habitual. Um tipo mais sério, introspectivo... No começo, não sabia se seria capaz de fazê-lo. Fiquei muito inseguro. Aliás, fico inseguro até hoje. Mas isso é bom. É sinal que eu quero me tornar um ator cada vez melhor.

Você nunca teve a impressão de estar interpretando sempre o mesmo personagem?
Olha, eu tive muito essa impressão quando fui convidado para fazer o Beterraba em Uga Uga. Achei que ele fosse muito parecido com o Raí, de Quatro por Quatro. Os dois eram mulherengos, trapalhões, bagunceiros... Eu me esforcei ao máximo para diferenciá-los. Se consegui, ótimo. Se não consegui, também não sou nenhum Antônio Fagundes para diversificar os personagens do jeito que ele faz... Eu só não gostaria que nenhum dos meus personagens fosse esquecido. Nem por mim, nem pelo público. O Raí, por exemplo, também foi muito importante na minha carreira. Afinal, ele foi o meu primeiro protagonista. Além disso, fiz par com a Letícia Spiller na novela. Depois disso, eu vim a me casar com ela. Ou seja: o Raí deu supercerto!

De todos os personagens que fez, o Xande foi o mais difícil?
Não. Eu tive outro personagem também muito difícil, que foi o Jacinto de Chiquinha Gonzaga. Era um personagem de composição, o antagonista da história. Tinha de ter postura em cena, não podia colocar "caco" no texto, era tudo muito complicado... Mas o Xande também foi muito difícil, porque eu vinha de cinco novelas consecutivas das sete. Eu seguia uma linha de interpretação completamente diferente. Quando comecei a fazer O Clone, eu "colava" o texto direto. Na comédia, você não pode dar muita pausa entre as falas. O texto do Lombardi, por exemplo, com quem fiz três novelas, é muito ágil. Você tem de "botar para fora" e ponto final. Até eu acertar o ritmo do Xande, demorei um pouco. Agora que eu embalei, a novela está acabando...

Tanto em Chiquinha quanto em O Clone, você foi dirigido pelo Jayme Monjardim. Será que ele é o único diretor a enxergar que você é capaz de fazer um personagem diferente do habitual "galã descamisado" das comédias de Carlos Lombardi?
O sonho de todo ator é encontrar um Jayme Monjardim pela frente. Ele gosta de dar oportunidade para o ator fazer coisas diferentes. O Jayme é realmente um diretor muito especial para mim, porque ele confia plenamente no meu trabalho. Tanto que ele acreditou que eu pudesse fazer tipos difíceis, como o Jacinto e o Xande. Eu também acredito no meu potencial, mas as dificuldades que aparecem pelo caminho são tantas... Mesmo assim, essas dificuldades servem para estimular a gente a fazer coisas inusitadas. Sou eternamente grato ao Jayme por tudo que ele tem feito por mim.

Por que a Globo rotula tanto os seus atores?
Sinceramente, não sei dizer... Quando eles precisam de um determinado ator para fazer comédia, lembram logo do Raí e aí chamam o Marcello Novaes. Eles sabem que o Marcello dá certo na comédia. Em outras palavras: é uma preocupação a menos para eles. Já o Jayme não pensa assim. Ele é do tipo que gosta de experimentar. Quando recebi o convite para fazer Chiquinha, virei para ele e ponderei: "Você tem certeza que quer que eu faça o Jacinto? É isso mesmo o que você quer?". Ele respondeu: "Eu tenho certeza que você vai fazer bem!". Foi uma experiência muito bacana. Fui na onda dele e não me arrependi.

Como você se sente ao interpretar, pela primeira vez na carreira, um personagem com forte engajamento social?
Eu me sinto duplamente satisfeito. Primeiro, porque estou fazendo o que eu gosto, que é interpretar. E, segundo, porque estou podendo ajudar a milhões de pessoas. Todos os dias, ouço relatos emocionados de pessoas que assistem à novela e se identificam com o que vêem. São pais, mães, namorados e amigos de dependentes químicos que me agradecem pela minha atuação na novela, dizem que passaram a ter mais diálogo em casa e, principalmente, que aprenderam a lidar melhor com a situação. É ótimo quando você consegue aliar um trabalho que você gosta de fazer ao prazer de ajudar a pessoas que você nem conhece. É muito gratificante. Na maioria das vezes, você vai lá, faz o seu e volta para casa. É ótimo quando você pode passar uma mensagem legal para o público. A Glória foi muito feliz na escolha dos temas. Ela amarrou tudo direitinho e deu no que deu...

Mas não é muito desgastante chegar no estúdio e gravar uma infinidade de cenas de forte carga dramática, com direito à briga, "chororô" e discussão?
Olha, dependendo da cena, eu me desgasto mesmo. Tanto física quanto emocionalmente. Não tem como evitar. Ainda mais eu que me entrego em cena, sem pudores. Muitos atores chegam a adoecer. Eles somatizam mesmo. Todos os dias, eles têm de chorar, chorar e chorar... Não é nada fácil. Às vezes, eu me imagino naquela situação e acabo sofrendo com os conflitos dos personagens. Mas também não levo problema para casa. Quando termino a cena, eu me desligo totalmente do personagem. Procuro pensar em outras coisas. Espairecer a cabeça. Vou para casa, dou uma descansada ou, então, pratico algum esporte...

Você já se viu na situação do Xande de querer ajudar alguém e não saber como?
Com certeza. Já tive a oportunidade de ajudar dois amigos que atravessavam fases muito ruins. Mas é claro que não fiz tudo sozinho. Fiz a minha parte e me orgulho disso... Mas a pessoa tem de querer ser ajudada. Caso contrário, não tem jeito. Foi uma luta que nós vencemos juntos. Eu venci por ter ajudado a eles e eles venceram por terem se ajudado. A resposta do público nas ruas está sendo maravilhosa. Outro dia mesmo, a mãe de um jovem me disse que, graças à novela, voltou a dialogar com o filho. Às vezes, ele chegava para mãe e dizia: "Viu, mãe, o namorado da Mel continua ao lado dela. Por mais besteiras que ela faça, ele continua dando a maior força...". Aquela mãe já estava na fase de dar dinheiro ao filho para ele comprar droga. Senão, ele podia fazer uma besteira ainda maior, como roubar e matar. "E agora, Marcelo?", ela perguntou, "O que eu faço?".

E o que você respondeu?
Respondi que a primeira coisa a fazer é saber se a pessoa quer ser ajudada. Este é o primeiro passo. Se ela não quiser se ajudar, ninguém vai conseguir ajudá-la.

Espírito esportivo
Em 20 anos de carreira, Marcello Novaes se cansou de interpretar papéis que tiravam proveito do seu porte atlético. Entre os muitos tipos cômicos e descamisados que fez, destaca o introspectivo Fidel de Vira-Lata e o brigão Beterraba de Uga Uga. A exemplo de Raí, os dois viviam exibindo o peito nu e fazendo ar de conquistador. No início de carreira, o ator chegou a praticar vôlei, jiu-jítsu, tênis e surfe. Hoje, se considera um adepto da filosofia do "corpo são em mente sã" e diz que não abre mão de exercícios físicos. "Sinto necessidade de manter meu corpo em constante atividade. Quando estou malhando, parece até que minha cabeça funciona melhor", acredita.

Com o passar do tempo, Marcello resolveu aproveitar o esporte para melhorar a composição de seus personagens. Na época de Vira-Lata, por exemplo, quando interpretou um ex-"boxer", Marcello passou a praticar boxe com o professor Cláudio Coelho. "Mas não trocava socos com ninguém. Só me defendia mesmo", ressalva. Já na minissérie Chiquinha Gonzaga, o ator aprimorou a forma com 150 abdominais por dia. Segundo ele, o exercício ajudou a moldar a postura ereta do marido da protagonista, vivida por Gabriela Duarte. "Sempre fui meio relaxado quanto à postura. No caso do Jacinto, isso não podia acontecer porque ele era muito elegante", ressalta.

Mesmo atarefado com as gravações de O Clone, Marcello Novaes não passa um dia sem malhar. Quando pode, joga vôlei no Posto 2 da Barra, na Zona Sul do Rio, ou arrisca umas pedaladas pelo calçadão. Quando não pode, fica em casa mesmo, dando umas braçadas na piscina, sempre observado pelos seus três cães. Além dos exercícios físicos, Marcello não descuida da alimentação "natureba". Mesmo assim, ele já começou a notar os primeiros sinais da idade em seu corpo. "Já não dá mais para acordar cedo, descer as escadas correndo e fazer exercício físico sem qualquer alongamento. Meus músculos já não têm mais aquela elasticidade...", lamenta.

Tino comercial
O ator Marcello Novaes é um irrequieto por natureza. Assim que entra de férias, arranja alguma coisa para fazer. Participar de ralis, entrar de sócio num restaurante ou virar produtor de uma banda de rock são alguns dos "hobbies" do ator. Recentemente, Marcello virou sócio da Ícone Propaganda, a agência de publicidade de seu irmão Ricardo. Não satisfeito, abriu sociedade também com a namorada Andréa Moraes Pinto. Juntos, inauguraram o restaurante Lá em Casa na Academia da Praia, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. "Só participo desses projetos quando tenho tempo. Quando faço novela, não sobra tempo para mais nada...", resigna-se.

Mesmo assim, Marcello Novaes ainda arranja tempo para produzir a banda High Five. Não é de hoje que o ator prestigia os amigos do grupo. Inúmeras vezes, Marcello subiu ao palco de barzinhos e danceterias para dar uma "canja" na bateria ou na percussão. Animado, chegou a improvisar um pequeno estúdio na garagem de sua casa. Lá, extravasa as tensões tocando bateria. De fã nº 1, Marcello logo passou a produtor do grupo. "Queria fazer o possível para colocar esse pessoal na mídia. Queria ajudá-los a serem ouvidos e apreciados", avisa. Não por acaso, o grupo está prestes a lançar seu primeiro CD. Seis das dez músicas já estão prontas.

Quando terminar de gravar O CloneRock Horror Show, musical dirigido por Jorge Fernando. "Estou morrendo de saudades do palco!", confessa. Mas o ator não pensa só em trabalho. Antes de retomar a carreira teatral, planeja voltar a competir em rali, na categoria turismo ou L200 pick-up diesel. Ano passado, Marcello e o irmão Ricardo conquistaram o primeiro lugar na etapa do Nordeste do Rally Mitsubishi Motorsports. "Mas tudo isso não passa de hobby. Minha prioridade mesmo é a carreira de ator", pondera, pouco convincente.

André Bernardo / TV Press

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