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Arnaldo Cezar Coelho lança livro de "causos" do futebol

Domingo, 02 de junho de 2002, 00h42

Luiza Dantas/CZN

Árbitro de futebol é uma profissão ingrata e masoquista. Mesmo assim, Arnaldo Cezar Coelho é um entusiasta da carreira. Tanto que o ex-juiz e hoje principal comentarista de arbitragem da Globo resolveu lançar o livro A Regra é Clara prestes a embarcar para o Oriente, onde vai comentar mais uma Copa do Mundo. Aproveitando o bordão que o tornou conhecido nas transmissões globais, Arnaldo reúne histórias, curiosidades, fugas em camburão e muitos, muitos xingamentos registrados em mais de 20 anos de carreira como juiz. "Minha vida é cheia de histórias", enaltece.

A idéia de escrever o livro nasceu no ano passado. Nas palestras que costuma dar e na coluna que tem no jornal carioca O Dia, Arnaldo relembra sempre fatos ocorridos nos jogos que apitou e outros envolvendo colegas de apito. Numa ocasião, uma pessoa acabou sugerindo que ele lançasse um livro. Arnaldo, porém, estava temeroso quanto à Seleção, que disputava as Eliminatórias a duras penas. "Insistiram e falei que, se o Brasil se classificasse, eu iria escrever o livro para lançá-lo antes do Mundial", recorda.

Com o Brasil classificado e o país devidamente aliviado, Arnaldo passou a organizar a obra. Chamou o jornalista João Ariosa para montar a base da autobiografia, pegou artigos, reuniu fotos, lembrou fatos marcantes e relatou histórias desde o início no futebol de praia carioca até o maior feito: apitar a final da Copa do Mundo de 1982. "Botei da forma que eu sempre conto. Quando se lê, percebe-se que sou eu quem está contando as histórias", garante.

Realmente, a narrativa é objetiva e segue a forma de Arnaldo falar na tevê. O jeito simples de contar as histórias, inclusive, deixa os "causos" mais divertidos. Como na vez em que estava "bandeirando" uma partida no Maracanã e um sujeito na geral não parava de gritar: "Bandeirinha!". Arnaldo não olhava e o homem resolveu chamar o massagista de um dos times. O massagista caiu na asneira de olhar, Arnaldo foi dar uma espiada e se deparou com o sujeito com as calças arriadas, balançando a genitália e gritando: "Massageia aqui!".

Em outros casos, ele relata a vez em que ficou detido no Aeroporto de Assunção, no Paraguai, porque teria falado mal da polícia após um jogo entre as seleções paraguaia e colombiana, que terminou em pancadaria e com os policiais batendo nos visitantes. Em outro trecho do livro, conta que orientou um juiz a se hospedar em um hotel de Porto Alegre, porque a camareira de um andar torcia para o Internacional e, se o time ganhava, ela caprichava no serviço e no café da manhã. O Inter venceu e, no dia seguinte, o amigo chamou a camareira todo simpático. Emburrada, ela respondeu: "Olha aqui, sou gremista e meu marido é da Brigada Militar. A camareira deste andar está de folga e vamos deixar de papo".

Mas o comentarista não é nenhum "Forrest Gump". Ele garante que todas as histórias são verídicas. A "licença poética" limitou-se ao prefácio. No Carnaval deste ano, ele estava em casa ardendo em febre e sem idéias para escrever. Inventou, então, uma ligação de Eurico Lyra, a pessoa que o descobriu mas que já faleceu. No fictício diálogo, Arnaldo relembra momentos da carreira e fala de sua função como comentarista da Globo e de seus "colegas" de jogos. "Os caras da Globo falaram que esculhambei os três narradores da emissora: falei que o Galvão Bueno bate de frente, que o Cléber Machado narra Carnaval e que o Luiz Roberto ninguém conhece", brinca.

Arnaldo conta que deixou muitas histórias de fora que dariam para escrever um A Regra É Clara 2. Mesmo longe do apito, ele também tem "causos" como comentarista. Num dos primeiros jogos pela Globo, em 89, no Morumbi, ele lembra que a caminhonete da emissora quase foi tombada por torcedores enfurecidos. Recentemente, depois de um Vitória e Corinthians, ele foi pegar um táxi, já previamente combinado, na saída do Estádio Barradão, em Salvador, juntamente com Carlos Casagrande. Só que o carro não estava lá quando ele chegou e os torcedores, hostis, partiram para cima deles. "Saí correndo para um lado e o Casagrande para o outro. Eu ia morrer", dramatiza. "Passei a vida toda saindo em camburão para não levar porrada. Pensei que ia estar livre disso como comentarista", diverte-se.

Dois "causos" do livro
# "Na Urca, havia um sujeito baixinho no futebol de praia, lateral-esquerdo do Guaíba, que passava a partida inteira jogando a torcida contra mim. Um chato de carteirinha. Não parava de gritar um só instante. Um tormento! Qualquer marcação contra o Guaíba, sua voz se destacava:

- Tá roubando!

Dirigia-me para apitar na Urca pensando não só nos riscos existentes no local, mas também no baixinho. Suportar aquele sujeito não era apenas uma agonia, era um desprazer.

O tempo passou... Certo dia, o Oldemário Touguinhó me apresenta ao colunista de esportes do Jornal do Brasil. Olhei o camarada e pensei comigo: 'Conheço de algum lugar'. E veio o estalo. Perguntei a ele sobre o futebol de praia, recordei os jogos do Guaíba, falei sobre a Urca. E ali estava o chato de carteirinha diante de mim. Era o comentarista Sérgio Noronha.

Hoje, somos grandes amigos, trabalhamos juntos na TV Globo e ele dá boas risadas quando relembro o passado".

# "Há torcedores de todos os tipos. Os que choram, os que reagem com violência, os debochados; enfim, há de tudo e para os mais variados gostos. Só uma coisa todos têm em comum: o costume de xingar o juiz. Faz parte do ritual.

Mas cheguei a acreditar que havia no mundo um torcedor que era diferente dos demais. Foi num jogo entre São Paulo e Portuguesa, nos anos 60. A Portuguesa vencia por 1 a 0 e aconteceu um lance na área que a torcida entendeu como pênalti. O atacante do São Paulo chutou e a bola foi direto no braço do defensor adversário.

Mandei seguir o jogo. Era o típico lance de bola na mão. Mas a torcida não perdoou:

- Ladrão, filho da puta!

Gritos que se intensificavam quando eu corria pela diagonal, no lado esquerdo do campo, ficando mais próximo da torcida do São Paulo, que atirava sandálias, sapatos, pilhas. Mas havia um cara no alambrado que, em vez de me xingar, procurava me incentivar toda vez que eu passava por aquela zona do campo:

- Seu Arnaldo, não liga não, o senhor está apitando bem. Seu Arnaldo, o senhor é o melhor juiz do Brasil. Vamos lá, São Paulo!

Era o que eu escutava daquele torcedor misterioso. E o São Paulo não conseguia empatar. Mas, certamente, era o que meu subconsciente desejava. O goleiro Orlando pegava tudo e o jogo se aproximava do fim. Não teve jeito, a partida terminou 1 a 0 para a Portuguesa.

Ao me dirigir para o vestiário, escutando todos os tipos de ofensa, eis que ouço novamente aquela voz amiga:

- Seu Arnaldo, não liga não, nós demos azar.

Então, fiquei curioso para saber quem seria esse fã. 'Quem sabe algum amigo meu aqui de São Paulo', pensei. Não resisti e olhei para o alambrado, na direção da voz, e vejo um torcedor desdentado com a camisa do São Paulo.

- Até que enfim olhou, né, seu filho da puta, ladrão, safado! Tá satisfeito?".

Fernando Miragaya
TV Press

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