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Morre o ator, escritor e compositor Mário Lago

Quinta, 30 de maio de 2002, 19h43

Mário Lago: falência múltipla dos órgãos
após enfisema pulmonar. (Foto: AJB)

Morre o ator, escritor e compositor Mário Lago, aos 90 anos, no Rio de Janeiro. Desde janeiro ele lutava contra um enfisema pulmonar em estado avançado, depois dos internamentos no Hospital Samaritano por causa de uma pneumonia bilateral bacteriana, infecção urinária e desidratação aguda. Ele, no entanto, morreu em casa, depois que sua pressão arterial chegou a zero, provocando uma falência múltipla dos órgãos, segundo informou o neto do ator, Pedro Lago, ao Jornal do Brasil - ele tinha cinco filhos e nove netos. O local do velório foi o Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro.

Mário Lago respirava e se alimentava com ajuda de aparelhos e vivia um péssimo momento financeiro, com problemas com sua aposentadoria do INSS - recebia R$ 3 mil e seu advogado pleiteava R$ 8 mil com o Ministério da Previdência Social.

Mário sempre foi um amante das letras e começou sua vida artistica na poesia, em 1925. Chegou a se graduar em Direito, mas a música o levou para o ambiente de teatro no Rio de Janeiro. O passo para a televisão, a maior lembrança do público brasileiro, aconteceu na década de 40.

Suas mais recentes aparições na TV foram na novela global Barriga de Aluguel, de Glória Perez - que deu ao ator sua última atuação com uma ponta em O Clone, como o mesmo Doutor Molina da primeira novela. A emissora, que o recebeu em seu elenco em 1966, ainda tinha Lago sob contrato até 2003.

O escritor e as músicas inesquecíveis

Filho do maestro Antônio Lago, Mário Lago nasceu no Rio de Janeiro em 26 de novembro de 1911. Como radialista, comandou programas na rádio Mayrink Veiga e na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Neto de anarquista, simpatizante do comunismo e militante pró-sindicalismo, foi preso em 1964 pelo regime militar. Saiu do cárcere para a televisão, sua casa durante 32 anos.

Como escritor, seus livros mais lembrados são Reminiscências do Sol Quadrado, Na Rolança do Tempo e o mais recente Meus Tempos de Moleque, em que relatava suas memórias. Mangueirense, foi casado com Zeli Cordeiro Lago, que morreu em 1998.

Mas é na música que seu maior legado está eternizado. "Amélia não tinha a menor vaidade/Amélia é que era mulher de verdade". O verso é um clássico do samba brasileiro – e é de autoria de Lago, que antes de ator era um grande compositor e letrista de sambas, marchas e foxes. A música, para quem não se lembra (o que parece impossível já que clássicos do samba não morrem), é Ai Que Saudades da Amélia, de 1942 e gravado originalmente pelo grande Ataulfo Alves.

Para reavivar a memória musical, são também de Mário Lago as músicas Aurora, de 1941, Nada Além, de 1938, Atire a Primeira Pedra, de 1944 e É Tão Gostoso, Seu Moço, de 1953, entre outras. São canções que vão além de meras “musiquinhas” e mostram um compositor engajado com o meio social, com conhecimento de causa de “beira de bar” e “calçadão”. Em parte, a verve veio de berço, com seu pai, Antônio Lago, que era maestro.

A música apareceu pela via das letras, já que Mário Lago começou a escrever poemas e publicá-los a partir dos 15 anos, enquanto formava-se em Direito. A primeira composição foi gravada por Mário Reis em 1935 e era uma parceria com Custódio Mesquita: Menina, Eu Sei uma Coisa. Com o mesmo parceiro, teve Nada Além registrada nos bolachões por ninguém menos que Orlando Silva, então no auge de sua carreira. Ela fez parte de um espetáculo teatral de revista chamado Rumo ao Catete, mas na voz de um tenor, Armando Nascimento.

Amélia, a brasileira

A faceta compositor foi ressaltada em 1940, quando deu a Carlos Galhardo a música Devolve. A marcha Aurora, composta em parceria com Roberto Roberti, foi um dos grandes sucessos do carnaval de 1941. O tom da letra mostra que antes de tudo Mário Lago era um afiado cronista dos costumes e simplicidades em versos como “Um lindo apartamento/Com porteiro e elevador/E ar refrigerado/para os dias de calor”, de Aurora, ou “Covarde sei que me podem chamar/Porque não calo no peito esta dor/Atire a primeira pedra, ai, ai, ai/Aquele que não sofreu por amor”, de Atire a Primeira Pedra, ou a definitiva “Só pensa em luxo e riqueza/.../Amélia não tinha a menor vaidade/.../Achava bonito não ter o que comer”, de Ai Que Saudades da Amélia.

Esta última é um clássico do carnaval de 1942. Tem toda uma história de bastidor por trás e repercute nos “trejeitos” brasileiros até hoje. A expressão “Amélia é que era mulher de verdade” virou sinônimo da mulher submissa, que lava e passa. Curiosamente, a Amélia da música provavelmente existiu e surgiu de uma brincadeira com o amigo Almeidinha, que vivia repetindo a estrofe da letra para se referir a uma lavandeira que trabalha em sua casa. Ataulfo Alves a musicou e alterou algumas palavras e estrofes, o que deixou Mário bem descontente. Não apareceram logo de cara cantores para gravá-la e Orlando Silva chegou a recusá-la. Então Ataulfo assumiu a tarefa e virou também seu maior garoto-propaganda. Com isso, ganharam o prêmio de Melhor Samba daquele ano, passando por cima de Praça Onze. Mas Mário Lago também atuou como promoter do samba ao fazer um discurso auto-inflamado no estádio do Fluminense explicando que “Amélia” era a síntese da mulher brasileira.

Atire a Primeira Pedra aproveitou o sucesso do ano anterior com Amélia, e fez parte da trilha sonora do filme Tristezas Não Pagam Dívidas na voz de Emilinha Borba, além da carnavalesca com Orlando Silva. É um dos sambas mais expressivos da música brasileira. Entre os cantores que interpretaram músicas de Mário Lago, além dos já citados, estão Francisco Alves, Nora Ney, Jorge Goulart e Carmem Miranda, que colocou Aurora em seu repertório básico. Um dos últimos sambas compostos por Mário foi Três Sorrisos, de 1962, com o parceiro de É Tão Gostoso, Seu Moço, Chocolate.

Redação Terra e agências

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