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Vôlei

Bicampeã olímpica, Fabiana explica volta à Seleção e espera por Jogos de 2021

8 mai 2020 - 08h45
(atualizado às 08h45)
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No dia 28 de junho de 2019, a Confederação Brasileira de Vôlei anunciou a convocação de mais três atletas para compor a Seleção feminina nas disputas do Pré-Olímpico, Campeonato Sul-Americano e Copa do Mundo. O maior destaque ficou para o nome da central bicampeã olímpica Fabiana, até então aposentada da equipe nacional. O seu retorno foi festejado e alimentou rumores da volta para a disputa dos Jogos Olímpicos, inicialmente marcados para julho deste ano.

Após a derrota para a China, por 3 a 2, que eliminou o Brasil das Olimpíadas de 2016, em pleno Rio de Janeiro, a meio de rede havia anunciado sua aposentadoria defendendo o país. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Fabiana revelou os motivos que pesaram na decisão do afastamento.

"Foi muito triste. Deixar a competição daquela forma foi arrasador, porque sabíamos que dava para estar no pódio. Desanimei. Sem contar que eu queria ter minha vida particular, estar mais próxima da minha família, do meu esposo. Chega uma hora que nossos pensamentos começam a mudar, queremos realizar outros sonhos além do esporte. Quis dar um tempo", declarou.

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O sonho que terminou hoje, foi sonhado durante 4 anos. Acabou assim, infelizmente… Queria muito poder trazer isso pra todos vocês. Não deu. Está doendo muito, porque sei que todos vocês sonharam comigo esse desfecho de um tri olímpico. A dor desse momento me faz relembrar toda uma vida dedicada ao meu país e ao esporte que tanto amo. Foram 4 olimpíadas, muitos títulos, derrotas dolorosas, alegrias incontáveis e choros que machucaram. Minha trajetória começou aos 14 anos, era uma menina que jamais sonhava conquistar tudo que conquistou. Aos 19 minha, primeira olimpíada em Atenas 2004. E daí por diante foram muitas graças recebidas através de muita dedicação, abdicação e luta! Agradeço às meninas que me acompanharam nesse sonho, a comissão por nos orientar e treinar sempre! Entendam de coração aberto que ninguém perde porque quer e esse grupo queria muito! Só quem vive dentro da quadra, sabe o que acontece ali. Essa equipe é aguerrida demais! Tenho um orgulho imenso de ser capitã da seleção e de carregar essa camisa e essa bandeira por todos os lugares que passei. Agradeço a Deus, mesmo que Seus planos não sejam meus e não posso contestar. Agradeço a minha família, meus pais queridos, meus amigos, meu namorado @vinigram e aos torcedores, acreditem, sempre foi por vocês! Meu coração sempre pulsará verde e amarelo e nunca deixará de bater emocionado, toda vez que tocar o hino nacional. Obrigada a todos por tudo! Fica aqui minha despedida da seleção, foram 13 anos de uma trajetória linda e que me orgulha demais. Foi gratificante em meu último jogo pelo meu país, escutar o Maracanãzinho lotado gritar meu nome, e essa sensação e esse brilho que nós todas tivemos até aqui, ninguém pode desmerecer ou apagar! Um beijo do meu tamanho e obrigada mais uma vez a todos! Fiquem com Deus!

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A Seleção Brasileira fazia parte da vida de Fabiana desde os primeiros passos na carreira. Com 15 anos, a mineira de Santa Luzia já defendia o Minas Tênis Clube e colecionava convocações para a base brasileira e pela seleção de Minas Gerais. Não seria fácil colocar ponto final em uma história de mais de uma década.

A eliminação dos Jogos do Rio colocou fim à geração vitoriosa do vôlei feminino brasileiro. A reconstrução não seria fácil. Seria necessária a mescla de jovens talentos com a experiência.

"Lembro bem quando a Fofão e a Walewska se aposentaram e voltaram, todos ficaram muito felizes. Tínhamos um parâmetro na nossa frente. A minha volta poderia ser importante, às vezes dando um conselho, uma palavra de conforto. Sei o quanto isso é necessário para a jovem", comentou Fabiana.

Aos poucos, Fabizona, como é carinhosamente chamada a jogadora de 1,94m, sinalizava a vontade de voltar a vestir a camisa amarela. Foi com José Roberto Guimarães, um conhecido de longa data para Fabiana, que seu desejo se tornou realidade.

"Quando eu parei, percebi que minha vida inteira foi aquilo, vestindo a camisa da Seleção. Ainda sou apaixonada por isso. Quando o Zé me chamou, pensei: 'por que não ajudar, né?' Ainda mais nesse projeto de renovação, sabia o quanto era fundamental, já passei por isso lá atrás e sei o quanto eu posso ser importante para as outras meninas", contou.

O retorno, contudo, teve um toque de dramaticidade. A central teve uma inflamação na fáscia plantar do pé direito e não conseguiu desempenhar seu melhor voleibol. Faltava algo a mais. Uma Olimpíada batendo na porta colocava a dúvida no ar.

Jogando no Hisamitsu Springs, do Japão, Fabiana fazia um trabalho voltado para os Jogos Olímpicos deste ano, em especial na parte física. Mas, a pandemia do novo coronavírus pode colocar por água abaixo toda uma preparação.

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Oi pessoal! Olá Brasil! 💚 Passando para falar um pouquinho do Campeonato Japonês de Vôlei. Infelizmente nem tudo tem saído como gostaríamos e estamos tendo alguns altos e baixos. Apesar desse começo instável, pra mim está sendo uma experiência de vida incrível que jamais pensei que poderia viver, dividindo a minha experiência e aprendendo tantas coisas novas no voleibol. Aqui é outra cultura, outra tática de jogo, outras responsabilidades, mas a alegria e a valorização de quem você é nunca muda, e todos fazem questão de lembrar disso todos os dias. Espero e sempre farei de tudo, para chegar na final, mas essa experiência aqui, independente do resultado final, jamais será esquecida. Que momento especial na minha vida! Deus, obrigada mais uma vez por essa oportunidade! ❤️ . . #nippon #volley #Vleague #hisamitsu #hisamitsusprings #jeitinhobrasileiro #capita #experience #motivacion

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"Quando se fala de Seleção, mexe com a gente, Olimpíada ainda… Eu esperava estar no grupo este ano, queria muito. Saí o ano passado pensando nisso, ter o foco de estar bem e conseguir ajudar. Entendo que é a melhor medida, mas dá tristeza. Um ano na vida de um atleta muda muita coisa", disse em tom ameno.

Apesar das incertezas e dos impactos que a pausa forçada vai causar, a disputa de uma quarta edição de Olimpíada não está descartada.

"Não tenho nada certo, nada decidido. Vou deixar rolar e tenho certeza que tudo vai dar certo", afirmou.

Dona de dois ouros olímpicos (2008 e 2012), sete Grand Prix (2004, 2006, 2008, 2009, 2013, 2014 e 2016), duas Copas dos Campeões (2005 e 2013) e um ouro pan-americano (2011), Fabiana é uma das maiores atletas e mais vitoriosas da história do esporte.

"Se me considero uma das maiores? Com certeza. Se eu não considerar, quem vai?", finalizou.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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