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Tênis

'Na quadra temos de manter o distanciamento na dupla', diz Marcelo Melo

Tenista brasileiro comenta sobre ausência de torcida e vida na 'bolha' criada para o Aberto dos Estados Unidos, primeiro disputado grand slam durante a pandemia

31 ago 2020 - 05h10
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Marcelo Melo já se acostumou a viver na "bolha" sanitária criada pela organização do US Open. Mas admite que jogar sem torcida e tentando manter o distanciamento social até mesmo dentro de quadra, a partir desta segunda-feira, em Nova York, será um desafio novo em sua vitoriosa carreira.

O ex-número 1 do mundo nas duplas revela que até o contato com o parceiro de jogo, o polonês Lukasz Kubot, mudou nos treinos e competições devido à pandemia do novo coronavírus. "Eu e o Lukasz não encostamos mais a mão. Falamos de longe como vamos jogar o ponto", disse o brasileiro, em entrevista ao Estadão.

Confira abaixo os demais trechos da conversa:

Como é jogar sem torcida?

Acho que o contato com o público é o que mais se perde. A torcida que está sempre presente de uma maneira tão especial, apoiando. Não tem esse calor do público. Logicamente é estranho você entrar na quadra, não ter a torcida, em um ponto legal para caramba, todo mundo batendo palma. Tanto para nós quanto para os jogadores de simples. Mas, independente disso, nunca vi tanto jogador feliz de estar podendo jogar tênis e competir novamente. E todo mundo está se adaptando a esse momento. As pessoas, o público, não podem estar presentes, mas estarão assistindo pela televisão. O público carente de assistir, agora pode acompanhar pela TV. Os jogadores, carentes de jogar, estão de volta.

Você se acostumou com a vida na "bolha"?

É uma situação muito atípica. Mas essa dinâmica da bolha passa a ser uma rotina que não é tão complicada assim, acaba acostumando. Temos de ficar sempre no hotel com a credencial. Descemos do elevador, os seguranças do US Open checam se estamos com credencial. Ficam sempre fazendo o rastreamento de onde estamos indo no hotel. Todas as áreas são fiscalizadas. Tem gel disponível. Precisamos usar a máscara. Quando vamos entrar no ônibus, já foi todo limpo antes. Na saída do hotel para o torneio, nossa temperatura é medida. E preenchemos um questionário todo dia de manhã.

Todos estão respeitando as regras de distanciamento?

Os jogadores estão se adaptando muito bem. Na quadra temos de manter o distanciamento na dupla. Eu e o Lukasz não encostamos mais a mão. Falamos de longe como vamos jogar o ponto. Sentamos mais afastado. Mas são coisas tranquilas de fazer. Às vezes até na quadra eu sinto falta da máscara, desacostumado de não estar com ela. Ficamos com a máscara o tempo todo, a não ser comendo, bebendo ou fazendo exercício físico.

Você se sente seguro na "bolha"?

Dentro da bolha está realmente muito seguro, com todos muito bem protegidos nela. Independente disso, pode acontecer algum caso. Mas todo o protocolo que estamos seguindo aqui é bem restrito. O mais importante é concentrar no que temos de fazer, no nosso dia a dia aqui. E cada um tem de seguir os protocolos, fazer sua parte, para que os torneios possam acontecer de maneira segura.

O US Open será o primeiro Grand Slam sem Federer e Nadal em 21 anos. O circuito está preparado para perder essa dupla no futuro?

Com certeza vão fazer falta. São dois jogadores ídolos de praticamente todos os tenistas. Muita gente tem o Federer e o Nadal como ídolos, uns 70%, 80% provavelmente, somando os dois. Então realmente eles fazem falta no circuito, até pelos jogadores também. Mas a gente sabe que faz parte. Foi uma decisão deles (não competir no US Open). E é difícil saber agora o que vai acontecer logicamente no futuro. Com certeza o tênis vai sentir. Foram dois jogadores praticamente os melhores da história. O tênis vai sentir isso. Não tem a menor sombra de dúvida.

A nova geração de tenistas vai dar conta de suprir a ausência destes dois ídolos no futuro?

É difícil suprir. Novos ídolos sempre surgem. Vão acabar surgindo. Mas suprir o Federer e o Nadal acho que vai ser muito difícil, prever que algum jogador irá fazer o que eles fizeram, pelo menos nessa próxima geração. De ganhar repetidamente, assim, Roland Garros, como o Nadal fez, Wimbledon, igual o Federer fez. Acho difícil acontecer por agora. Mas novos ídolos sempre vão surgindo, a cada geração, para manter o tênis vivo também.

Estadão
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