Alcaraz supera treta com juiz para erguer seu oitavo troféu no ano
No quarto game do primeiro set, Alcaraz recebeu uma advertência do árbitro por "estourar o tempo de saque".
Era noite abafada quando Carlos Alcaraz pisou na quadra da Ariake Arena, com o semblante tenso e já sentindo o peso que ele mesmo vinha carregando ao longo da temporada. Não era só mais uma final — era a chance de receber sua oitava taça, de reafirmar sua ascensão e de responder a quem o vê como prodígio inquieto demais. E ele não deixaria que nenhum obstáculo — humano ou técnico — lhe tirasse isso.
O adversário: Taylor Fritz, número 5 do mundo, já acostumado a duelos com o espanhol. O placar final: 6/4, 6/4 — em dois sets diretos, mas longe de simples. Noite adentro, Alcaraz insistiu, acelerou, sufocou o rival com devoluções precisas, movimentação constante e aquela inquietude de quem parece querer mais do que vencer — quer convencer.
Mas a luz que ofuscou o brilho da taça ocorreu bem antes da festa. No quarto game do primeiro set, Alcaraz recebeu uma advertência do árbitro Fergus Murphy por "estourar o tempo de saque" depois de uma longa troca de bola. O espanhol se revoltou: reclamou com veemência, questionou o critério, apontou que havia jogado uma troca longa, que precisava "respiro" entre pontos. Em tom áspero, mandou ao juiz: "Você nunca jogou tênis na vida". A tensão era palpável — para o público, um choque; para Alcaraz, uma quebra de plano momentânea que ele teve que absorver.
Depois do episódio, durante o intervalo entre o primeiro e segundo set, ainda houve outro breve momento de atrito — o juiz não cedeu em sua interpretação do relógio entre saques, e o espanhol não escondia o incômodo nos gestos e no olhar. A plateia, que até então vibrava com cada rebatida, passara a mirar cada palavra entre os homens da quadra.
Mas Alcaraz voltou a jogar — voltou a atacar. E foi no segundo set que a certeza despontou: ele quebrou o saque de Fritz num momento decisivo, manteve o serviço com firmeza, usou sua potência no forehand e se impôs. Ao levantar a taça, exausto e aliviado, parecia carregar mais do que um título: carregava uma mistura de frustração contida, ânsia acumulada e redenção.
É seu oitavo troféu no ano — marca reservada a poucos gigantes do tênis moderno. Com isso, o espanhol reforça sua aura e deixa uma mensagem clara: não teme nem a pressão, nem a falha, nem — ao que parece agora — o juiz que se mete demais. Que venham os próximos desafios, pois Alcaraz parece disposto a responder em quadra.