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Stephan Steverink, a promessa da natação cobiçada por Brasil e Holanda

Nadador de 15 anos, filho de pai holandês e mãe brasileira, brilha nas categorias de base dos dois países

22 jan 2020 - 18h20
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Uma das grandes promessas da natação, Stephan Steverink está dividido entre dois países. O menino de 15 anos é filho do empresário holandês Sander Steverink e da médica pernambucana Gisélia Freitas. Portanto, ele é meio brasileiro e meio holandês. Por conta da dupla nacionalidade, o nadador vem competindo - e quebrando recordes - tanto nas categorias de base do Brasil como da Holanda. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) monitora de perto a evolução do nadador de olho nos próximos ciclos olímpicos.

O menino reconhece a divisão de seu coração entre as duas nações, mas afirma que as porções não são iguais. "Eu competi na Holanda para adquirir mais experiência e bagagem. Já quebrei vários recordes lá. Acho que a tendência é ficar no Brasil. É o que minha mãe quer. Quero terminar o Ensino Médio aqui. Caso aconteça alguma coisa, nós vamos pensar. Sou 75% brasileiro", disse o menino que só sabe falar bom dia, boa tarde e alguns palavrões em holandês.

Stephan explica que pode continuar defendendo os dois países em torneios nacionais. Para os internacionais, é preciso morar no país. "Eu disputei o Sul-Americano Juvenil pelo Brasil. Se eu quiser representar a Holanda, eu terei de morar lá por um ano. Para a Olimpíada, terei de ficar lá por dois anos", diz o nadador, citando o regulamento da Federação Internacional de Natação (Fina).

No Brasil, Steverink estabeleceu novo recorde brasileiro nos 1500 metros nado livre Juvenil I em Vitória (ES), no ano passado. O atleta da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de São Paulo nadou a prova em 15:26.77, baixando o recorde brasileiro em quase 20 segundos. O tempo foi tão bom que ele nadou abaixo do recorde brasileiro do Juvenil II, que está acima da sua categoria. No ranking brasileiro absoluto de 2019, que considera todas as categorias, o menino ficou com o quarto lugar.

A marca é expressiva também no contexto internacional. No ranking da sua faixa etária, para atletas nascidos em 2004, foi a melhor marca. O recorde americano dos 1500 metros nado livre desta faixa pertence a Bobby Hackett que fez 15:03.91 em 1976. Para a Olimpíada, o índice é 15min00s99.

Ele já foi cinco vezes à Holanda, sempre com ótimos desempenhos. Pieter Van den Hoogenband, dono de três medalhas de ouro olímpicas, era o recordista sub-13 nos 200m livre. A marca durou até a chegada de Stephan. No sub-15, o brasileiro é recordista nos 200m peito, 200m e 400m medley. Nos 800m livre, seu tempo no Juvenil é 21 segundos melhor que o recorde de Hoogenband. O menino conta que percebeu olhares de estranhamento quando foi competir lá na primeira vez. No final da prova, o estranhamento virou incredulidade.

"A primeira vez que fui à Holanda para nadar foi em 2017. Meu pai queria. Muita gente achava que meus tempos eram mentira. Alguns técnicos brincaram dizendo que eu estava de mudança para lá e que, por isso, todo mundo tinha de nadar mais rápido", disse o nadador do PSV Eindhoven especialista nas provas dos 400m medley e 1500m.

Depois do Campeonato Brasileiro, quando Stephan conseguiu uma enxurrada de bons resultados, o COB ofereceu suporte para o desenvolvimento do atleta. Ele foi formalmente convidado para participar de uma fase especial de treinamentos durante a seletiva olímpica, no Troféu Maria Lenk, em abril. Stephan conta que os dirigentes holandeses são bastante solícitos quando ele está lá. Neste ano, Stephan ainda não tem nenhuma viagem programada para as piscinas holandesas.

O desempenho de Stephan tem sido tão surpreendente - ele está distante apenas seis segundos do índice olímpico nos 400m medley - que colocou uma dúvida na cabeça do treinador, Eric Sona. "Eu me questiono se o correto seria estimulá-lo para buscar o índice para Tóquio. A seletiva olímpica acontece dentro de três meses. Mas ele estava de férias, o que é justo pelo ano que ele teve. Os grandes nomes da natação brasileira não tiveram férias. Eu me preocupo com essa cobrança precoce, pois ele tem 15 anos", explica.

Por isso, o foco será os Jogos de Paris. Sua programação anual inclui o Campeonato Brasileiro, mas também a seletiva olímpica para continuar sua evolução. Stephan tem chances reais de estar numa final, o que seria um grande feito para um garoto de 15 anos. Hoje, ele está no ranking dos três melhores nos 400 m medley.

"Temos uma meta visando Paris 2024. Com a mente de adulto que ele já tem, ele terá um corpo maduro e estará preparado para uma Olímpiada", diz o treinador que é um dos principais responsáveis pela evolução de Stephan.

Estadão
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