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Sonho de ser "boleiro" fez de Cairo Santos o primeiro brasileiro da NFL

12 jan 2017 - 09h06
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A história de Cairo Santos poderia facilmente se confundir com a história de tantos outros jovens brasileiros que sonham em se tornar um jogador de futebol de sucesso. Desde criança, o jovem paulista vivia chutando bolas no quintal de sua casa. Mas, em um momento, a vida de Cairo deixou de ser chutar a bola em seu quintal e passou a ser chutar a bola oval de futebol americano nos gigantescos campos dos Estados Unidos da América.

Primeiro e único atleta brasileiro a atuar profissionalmente na NFL, principal liga de futebol americano nos EUA, Cairo Santos é kicker do Kansas City Chiefs, time da região central do país. Responsável por anotar pontos decisivos através de field goals e extra points, Cairo tem participação constante no desempenho da equipe. Vivendo sua melhor temporada em aproveitamento na liga, o brasileiro ajudou a franquia a chegar nos playoffs, espécie de fase mata-mata do torneio.

O jovem de 24 anos chegou ao time de Kansas City em 2014, depois de não ser escolhido no Draft, principal forma de seleção de atletas vindo das universidades norte-americanas para a NFL. Cairo teve que passar pelo NFL Combine, a principal "peneira" da liga, para poder mostrar seu potencial. Depois do bom desempenho, Santos foi contratado pelos Chiefs e, após poucos meses, tomou conta da posição de kicker, assumindo a titularidade do time.

Cairo teve o primeiro contato com o esporte da bola oval ainda no colegial. Estudando nos Estados Unidos e praticando o nosso futebol, conhecido no país como soccer, o brasileiro foi introduzido ao football por meio de amigos, que logo viram seu potencial para chutar forte - um dos requisitos para um bom kicker.

"Vim aqui para ficar um ano no high school e jogar soccer, o nosso futebol. Mas os amigos que eu fiz na escola me convenceram a migrar e tentar a posição de kicker no futebol americano. E eu não sabia nada de futebol americano, só sabia jogar futebol. Mas a semelhança que tem a posição de kicker com o futebol, se assemelhando a cobrar uma falta, me fez gostar da posição", declarou em entrevista à Gazeta Esportiva.

Depois de se apaixonar pelo esporte da terra do Tio Sam, Cairo ganhou bolsa de estudos na Universidade de Tulane, e começou a mostrar que levava jeito para a coisa. Em uma ótima temporada chutando pela faculdade, o jovem recebeu o prêmio Lou Groza, o que para ele foi fundamental para entrar no radar da principal liga de futebol americano do mundo.

"Acho que foi o que me colocou no radar dos técnicos da NFL. Porque os meus dois primeiros anos foram razoáveis, não tive atuações suficientes para chegar a me destacar. Mas tive um desempenho perfeito em 2012 e foi exatamente o que eu precisava para seguir com esse sonho", declarou.

O sonho citado por Cairo Santos, no entanto, quase se encerrou por um grande drama pessoal. Vivendo um dos seus melhores momentos, Santos teve que se deparar com a morte de seu pai.

"Meu último ano na universidade teve muitos altos e baixos, então foi difícil ter foco para seguir. Eu me preocupava bastante com a minha família no Brasil, pensando até em voltar. Mas o sucesso que eu tive nos jogos da faculdade e chutes que decidiram jogos (me fizeram seguir)", declarou. "Depois fui convidado para entrar no NFL Combine. Eu fui e tive um bom desempenho lá. Então foi isso que me animou e me deu mais credibilidade para seguir, já que tive uma chance de chegar à NFL", completou.

Hoje, consolidado no esporte favorito dos norte-americanos, Cairo Santos é o embaixador da NFL no Brasil, cargo que o atleta tem muito orgulho de ocupar.

"Eu tive a oportunidade de me juntar com a NFL no ano passado e ter o papel de embaixador. Este ano quero a mesma coisa. Tenho muito interesse de fazer. Eles adoraram o sucesso que a gente teve. Queria um projeto maior ainda, visitar mais cidades. E acho que o objetivo maior do Brasil e da NFL voltado ao Brasil é fazer um jogo no país. Eles vem trabalhando muito para isso. Acredito sim que vai acontecer. Estamos no caminho certo", projetou.

Agora, o brasileiro espera que, com o crescimento do esporte e sua carreira de sucesso na NFL, o esporte e a liga norte-americana se consolide no país.

"É meu grande objetivo fora de campo. Meu maior sonho é que muitos brasileiros possam ter o sonho que eu tive, tenha o interesse de assistir a um jogo de NFL de pertinho. Eu sendo o único brasileiro atualmente assumo esta responsabilidade, de fazer isto acontecer. Ou pelo menos colocar o Brasil no caminho certo para chegar a este ponto. Então, o primeiro foco é atuar bem, continuar ganhando reputação e durar na NFL por muitos e muitos anos. Mas fora de campo é fazer esta ligação entre a NFL e os fãs brasileiros", afirmou.

Apesar do tamanho do esporte nos EUA, Cairo afirma que é mais facilmente reconhecido por fãs e torcedores no Brasil do que em Kansas, muito por conta de sua posição não ser muito badalada no esporte.

"Fizemos uma sessão de autógrafos em um shopping de São Paulo e apareceu uma fila. Eu vejo isso somente com os astros da NFL nos EUA, com jogadores do patamar do Tom Brady. Este é um assédio que eles recebem. Kicker é mais na boa aqui nos Estados Unidos. Mas eu ter este reconhecimento no Brasil me deixou orgulhoso. Foi muito legal sentir isso", afirmou.

* Especial para a Gazeta Esportiva

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