Seleção Brasileira: procura-se um líder
Tite gostaria de um capitão como foi Dunga; na falta deste jogador, faz rodízio na função
A forma passiva com que o time reclamou da arbitragem no gol irregular de empate da Suíça, no domingo, expôs um problema da atual Seleção: a falta de um líder em campo, de um capitão que tenha autoridade para falar e ser ouvido. Marcelo, a quem coube a função no primeiro jogo, não tem o perfil para exercer essa liderança no grupo.
O técnico Tite sabe disso – tema de algumas reuniões dele com seus auxiliares ao longo dos últimos meses. Por isso, estabelece um rodízio de capitães desde que chegou à Seleção em junho de 2016. Foram 16 até agora.
Internamente, Tite já comentou qual seria o cenário ideal – que a equipe tivesse alguém como Dunga, referindo-se ao papel do capitão do título de 1994.
O então volante não só orientava seus colegas e cobrava deles empenho em campo, como era o primeiro a protestar contra a arbitragem em várias situações de jogo. Sabia fazer isso sem ser advertido com cartões.
Assim como Dunga, a Seleção ganhou outros mundiais com nomes de peso que usavam a braçadeira de capitão. Mais recentemente, em 2002, Cafu desempenhou muito bem essa liderança em campo. Em 1970, Carlos Alberto Torres tinha um estilo parecido e gozava de prestígio.
Em 1958, com Bellini – exemplo de seriedade e lealdade aos adversários –, e, em 1962, com Mauro, a Seleção também esteve bem representada. Falta agora a Tite tentar resolver isso. Neymar já viveu essa experiência e não se saiu bem. Além disso, ele mesmo não se sente confortável com a missão.