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Carneiro, do São Paulo, pode pegar 4 anos de gancho; psicólogo analisa depressão no futebol

Atacante uruguaio, com contrato suspenso desde abril, será julgado nesta quinta-feira em Brasília

17 out 2019 - 04h41
(atualizado às 06h35)
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O atacante uruguaio Gonzalo Carneiro será julgado nesta quinta-feira pelo Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD), em Brasília. O jogador pode pegar um gancho de até quatro anos fora do futebol por ter sido pego em exame antidoping por uso de cocaína em abril.

Carneiro está afastado preventivamente desde abril e não pode frequentar o CT do São Paulo. Ele teve contrato suspenso, mas o clube enviará um advogado para acompanhar o julgamento do caso. O atacante será defendido pelo advogado Bichara Neto, responsável pela defesa de Guerrero, do Internacional.

A punição de quatro anos é a máxima para esse tipo de caso. No ano passado, Diogo Vitor, jogador do Santos, recebeu um gancho de dois anos por ter usado cocaína.

Na época que foi pego no antidoping, Carneiro apresentava quadro de depressão. Mais tímido, o uruguaio tinha dificuldades para se relacionar no elenco do São Paulo. O empresário do jogador, Pablo Bentancurt, disse na época à rádio "Sport 890", do Uruguai: "O garoto cometeu um erro. A depressão é um assunto complicado. Não sabia o que ele consumia. Pensava que era um cigarro".

Neste cenário, o Estado conversou com Eduardo Cillo, psicólogo do esporte, que analisou os casos de depressão no futebol. Para o profissional, a rotina estressante e a falta de preparação adequada dos atletas influenciam no surgimento dos casos.

Veja abaixo a análise de Eduardo Cillo

"O uso de substâncias lícitas ou ilícitas, mas com funções dopantes, recreativas e medicinal, é um problema social, ultrapassa os vestiários esportivos, tem muito a ver com o estilo de vida com pressão, ansiedade, oscilando para estado depressivos. Só que quando isso acontece no mundo esportivo, chama mais atenção porque são pessoas públicas e que trabalham com seus corpos, então parece ser um comportamento mais autodestrutivo ainda.

O atleta tem uma rotina bastante estressante, principalmente no caso de jogador de futebol, porque o calendário dá poucas folgas e o jogador fica restrito ao convívio com colegas de time. A vida social tende a ser mais empobrecida. E é difícil lidar com esse contexto de alta exigência, ele gera ansiedade e estados depressivos, você perde muito mais do que ganha, só um time é campeão.

Não cabe a mim discutir a legislação, mas sim a situação antecedente. O atleta precisa de cuidado desde as categorias de base para saber o que vai enfrentar e para que ele possa ter recursos para isso. Defendo que precisamos cuidar das condições, porque daí diminuiremos casos que acabam com esse fim.

Na forma que a situação é conduzida, o prejuízo é muito grande poder pegar quatro anos de suspensão. É preciso pensar, sim, quais as consequências para a vida desse atleta. Não cabe a mim julgar, mas avaliar que podem ter efeitos drásticos. Acho que os clubes poderiam investir mais, pensar que existe o lado humano do jogador, não só uma peça de uma engrenagem que só serve quando está jogando."

Estadão
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