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Seco e perfeccionista, Sampaoli conquista atletas do Santos com obsessão pelas vitórias

Treinador descarta o estilo 'paizão' na hora de comandar o líder do Campeonato Brasileiro

17 ago 2019 - 04h41
(atualizado às 13h38)
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Mesmo sem adotar o estilo "paizão" que alguns técnicos utilizam para conseguir o comprometimento dos atletas, o técnico Jorge Sampaoli tem o elenco do Santos nas mãos. Seus trunfos são um profundo conhecimento de variações táticas, um jeito claro e direto de falar e um estudo minucioso dos rivais antes das partidas. O treinador argentino levou o Santos à liderança do Campeonato Brasileiro conquistando a cabeça dos atletas, mesmo sem ser um modelo de simpatia.

"Cada técnico tem sua própria maneira de trabalhar. O Sampaoli busca sempre a intensidade dentro do jogo. É um treinador vencedor. O modo é bem diferente do habitual. Nós, jogadores, temos a missão de assimilar os métodos dele", diz o meia Carlos Sánchez.

Sampaoli não fala muito com os jogadores. Ele cumprimenta com um "bom dia" seco e não fica na "resenha", aquela conversa descontraída que acontece em geral após os treinos e faz os atletas se sentirem mais próximos dos comandantes. Ele só se permite esses momentos de informalidade com alguns poucos eleitos, como Diego Pituca, atleta que se destaca por ser metade meia e metade volante, Carlos Sánchez, a voz do treinador dentro de campo em função da experiência, e Soteldo, o xodó que o treinador pediu para o Santos pinçar no chileno Huachipato por R$ 13 milhões.

Ele conversa bastante com os argentinos Jorge Desio, seu parceiro há mais de 25 anos, Carlos Desio, Pablo e Marcos Fernández. Sua comissão tem um espaço exclusivo no CT Rei Pelé. A relação com os membros da comissão técnica permanente do clube é protocolar.

Com oito meses de trabalho, o treinador é centralizador e gosta de tudo do seu jeito. Ele evita que funcionários do clube assistam aos treinos, pois teme o vazamento de informações. Pessoas próximas à diretoria santista asseguram que os treinos valorizam a movimentação - os atletas têm poucas posições fixas -, a intensidade e a marcação na saída de bola do rival. Tudo o que levou à sequência de sete vitórias seguidas, interrompida na última rodada do Brasileirão, na derrota para o São Paulo. Algumas pessoas que viram os treinos, fechados à imprensa na maioria das vezes, fizeram relação com as atividades que Dorival Junior desenvolvia.

Sampaoli compensa o estilo carrancudo com um profundo conhecimento tático e estudos minuciosos dos rivais. Ele costuma estudar todas as variações ofensivas e defensivas que o adversário pode apresentar. Quer antever o que vai acontecer. Ele é claro no que pede e não costuma complicar as instruções para os atletas. Foi com essas características que ele ganhou o elenco santista. "O Sampaoli chegou surpreendendo não só a imprensa e torcedores, mas também a nós, jogadores. Um cara muito humano, que cobra bastante, perfeccionista. Podem ver pelo nosso desenho tático, dificilmente um jogador foge daquilo que ele pede", elogia Victor Ferraz.

Para o goleiro Everson, que ganhou a posição de Vanderlei graças à sua habilidade com os pés, algo fundamental no estilo de jogo de Sampaoli, o treinador motiva os jogadores por causa do estilo ofensivo. "É prazeroso ver o time tocando a bola no ataque, jogando sempre pra frente, com marcação alta", diz o goleiro.

A torcida idolatra o treinador que levou o Chile ao primeiro título de sua história com a conquista da Copa América 2015. Ele retribui com atenção e simpatia para os torcedores, principalmente os mirins. Ele se aproximou de um grupo de crianças que vê os treinos de cima de uma árvore. Deu pares de chuteiras e camisas do time e ganhou uma bandeira com seu rosto. "Não entendo (o carinho). Tenho certeza que tem algo a ver com a seleção chilena, me sinto muito respeitado aqui e isso me surpreende", revelou.

Figura comum no canal 3, entre as praias do Boqueirão e Gonzaga, onde joga futevôlei ou beach tennis (o popular frescobol), Sampaoli trocou um apartamento no hotel Parque Balneário, no Gonzaga, por uma casa alugada em um condomínio de luxo, no morro Santa Terezinha, região nobre de Santos. Não quer morar em São Paulo e sempre elogia a cidade de Santos.

Estadão
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