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Perfil tático de Sampaoli: o que esperar do Santos em 2019

17 jan 2019 - 09h12
(atualizado às 09h12)
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Jorge Sampaoli chegou ao Santos cercado das mesmas expectativas que sempre pairam sobre os nomes estrangeiros que desembarcam no Brasil, ou seja, que possa trazer algo novo ou inovador. Com contrato de dois anos, o técnico argentino de 58 anos comandará o Peixe em um início de temporada conturbado, com algumas indefinições sobre o elenco e poucas contratações.

O último trabalho de Sampaoli, pela seleção argentina, foi um fiasco. Apesar disso, o técnico tem em seu histórico uma passagem brilhante pela Universidad de Chile, onde conquistou a Sul-Americana de 2011, e um trabalho memorável dirigindo a seleção chilena.Venceu a primeira Copa América da história do país, em 2015, além de ter eliminado na fase de grupos a até então campeã da Copa do Mundo Espanha, em 2014.

O treinador autointitula-se bielsista. O adjetivo é uma referência ao técnico compatriota Marcelo Bielsa, que hoje atualmente treina o Leeds United, da Inglaterra. Foi treinador da seleção argentina entre 1998 e 2004, e no Brasil ficou conhecido quando treinava o Newell's Old Boys e perdeu a final da Libertadores de 1992 para o São Paulo. Um dos principais entusiastas do futebol propositivo, Bielsa moldou muito da mentalidade e dos conceitos de jogo de Sampaoli.

O novo treinador do Peixe é convicto de suas ideias em relação à ofensividade, porém mostra-se flexível no momento de escalar os 11 jogadores e a organizar a disposição do time em campo. Um dos principais méritos de Sampaoli é adaptar o time que coloca em campo de acordo com as características de seus jogadores e, principalmente, com a forma que o adversário joga.

Ordem é sufocar o rival

Independentemente dessas variações, é possível elencar uma série de características sempre presentes em seus times. A principal delas é certamente a pressão incessante sobre a bola. Isso significa que, não importa qual seja o setor no qual o adversário esteja com a posse, seus comandados serão constantemente orientados a pressionar a outra equipe para recuperar a bola.

Esse é um dos principais motivos que tornam os treinos de Sampaoli tão intensos. No CT Rei Pelé, os treinamentos da pré-temporada exigiram muito fisicamente dos jogadores, sempre buscando a recuperação da bola. O treinador preza pela pronta reação após a sua perda para iniciar uma nova jogada em uma posição favorável em campo, mais próxima do gol adversário.  

Outro ponto que devemos observar no Santos sob o comando de Sampaoli é uma equipe que terá muita posse de bola. Entretanto, os times do argentino não buscam um domínio estéril da bola, sem objetividade. Os passes costumam ser verticais e buscando sempre os jogadores de ataque. Para isso, os zagueiros posicionam-se com uma linha alta, próxima do círculo central, com o objetivo de diminuir a distância entre os defensores e atacantes.

Os laterais do Peixe serão fundamentais para o esquema do novo treinador. O comandante busca organizar sua equipe com os laterais proporcionando amplitude ao ataque. O objetivo desse mecanismo é "alargar" o campo, forçando a linha defensiva adversária a se espalhar e criando espaços para a infiltração dos meias e atacantes. Além de instruir seus laterais a avançarem até a linha de fundo e cruzar, Sampaoli pede que muitos jogadores cheguem à área para finalizar e, eventualmente, pegar o rebote.

Variações em campo

Em termos de formação tática, o argentino costuma posicionar seus jogadores de uma forma que o esquema seja híbrido. Isso significa que, durante a partida, os atletas podem mudar de posição de acordo com as situações de jogo. Para isso, Sampaoli costuma optar por um time que alterne entre o 4-3-3 e o 3-4-3.

Quando a equipe passa a jogar com uma linha defensiva de três jogadores, os dois zagueiros ganham a companhia de um terceiro homem. Essa alteração pode acontecer tanto com o recuo do primeiro volante para a zaga, quanto com um dos laterais posicionando-se como defensor. No Santos, é possível que Alison, jogador que não tem credenciais técnicas para participar da construção do ataque das equipes de Sampaoli, seja esse curinga.

Para compor a zaga, o técnico contará com quatro bons nomes: Lucas Veríssimo, Gustavo Henrique, Luiz Felipe e o recém contratado Felipe Aguilar, que atuava pelo Atlético Nacional. Luiz Felipe chamou a atenção do argentino nos treinamentos por conta da qualidade da saída de bola e tem tudo para ser titular absoluto na temporada. Ao seu lado, Aguilar, que chegou como indicação de Sampaoli, deverá ser o escolhido para completar o setor. O zagueiro colombiano tem habilidade para sair jogando, sendo o melhor passador do Campeonato Colombiano de 2018.

Outra possibilidade é o técnico escolher três zagueiros para o time titular, liberando os laterais para atuarem como alas. Independentemente da quantidade de defensores escolhidos, certo é que os zagueiros terão função importante na saída de bola da equipe juntos ao goleiro. Sampaoli inclusive disse à diretoria que gostaria de contar com um arqueiro que saia jogando bem com os pés.

Para as laterais, Victor Ferraz será o dono da posição pela direita, sendo importante na produção ofensiva da equipe com sua boa qualidade de passe. Na esquerda, o único nome do elenco é Ourinho. Como o time pode atuar com três zagueiros, uma alternativa seria posicionar um jogador mais ofensivo para ser um ala, como Jean Mota ou Copete.

Os dois meio-campistas têm a função de ser o elo entre defesa e ataque, participando ativamente da transição ofensiva, além de serem importantes para pressionar o adversário em busca da recuperação da bola. Esses dois jogadores precisam ter capacidade técnica de articular bons passes na condução do time ao ataque. No elenco atual do Peixe, Pituca e Sanchéz são os principais jogadores com essas características.

No ataque, Sampaoli raramente opta pela presença de um centroavante. Sua preferência é por três jogadores de maior mobilidade, que busquem movimentações em diagonal nas costas dos zagueiros adversários, dando profundidade ao time. Outra exigência do treinador são muitas triangulações com os meio-campistas nos espaços entrelinhas do oponente e com os laterais posicionados nas extremidades do campo.

Com Rodrygo na seleção sub-20 para a disputa do Sul-Americano da categoria, o Santos deve começar a temporada com Bruno Henrique, Derlis González e Felippe Cardoso. Entretanto, com a volta da revelação santista depois do torneio de categoria de base, o ataque poderá ser escalado com Bruno Henrique pela esquerda, Derlis González pela direita e Rodrygo por dentro, com liberdade de movimentação, atuando como "falso 9". O reforço Yeferson Soteldo tem características de mobilidade e deve brigar por uma das vagas pelas pontas.

* especial para a Gazeta Esportiva

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