Rodrygo: "Futebol espanhol é mais intenso que brasileiro"
Brasileiro chegou sem muita expectativa ao Real Madrid e, em pouco tempo, acumulou uma série de atuações relevantes
Rodrygo chegou ao Real Madrid em junho deste ano com expectativas baixas da torcida merengue e da imprensa espanhola. Ninguém levava muito a sério a possibilidade de aquele garoto de 18 anos, recém-chegado do Santos, jogar no time principal, cheio de craques badalados - seu destino, diziam, era a equipe B.
Menos de seis meses depois, no entanto, as coisas mudaram. E muito. Zinedine Zidane, o misto de técnico e ídolo do Real Madrid, gostou de Rodrygo assim que o viu e decidiu que ele já poderia ser atirado às feras.
O menino de Osasco não se intimidou e mostrou que o francês estava com a razão. Com maturidade incomum para a sua idade, o atacante não tremeu diante da responsabilidade e passou a acumular uma série de atuações relevantes.
A melhor delas foi contra o Galatasaray, em 6 de novembro, pela Liga dos Campeões da Europa. Rodrygo marcou três gols na goleada por 6 a 0, tornando-se o brasileiro mais jovem a anotar um tento no maior torneio de clubes do mundo. Foi o bastante para a torcida e a imprensa se apaixonarem por ele. Rodrygo foi capa de alguns jornais importantes da Espanha.
De quase desconhecido, o brasileiro foi elevado à condição de estrela ascendente. No caminho, deixou para trás Vinicius Junior, outro prodígio brasileiro que o Real comprou a peso de ouro e que tem encontrado dificuldades para se firmar. É verdade que o ex-santista não desfruta do status de titular do time de Zidane, mas ele se tornou uma peça importante para o treinador e ninguém na Espanha cogita mais a possibilidade de ele jogar no time B.
Em entrevista ao Estado, Rodrygo fala com orgulho de suas primeiras conquistas na Europa, mas reconhece que está apenas começando no futebol e que ainda precisa fazer muito mais no clube espanhol e na seleção brasileira, para a qual foi convocado recentemente pela primeira vez por Tite.
Você ficou surpreso por ter recebido tão rapidamente a oportunidade de jogar na equipe principal do Real Madrid?
Eu costumo dizer que tenho de estar preparado para as oportunidades. Me preparei para chegar aonde estou e fico feliz pelas oportunidades. Mas ainda é muito cedo, tenho muito para evoluir e vamos seguir trabalhando em prol do clube.
Ser treinado por uma lenda do futebol mundial como Zidane é uma emoção especial? Como é seu relacionamento com o francês?
No início você tem aquela coisa de fã, de admiração, mas depois temos de ter uma relação profissional, de treinador e atleta. E é isso o que tem acontecido. O Zidane é um cara que tem uma história linda no futebol, como atleta e como treinador, e nos ensina muito a cada dia. Fico feliz de trabalhar com ele e de poder aprender. O relacionamento é ótimo, é uma excelente pessoa e que trata a todos muito bem.
Qual é a sensação de, com apenas 18 anos, fazer parte de um elenco cheio de grandes estrelas, como Hazard, Modric e Benzema?
Todos no clube me trataram muito bem, desde a minha chegada, e me deixaram muito à vontade. Isso me deixou bem tranquilo para trabalhar e para ter uma ótima relação com todos no dia a dia.
Quais são as diferenças mais importantes que você observou entre o futebol jogado no Brasil e o jogado na Espanha?
Ainda é cedo para fazer comparações e tirar conclusões, mas o que dá para tirar de diferente é a intensidade. Na Europa, o futebol é mais intenso do que no Brasil. Com (Jorge) Sampaoli, pela experiência dele fora do Brasil, já tínhamos muito disso nos treinos, algo que tem me ajudado muito na Espanha. Aqui é algo diário e nos jogos também.
Como é viver na Espanha? É mais fácil ou mais difícil do que você esperava?
Está sendo muito bom, bem tranquilo. Estou com a minha família, o que me dá tranquilidade para pensar apenas em jogar futebol. É um povo muito acolhedor e apaixonado por futebol.
O que você aprendeu de mais importante até o momento no futebol europeu?
Aqui eles procuram os pequenos detalhes, para que tudo dê certo. Há uma organização impressionante e um nível de exigência muito alto. Sempre me cobrei e sempre procurei fazer o meu melhor todos os dias no Santos, então é uma filosofia de trabalho com a qual me identifico e que tenho procurado aproveitar ao máximo.
A convocação para a seleção principal chegou antes do que você imaginava?
Era um objetivo de carreira, mas é difícil dizer se veio antes do que imaginava. É algo que a gente não pode ficar esperando. Tenho de trabalhar, fazer o meu melhor no clube e as convocações vão ser consequência. Sei que ainda sou muito novo, mas o Tite tem chamado atletas jovens para observar e para já dar experiência. Foi muito bom estar lá (esteve no grupo que enfrentou Argentina e Coreia do Sul, em novembro) e vou continuar trabalhando para fazer o meu melhor no Real Madrid e, consequentemente, poder ter novas oportunidades.