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Ex-gestores do Santos acusam presidente de abusar do poder; Peres responde

14 ago 2018 - 23h39
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Andres Rueda e Urubatan Helou pediram para deixar o Comitê de Gestão do Santos em julho e explicaram a decisão na noite desta terça-feira, em reunião do Conselho Deliberativo na Vila Belmiro.

A dupla acusou o presidente José Carlos Peres de abusar do poder, sem consultar o colegiado. O mandatário resumiu assim a situação:

"Como presidente do Santos, agradeço o tempo que todos se dispuseram a participar do Comitê de Gestão durante este período. Tenho certeza que outros chegarão para contribuir com o clube. Temos um modelo de gestão único com uma entidade inexistente em qualquer grande clube da série A ou mesmo paralelo em clubes bem sucedidos na Europa. Entendo ser fundamental a discussão, detalhamento e revisão do papel do Comitê de Gestão em estatuto para que tal órgão não seja fonte de paralisia ou jogo político como o é infelizmente hoje", disse o presidente.

Andres Rueda

"Venho prestar esclarecimento ao Plenário, que é quem me colocou lá. Esse é o motivo de explicar a saída. Fiquei frustrado em participar duas vezes do CG e ter que sair em seis ou sete meses. As passagens no CG me trouxeram experiência clara do que acontece de errado na parte de gestão do clube. Não somente as pessoas, nosso clube tem cultura presidencialista onde uma pessoa manda e o resto obedece. Isso sempre aconteceu, embora nosso Estatuto moderno não preveja isso. Pede inteligentemente decisões colegiadas no CG, com todo mundo palpitando, votando e se faz o que a maioria escolher. Isso nas decisões importantes impactaram em dívida, falcatura, podridão. Essas decisões nunca aconteceram. Vou citar algumas: Damião, Geuvânio, Leandro Donizete, Neymar. Duvido que tenham aprovado essa tentativa de. Caso recente do equatoriano e por aí vai. Nosso problema é um só: nosso estatuto pede uma coisa e não se faz isso quando não interesse. Quando é abobrinha, sim. Vou colocar cinco itens de coisas que vivi no CG para entenderem isso e motivo da saída:

1) caso equatoriano. levaram ao CG, jogador presente, Lica presente. Proposta de aquisição de 100% por 350 mil dólares. Vamos pesquisar, jogador bom de seleção, estava no Palmeiras, Santos sem muito dinheiro e pagamento parcelado. Vamos ficar? Maravilha. Para o nosso espanto, o relatório da CF mostra que aprovamos 350 mil euros por 50%. Foi motivo de reunião, comentei que erramos e corrigiríamos. Nós do CG chegamos no Peres e dissemos que não foi aprovado e que tem erro. No português claro, impossível errar com CNPJ, nome, empresa. Haja erro. Ou é erro é tentativa de roubo. Peres falou que estava chamando de ladrão, disse que não, mas que leva a crer que está errado e o CG quer a cabeça de alguém. Peres deu a cabeça de uma pessoa. Do gerente jurídico. Pensei muito se ia comentar isso. Mas faço questão de proteger, vou dar esse direito. Conversei com ele e falei da demissão pela suspeita.

2) México: foi colocado pelo presidente dos amistosos, 100 mil dólares por jogo, e não recebemos nada… É um caso bom para ver a falta de consideração. O CG tem um grupo no whatsapp para discutir as coisas. E diferente de tudo que falam de atraso, votamos em três minutos e anexamos. Peres colocou para falarmos de quem queria chefiar. José Carlos de Oliveira falou que gostaria de ir. CG vota e Zé Carlos de acordo. Seo Peres entra e fala que quem vai é o Pedro Doria. Pera aí, você está de brincadeira. Pergunta quem quer ir, votamos e fala que não? Votação unânime! Ele falou que veta e quem vai é o Pedro. É idiotice, mas é para vocês sentirem.

3) Zeca x Sasha: foi levado ao CG 50% para lá e cá, sem comissão, só temos que comprar parte do empressário. Compensava, era barato… Vimos na CF e ninguém aprovou 1,5 mi de luva e 1 milhão e pouco para empresário. Não foi uma decisão colegiada e o que prega o estatuto.

4) funcionários: quando CG foi composto, uns 20 dias depois da gestão, e contratações políticas já tinham sido feitas. CG foi claro, o que estava feito foi feito, mas foi claro que o CG por estatuto tem que aprovar demissões e contratações. Eu diria que o CG aprovou do Frazão e Rodrigo tão e somente. Mais nenhuma. Ricardo Gomes? Foi imposto um diretor pelo CG. Ninguém foi consultado. Foi tudo feito sem consenso do CG.

5) se tem órgão que eu adoro é a Comissão Fiscal, salvação do clube. É uma sugestão: por que não colocar um quadrinho dizendo que as decisões não foram aprovadas pelo CG pela ata? É só isso. Isso fere o estatuto. Estatuto que se mude, mas hoje prega que CG tem que ser ouvido. Seria importante para os conselheiros poderem cobrar. Vi a escolha da comissão para administrar o dinheiro do Rodrygo: fico preocupado porque isso demonstra a não clareza da situação financeira do plenário. Vamos administrar o que? precisamos de 100 e pouco para fechar o ano. É para fechar o ano com despesa corrente. E pode faltar, tem que vender. A gente está vendendo zagueiro, até isso! Não adianta chorar. Única solução a curto prazo é regulamento interno do CG obrigando que todo contrato tem que constar na ata em anexo. Se não tiver, é uma peça juridicamente inválida. Isso vai evitar desvios e roubos. Se toda essa bandidagem tivesse que ter aprovação do CG, não seria feita. 90% daquelas coisas do Modesto não foram. E daqui a dois anos podemos estar iguais, metendo pau no Peres sem acontecer nada. Não é discurso político e nada contra o Peres: ou a gente resolve ou não se sabe.

Urubatan Helou

"Venho justificar minha saída do CG: a partir de amanhã sou um de vocês e saberei cobrar dos membros do CG. quando fui convidado para compor o CG, conhecia o Peres, mas não profundamente. conhecia de algumas reuniões para tratar de Santos. Fui conhecendo o Gaia também, outro extraordinário companheiro. Conheci o Hanie, outro jovem empresário, dinâmico, muito bem intencionado e disposto a trabalhar. E nas reuniões do CG conheci duas figuras de especial apreço: Andres e Zé Carlos. Acabei me aproximando. Quando fui convidado, achei que faríamos um auxílio de gestão colegiada. Um errando é justificável, dois é justificável, mas nove jamais podem errar. Começamos a trabalhar e uma das proposições era que o CG se reunisse quinzenalmente. Diante dos fatos, assumindo o clube naquele momento, sugerimos reuniões semanais. Estabelecemos isso, às 18h toda semana. Primeira coisa que temos que respeitar é o horário, pontualidade. Se oito chegam no horário, por que atrasar toda por causa de um? Chegávamos às 18h e passava um pouco, um, outro, começamos 20h, 20h30, para sair 1h. Cadê a pauta? Primeira reunião tivemos pauta e depois não mais. Era aleatória, pinçando assuntos. E quando vai pinçando assuntos, são pautas e debates intermináveis. Saneamento na folha de pagamento? 600 funcionários! Ok! Traga toda a relação de pessoal, de PJ, prestadores de serviço. Estou esperando até hoje a relação. Nunca aparece. Demitimos 180, 200, e continuamos com as mesmas 600. Não sei quem foi demitido e admitido. É papel de rainha da Inglaterra! Coisas não davam liga. Percebemos papel de centralização e apego ao poder muito forte. Temos aqui uma figura competente, de boa índole, disposto a trabalhar pelo Santos, aposentado, com curículo de gestão.. Vamos criar um organograma para aproveitar esse indivíduo? (Rueda). Pedimos o organograma, vem presidente e duas ou três gerências. Cadê o vice? CG? É só despachar comigo que está tudo certo! Meu caro, deixa eu dizer uma coisa: tenho 70 anos, deixo minha casa, meus negócios, venho aqui toda semana, saio 1h, chego 2h30 para as coisas não acontecerem? Andres propôs um organograma. Propôs um que inclusive não está sonante ao estatuto, com superintendente geral, que se reporta ao CG, presidido pelo presidente do clube. Indicamos o José Carlos para ser o CEO, com remuneração zero. Trabalhar full time para aproveitar todos os trâmites. Ele começou, dois ou três dias, e nada era passado ou informado, e teve desentendimento entre presidente e Zé Carlos. As coisas foram acontecendo… E para completar: endosso integralmente o que o companheiro Andres falou. A dor dele foi a minha e foi também do Hanie (Issa), que acabou de se desligar. Precisamos criar algum mecanismo estatutário para fazer efetivamente com que decisões passem a ser colegiadas e não por parte de um imperador. Não estamos elegendo um imperador, mas um conselho. A vantagem de ficar velho é interpretar melhor as pessoas. Não vejo no presidente ato de improbidade ou ato de desonestidade. Vejo só um apego muito forte. Ele sempre repete que foi eleito, caneta está com ele, mas não há nenhum ato de improbidade ou de desonestidade. Pelo contrário: trabalha 20h por dia, era só dividir com os nove membros do Conselho para trabalhar menos". 

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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