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Motociclismo

Lorenzo revela negociação e diz que volta à Ducati "quase aconteceu"

Espanhol contou que negociou uma volta à fábrica de Borgo Panigale, mas o motivo de ter optado pela aposentadoria falou mais alto. Tricampeão da MotoGP manifestou o desejo de seguir envolvido no esporte, mas ressaltou que carreira nas corridas acabou

15 set 2020 - 07h59
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MotoGP 2018 Ducati Jorge Lorenzo
MotoGP 2018 Ducati Jorge Lorenzo
Foto: Grande Prêmio

Jorge Lorenzo chegou perto de assinar com a Ducati para voltar à MotoGP na temporada 2021. O espanhol, porém, acabou desistindo, já que considerou que os motivos que o levaram a aposentadoria no fim de 2019 falaram mais alto.

Em uma entrevista à publicação britânica Autosport, Lorenzo contou que o retorno à equipe "foi uma possibilidade real e quase aconteceu". O piloto de 33 anos defendeu a Ducati por duas temporadas ― 2017 e 2018 ―, período em que conquistou quatro poles, três vitórias e um total de sete pódios. A relação com o time, porém, não foi das mais fáceis, já que a cúpula da equipe, especialmente o diretor-executivo Claudio Domenicali, não teve paciência para esperar a adaptação do piloto à Desmosedici. Quando a primeira vitória chegou, a mudança para a Honda já estava praticamente definida.

Com a RC213V, porém, a situação de Lorenzo ficou bastante complicada. Enquanto Marc Márquez dominou a MotoGP e conquistou mais um título, o espanhol não chegou sequer ao top-10 e enfrentou muitas lesões. Apesar de ter encerrado a carreira em baixa, o tricampeão da classe rainha negou que tenha se oferecido para a vaga de Andrea Dovizioso, como diz a Ducati, e explicou como tudo aconteceu.

Jorge Lorenzo sempre teve uma relação próxima com Gigi Dall’Igna (dir.), com quem trabalhou nas classes menores (
Jorge Lorenzo sempre teve uma relação próxima com Gigi Dall’Igna (dir.), com quem trabalhou nas classes menores (
Foto: Ducati / Grande Prêmio

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"Não foi exatamente assim. Durante o lockdown, recebi uma ligação de Gigi Dall'Igna [chefe da Ducati Corse] para me desejar feliz aniversário. Conversamos sobre assuntos pessoais, família e coisas assim, e, no final da conversa, eu perguntei, por curiosidade, sobre o futuro do time e os pilotos", relatou Jorge. "Pouco depois, Michele Pirro [piloto de testes] me mandou uma mensagem ― meio brincando, meio sério ―, perguntando se eu queria voltar para a Ducati. Entre a conversa com Gigi e a mensagem de Michele, imaginei que havia algum tipo de interesse da Ducati, e comecei a considerar a ideia de voltar a correr", continuou.

"Talvez tenha sido o fato de estar trancado há alguns meses ou porque eu sentia falta da sensação de vencer, mas a ligação disparou o pensamento de voltar na minha cabeça. Começamos a negociar, mas quanto mais perto e chegava de assinar, mais os fatores que me forçaram a me aposentar ganhavam peso", reconheceu. "Depois de vários dias deliberando, lamentavelmente tive de dizer não ao Gigi. Senti-me realmente mal e ainda lamento, pois eu o coloquei em uma posição estranha com a fábrica e poderia ter evitado isso", ponderou.

"Se tivesse a certeza desde o início, não teria nem entrado em negociação. A verdade é que sempre serei grato pela fé depositada em mim, mas no momento, senti que deveria pensar apenas em mim e cheguei à conclusão de que ser um piloto de moto não significava mais nada para mim", revelou.

Questionado se acredita que ainda voltará a competir, Lorenzo respondeu: "A chance de isso acontecer diminui a cada ano que passa. Honestamente, tendo tomado uma decisão tão difícil, acho que posso dizer que a minha carreira nas corridas acabou, apesar de que eu gostaria de permanecer envolvido com o esporte de alguma maneira".

Na mesma entrevista, o espanhol de Palma de Maiorca contou que vive feliz com a rotina de aposentado e sente que pode desfrutar de tudo pelo que trabalhou ao longo dos anos.

"Estou muito feliz. Tenho todo o tempo do mundo para fazer praticamente o que quer que eu me interesse. Quando estou em casa, mantenho uma rotina de ficar em forma ― treino de manhã e aí tenho a tarde livre para estudar, planejar meu futuro ou simplesmente me divertir", contou.

Mesmo assim, o atual piloto de testes da Yamaha contou que, às vezes, sente falta da sensação de vencer. Mas não o bastante para voltar atrás na decisão de encerrar a carreira.

"Não vou negar: em certos momentos, senti um pouco de falta das corridas. A sensação de vencer, que é única e impossível de replicar, ou as comemorações com o time depois de um grande resultado. Essas são as coisas de que mais sinto falta. Outras coisas, como as lesões e o nervosismo em uma manhã de domingo antes da corrida, não sinto nem um pouco", falou. "Temos de aceitar que não podemos ter tudo na vida e cheguei ao ponto em que, depois de tudo que consegui, o negativo superou o positivo. Foi por isso que decidi que era hora de começar a curtir tudo pelo que trabalhei", concluiu.

A Ducati ainda não definiu a composição do time oficial em 2021. Por enquanto, Jack Miller é a única peça certa, mas o substituto de Dovizioso deve ser escolhido entre Francesco Bagnaia, que estreou no pódio da MotoGP no GP de San Marino e da Riviera de Rimini, e Johann Zarco.

Grande Prêmio
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