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Motociclismo

FIM precisa de penas mais duras se quiser recuperar controle dos pilotos da Moto3

A busca por vácuo, especialmente no treino classificatório, produz imagens cada vez mais constrangedoras na Moto3. E as punições impostas pela FIM (Federação Internacional de Motociclismo) não surtem efeito

21 out 2020 - 05h02
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Moto3 2020 Espanha Aragão Domingo SRT John McPhee
Moto3 2020 Espanha Aragão Domingo SRT John McPhee
Foto: Grande Prêmio

A FIM (Federação Internacional de Motociclismo) precisa ser mais dura com os pilotos da Moto3. A entidade máxima do esporte tem feito repetidas tentativas de educar os mais jovens entre os participantes do Mundial de Motovelocidade, mas ao menos por enquanto, esses esforços têm sido em vão.

Na classe menor do Mundial, é muito comum ver pilotos que se afastam da linha tradicional de corrida e ficam esperando a passagem de algum competidor mais rápido. Uma vez avistado o alvo, o piloto que esperava retorna para a linha para tentar usar o vácuo de quem vem na frente e conseguir uma marca mais rápida.

A prática, porém, não é das mais seguras. Afinal, o piloto que vem em velocidade pode ser pego de surpresa por alguém mais lento e não ter tempo de desviar. Ou, pior, quem volta para a linha rápida, pode entrar na frente de outro competidor sem aviso. É uma ação que aumenta o risco em um esporte que é perigoso por natureza.

No último dia 17, na ocasião do GP de Aragão, a MotoGP divulgou uma lista de 18 punições por conta de pilotos rodando lentos na pista em plena sessão. Alguns dos advertidos, inclusive, cometeram a infração quatro vezes em uma temporada que teve apenas 11 corridas.

John McPhee descumpriu a regra quatro vezes
John McPhee descumpriu a regra quatro vezes
Foto: SRT / Grande Prêmio

As penas impostas pelo Painel de Comissários da FIM têm sido das mais variadas. No MotorLand, John McPhee teve de cumprir a punição da volta longa durante a corrida por ter rodado lento no Q1. Não satisfeito, o britânico da SRT repetiu a infração na fase seguinte da classificação, o Q2, e acabou suspenso dos primeiros 15 minutos do TL2 do GP de Teruel, próxima etapa do campeonato. A mesma pena, aliás, foi aplicada a Darryn Binder, Stefano Nepa e Deniz Öncü, que também cometeram a infração duas vezes. Yuki Kunii, por outro lado, vai perder dez minutos do TL2 neste fim de semana por ter praticado o mesmo 'crime' durante o Q1.

Sergio Garcia, Niccolò Antonelli, Raúl Fernández, Ayumu Sasaki, Jeremy Alcoba e Albert Arenas rodaram lentos durante o Q2 e, por terem cometido a infração pela terceira vez, vão ficar de fora dos 15 minutos finais do TL3 em Teruel. Davide Pizzoli, Filip Salac, Riccardo Rossi, Khairul Idham Pawi, Gabriel Rodrigo e Jaume Masià vão perder 25 dos 40 minutos do TL3 do próximo sábado por terem repetido a ação pela quarta vez no ano.

Não é de hoje que a questão do vácuo é flagrante na Moto3. É muito comum ver pilotos esperando pela pista para que possam fazer voltas melhores embutidos na traseira de alguém mais veloz. Por vezes, os competidores tardam até mesmo em deixar os boxes, já que estão sempre esperando por alguém que lhes dê uma mãozinha.

É verdade também que a FIM tem tentado coibir essa prática, mas tem sido uma luta um tanto inglória. Sendo assim, é hora de endurecer. Se os pilotos tivessem medo de perder parte dos treinos livres, não repetiriam a ofensa. A reincidência no delito é uma evidência mais do que clara da ineficiência das sanções.

É claro que ninguém quer ver um esporte cujo resultado das corridas seja alterado por punições, mas existem alternativas. A FIM pode, por exemplo, cancelar as voltas feitas propositalmente no vácuo de alguém mais rápido. Mas isso, talvez, não tenha um impacto dos maiores. A entidade pode, então, mandar reincidentes direto para o fundo do grid. Insistiu? Larga do pit-lane. E, claro, sempre resta a pena máxima: a suspensão.

Em se tratando de um esporte de risco, a FIM não pode insistir em tantas segundas chances. A Moto3 precisa de algo inspirado no futebol ― desconsiderando, claro, os erros de arbitragem e as polêmicas com o uso do VAR em território nacional: errou uma vez, cartão amarelo. Errou de novo, outro cartão. A soma dos dois resulta em um vermelho e manda o atleta direto para o vestiário. No caso do Mundial, manda para casa mesmo.

O que não pode é a entidade sediada em Mies, na Suíça, ficar esperando que algo mais grave aconteça. O que não pode é correr o risco de alguém se machucar por conta da imprudência de um ou outro piloto. O que não pode é insistir em tolerar um erro que não deveria mais ser cometido.

É perfeitamente compreensível que os pilotos queiram usar o vácuo uns dos outros, mas a forma como isso é feito coloca em risco a todos eles. Se os jovens não tem a maturidade necessária para prezarem pelas próprias vidas e daqueles com quem dividem as pistas, então é a FIM que tem de chamar a responsabilidade para si.

Se eles não temem perder tempo de pista nos treinos, vamos ver o que eles acham de assistir a corrida pela TV de casa.

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