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Motociclismo

Ex-chefe da Suzuki explica motivação para deixar MotoGP rumo à Alpine na F1: "Desafio"

Davide Brivio, pilar fundamental para Yamaha e Suzuki na conquista de títulos na MotoGP, surpreendeu o mundo do esporte ao migrar para a Fórmula 1 neste ano. O dirigente italiano aceitou o convite da Alpine para exercer a função de diretor de corridas e descreveu seu novo trabalho como "até agora, tem sido muito interessante"

12 abr 2021 - 06h56
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Davide Brivio trocou a MotoGP pela F1 motivado pelo desafio em uma nova estrutura na Alpine
Davide Brivio trocou a MotoGP pela F1 motivado pelo desafio em uma nova estrutura na Alpine
Foto: Alpine F1 Team / Grande Prêmio

Um dos movimentos mais surpreendentes nos bastidores da Fórmula 1 para a temporada 2021 foi a contratação de Davide Brivio pela Alpine. Nascido em Lecco, o italiano de 56 anos, com formação acadêmica em informática, desempenhou a função de assessor de imprensa do compatriota Fabrizio Pirovano no Mundial de Superbike em 1990, mas fez história mesmo anos depois, na MotoGP, como chefe de equipe de duas gigantes do esporte, Yamaha e Suzuki. Na fábrica dos três diapasões, formou parceria célebre com Valentino Rossi, sendo pilar fundamental nos quatro títulos do 'Doutor' pela marca, em 2004, 2005, 2008 e 2009. Na Suzuki, no ano passado, alcançou uma glória improvável com Joan Mir.

Mas aí veio o convite da Alpine, divisão de esportes a motor da Renault, e Brivio aceitou de imediato. O italiano foi contratado para desempenhar a função de diretor de corridas, em uma estrutura incomum na Fórmula 1. A escuderia francesa, sediada em Enstone, não tem um chefe de equipe propriamente dito, como tem a Ferrari em Mattia Binotto, a Mercedes em Toto Wolff ou a Red Bull em Christian Horner. Na Alpine, Marcin Budkowski, engenheiro polonês, desempenha a função de diretor-executivo, enquanto Laurent Rossi é o CEO. Brivio é o terceiro elemento deste tripé.

Em entrevista ao site oficial da Fórmula 1, Davide justificou o que o levou a assinar com a Alpine e mudar drasticamente os rumos da sua carreira no esporte a motor. "O desafio", disse.

Davide Brivio aposta no talento e na experiência de Fernando Alonso
Davide Brivio aposta no talento e na experiência de Fernando Alonso
Foto: Alpine F1 Team / Grande Prêmio

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"Sempre me interessei em tentar entender como funciona a Fórmula 1, como a equipe gerencia a operação e como é construído o carro, então tinha o desejo de me aprofundar no esporte e tentar entendê-lo o máximo possível", salientou o diretor de corridas. "Até agora, tem sido muito interessante. São muitas coisas para descobrir e para me acostumar. Espero, em breve, conseguir dar minha contribuição e minha ajuda", declarou Brivio.

Em seu último trabalho na MotoGP, com a Suzuki, o italiano foi fundamental nas promoções de Álex Rins e Joan Mir, que hoje formam uma das duplas de pilotos mais fortes do grid do Mundial. O dirigente revelou o apreço em trabalhar com jovens talentos, mas lembrou que, por enquanto, o cenário é um pouco diferente na sua nova casa.

"É algo muito bom, algo que gosto, é muito romântico", disse. "Depende da situação da equipe onde você está. Na Suzuki, estávamos numa posição em que precisávamos encontrar um piloto de ponta para lutar à altura com os outros. Em seguida, você tem de decidir se tenta tirar alguém [de outra equipe] e pagar muita grana por ele ou se você o encontra e forma você mesmo. E escolhemos o segundo caminho", lembrou.

"Não estamos nesta situação agora, já que temos Esteban [Ocon], que é jovem e muito promissor para o futuro, e Fernando [Alonso], que não é tão jovem, mas é muito talentoso, e precisamos muito disso, então estamos numa boa situação agora", complementou Davide.

A Alpine tem seu próprio programa de desenvolvimento e conta com grandes talentos na sua base. Estão, por exemplo, na fila por uma vaga na Fórmula 1 Oscar Piastri e Guanyu Zhou, que venceram corridas na rodada tripla na etapa de abertura da temporada 2021 da Fórmula 2, no Bahrein. Outro piloto da categoria de acesso vinculado à Alpine é o dinamarquês Christian Lundgaard. E Caio Collet, brasileiro que vai fazer sua primeira temporada na Fórmula 3 neste ano, também integra a academia da Alpine.

Sobre uma eventual promoção de um piloto forjado nas fileiras da Alpine, Brivio prefere dar tempo ao tempo. "Vamos ver o que acontece nos próximos anos. Claro, nós temos nossa academia, há três caras atualmente na Fórmula 2 que são promissores, então precisamos ficar de olho e trabalhar em cima disso. E aí vamos ver como a situação evolui".

Com o olhar clínico para detectar um grande piloto que desponta nas categorias de base, Brivio lembrou que nem sempre um piloto que enfileira títulos nas classes de acesso tem sucesso garantido quando é elevado ao topo do esporte.

"Não é fácil identificar. Às vezes, vem de um feeling que você tem. Às vezes, há pilotos que não são extremamente bem-sucedidos em uma categoria de base, mas trabalham muito, amadurecem e se tornam bem-sucedidos numa categoria de ponta, de modo, então, que não é fácil identificar isso. Você tenta encontrar o melhor que você pode. Você faz sua escolha, não olha para trás e segue trabalhando", comentou.

"Quando se tem um piloto com talento suficiente e muito motivado para o trabalho, é preciso continuar a trabalhar e permitir que ele cresça. Se ele permanecer motivado, disposto a trabalhar e, claro, tiver talento, então alguma coisa vai aparecer. Não se trata somente de fazer a escolha, é como você faz a escolha dar certo", concluiu o novo diretor de corridas da Alpine.

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