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Motociclismo

Do título a decepção: sem Brivio, Suzuki perde peça-chave da reconstrução na MotoGP

Não dá para dizer que a alegria pelo título durou pouco, mas a partida de Davide Brivio deixa a equipe de Hamamatsu órfã daquele que segurou o leme nos últimos sete anos

7 jan 2021 - 12h32
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Davide Brivio deixou a Suzuki
Davide Brivio deixou a Suzuki
Foto: Suzuki / Grande Prêmio

2021 ficou mais difícil do que o esperado para o Suzuki. Enquanto se preparava para o desafio de defender o título da MotoGP pela primeira vez em 20 anos, a fábrica de Hamamatsu sofreu um duro revés ainda nos primeiros dias do ano ao ser surrupiada de seu capitão.

Nesta quinta-feira (7), a Suzuki deu corda para os rumores que eclodiram menos de 24 horas atrás e confirmou a saída de Davide Brivio. Embora o destino do italiano ainda não tenha sido oficializado, a expectativa é de que ele se junte à Alpine ― ex-Renault ― na Fórmula 1.

No comunicado enviado à imprensa, a Suzuki não escondeu a surpresa. Shinichi Sahara, líder do projeto na MotoGP, falou em "choque". O próprio Brivio reconheceu que foi uma decisão difícil de tomar, mas acabou atraído pelo novo desafio profissional.

Davide Brivio comandou a Suzuki no título de Joan Mir em 2020
Davide Brivio comandou a Suzuki no título de Joan Mir em 2020
Foto: Divulgação/MotoGP / Grande Prêmio

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Considerando que a Fórmula 1 é mesmo o destino, é fácil entender a mudança. Afinal, Davide já venceu todos os desafios da MotoGP. Embora a Suzuki seja a história mais recente, anos antes ele também conduziu o fim de um longo jejum de títulos da Yamaha, onde escreveu uma bela história ao lado de Valentino Rossi.

Brivio conhece profundamente os sabores e dissabores da classe rainha do Mundial de Motovelocidade e comemorou e superou cada um deles. Natural, então, que ele queira se colocar a prova em uma aventura diferente.

A Suzuki, todavia, perde um artífice importante. Na equipe desde 2013, o dirigente mais uma vez se provou hábil na gestão de pessoal e conduziu os trabalhos desde o abandono na primeira corrida ― o GP da Comunidade Valenciana de 2014 ― até o título de Joan Mir no ano passado, quando fábrica construiu inegavelmente a melhor e mais completa moto do grid.

Nas seis temporadas que compreendem o período entre 2015 e 2020, o trabalho da Suzuki seguiu uma linha crescente, com a Suzuki melhorando passo a passo e quase sempre fazendo apostas certeiras com os pilotos. O único erro veio em 2017, quando Andrea Iannone, então recém-chegado ao time, ficou com a responsabilidade de escolher o motor da GSX-RR ― já que formava par com o estreante Álex Rins ― e fez a opção errada.

Naquele ano, os japoneses tinham perdido o direito às concessões previstas em regulamento e, por isso, não tiveram como trabalhar no propulsor. Sob a chefia de Brivio, a Suzuki trabalhou em outras áreas para limitar os danos e voltou ao rumo no ano seguinte. A trajetória ascendente seguiu em ritmo acelerado e foi consolidada em 2020, quando Mir, com uma vitória e outros seis pódios, faturou o título com 13 pontos de vantagem para Franco Morbidelli, encerrando uma seca de 20 anos que vinha desde a conquista de Kenny Roberts Jr. nas 500cc em 2000.

A gestão Brivio na Suzuki foi marcada por fazer muito com pouco. Afinal, a equipe de menor orçamento da MotoGP garantiu o título em um ano especialmente difícil, já que a pandemia de Covid-19 impôs dificuldades extras para os funcionários do time, principalmente os asiáticas, que passaram toda a temporada sem voltar para casa.

Substituir alguém como Davide não será nada fácil, mas, pelo menos, a Suzuki pode encontrar conforto em saber que os pilotos estão garantidos até 2022. Brivio vinha trabalhando na expansão do esforço da marca na MotoGP, já que era um defensor de contar com motos satélites, mas ainda é cedo para saber se esse empenho perde fôlego sem o italiano.

É fato, porém, que um novo chefe ― quem quer que seja ele ― vai introduzir um estilo de gestão próprio. Algo natural, claro. Mas a marca da gestão Brivio vai ficar permanente: nas mãos dele, a Suzuki reencontrou o caminho da vitória na MotoGP, cresceu passo a passo, fez apostas quase sempre certeiras e apostou na pureza do esporte, dando liberdade aos pilotos e evitando o uso de ordens de equipe.

Tal qual fez com a Yamaha, Brivio escreveu um capítulo memorável da história da Suzuki e, com toda certeza, será uma ausência sentida no paddock, não só pela capacidade e profissionalismo dentro da equipe, mas também pelos laços que criou com as pessoas fora dos boxes da equipe.

Não vai ser fácil para a fábrica de Hamamatsu encontrar alguém à altura de Brivio, mas, quem quer que seja o escolhido, vai começar neste novo trabalho construindo em cima de uma base sólida e bem construída.

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