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MMA

Lutador 'apaga' 2 min, cita "pior sensação" e perdoa árbitro

No último dia 18 de agosto, Melquizael Costa da Conceição passou pela 'pior sensação da vida' ao 'apagar' por dois minutos e não contar com a intervenção do árbitro; entenda

29 ago 2018 - 19h10
(atualizado às 19h16)
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Melquizael Costa (à esq) passou por um difícil momento em sua luta mais recente no MMA (Foto: Divulgação)
Melquizael Costa (à esq) passou por um difícil momento em sua luta mais recente no MMA (Foto: Divulgação)
Foto: LANCE!

A vida de Melquizael Costa da Conceição ficou diferente depois do último dia 18 de agosto, quando enfrentou Rafael Barbosa pelo cinturão dos leves do evento Demolidor Fight, em Bauru, São Paulo, e passou "maus bocados" ao ficar apagado em um estrangulamento no qual o árbitro Emerson Saez demorou dois minutos para interromper.

O vídeo do confronto (veja abaixo) rodou o mundo do MMA e Melquizael ficou famoso no nicho das lutas, apesar do susto. Em entrevista à TATAME, "Melk" citou a sensação horrorosa de ter permanecido apagado por quase dez minutos, mesmo após a interrupção.

"Foi a pior sensação da minha vida, pensei que ia morrer quando acordei. Eu já apaguei outras vezes e voltei normal, têm pessoas que voltam batendo, mas eu sempre voltei normal. Desta vez, por eu ter ficado muito tempo apagado, quando voltei, vi as pessoas e não conseguia respirar ou mover meu corpo. Só conseguia mexer meu olho e a mão, tentava respirar e não conseguia. Eu via o pessoal me chamando e depois começou a voltar a respiração devagarzinho. Não sei se foi o médico que colocou a máscara de respiração, mas eu desesperei e não conseguia respirar. Depois, meu médico tirou e falou que colocaram a máscara e não ligaram o oxigênio, o que estava me sufocando", contou.

"Eu fui acordar mesmo no hospital. Eu vinha e voltava, não conseguia respirar direito. Vi o pessoal me chamando e tudo, mas eu lembro do tempo que me colocaram na maca, já estava voltando um pouco. Quando me colocaram na ambulância, secou muito a minha garganta, minha língua estava colada na minha garganta e eu não conseguia respirar. Comecei a pedir água, nisso os médicos falavam que eu não podia tomar água ainda. Cheguei no hospital, mas não conseguia falar porque minha boca estava colando de tão seca. Me aplicaram um soro e fui voltando. Depois que voltei normal, não aconteceu mais nada. Me deram alta às 9h da manhã e, graças a Deus, até agora não aconteceu nada".

Segundo Melquizael, o árbitro Emerson Saez o procurou após o incidente para poder se desculpar. Ao site MMA Fighting, porém, ele justificou sua tomada de decisão errada.

"Tudo acontece rápido demais lá, é diferente de assistir ao vídeo depois. Você tem que tomar uma decisão rápida. Pensei que se eu parasse e ele estivesse na luta, seria controverso. Deixei passar um pouco mais, e quando percebi seus olhos e sua expressão mudando, parei a luta. Não notei ele tendo uma convulsão. Se tivesse notado, teria parado antes para proteger o atleta. Fiquei perto deles e conversei com o atleta, vi que ele tinha os olhos abertos, estava empurrando a barriga do adversário. (…) Eu disse ao seu adversário para não soltar porque ele estava na luta", relembrou o árbitro sobre a cena.

Confira a entrevista completa com Melquizael Costa da Conceição:

- Lembranças do que aconteceu no combate

Eu me lembro do combate, estava ganhando a luta no primeiro e no segundo round, mas fiz algo que em todas as minhas lutas, nunca fiz, que foi subestimar meu oponente. Eu subestimei, achei que estava muito fácil e pensei em jogar ele para o chão, porque estava muito fácil em cima e também vi que ele era mais fraco de chão. Nisso, quando entrei no 'single leg' pra derrubar ele, não dei conta de fazer a pegada e encaixou a finalização. Na hora que ele encaixou, eu comecei a girar e até então estava respirando, mas aquela respiração fraca, 'pelo canudinho', e fui respirando até que depois desliguei de uma vez.

- Perdão ao árbitro pelo incidente ocorrido

Para perdoar, tem que existir mágoa. Sou um rapaz cristão e evangélico. Deus enviou Jesus para a terra, as pessoas o mataram e Deus perdoou. Quem sou eu pra não perdoar se Deus me deu a chance de viver de novo e contar minha história? Na verdade, eu não tenho mágoa do árbitro e eu perdoo ele sim. Não só falando para ele, mas para outras pessoas, você tem que prestar atenção no seu trabalho, porque é complicado… Eu não conheço o árbitro, não falei com ele ainda. Vi que ele me mandou mensagem pedindo perdão e tudo. Eu não tenho problema com ele como pessoa. Como atleta, meus treinadores e empresário estão vendo o que vai acontecer, estão resolvendo todas as questões judiciais. Eu estou feliz por estar vivo e graças a Deus, aparentemente e fisicamente, não estou com sequelas e nada. Estou com um pouco de dor no corpo e tive dor de cabeça, não sei o motivo, mas vamos fazer uma pilha de exames para ver se aconteceu algo, mas tenho fé em Deus que não vai dar em nada e está tudo bem.

- Motivo do córner não ter jogado a toalha

Do tempo que apaguei ao tempo que o oponente me soltou, foram exatamente dois minutos e seis segundos, pois fui apagado e estrangulado. Meu empresário me falou que no total, fiquei apagado por dez minutos, até que retornei. Minha equipe não conseguiu ver que eu estava apagado porque estava me mexendo por causa da convulsão. Quando viram que eu realmente estava apagado, começaram a gritar com o juiz e tudo. Meu mestre tinha questionado se eu estava apagado, mas o árbitro apontou que estava na luta. Quando a equipe viu que apaguei, começaram a gritar e o oponente soltou quando me viu mole.

- Andamento da carreira após grande o susto

Eu sou um atleta muito novo, tenho 21 anos de idade, só que comecei a treinar com 14 anos e treinando com caras profissionais de MMA, levando porrada desde que comecei. No primeiro soco que levei, fui nocauteado e fiquei apagado um tempão. Comecei a levar porrada cedo e isso foi me fortalecendo. Estreei no MMA com 17 anos, basicamente tenho quatro anos e meio de MMA. Já lutei com muitos caras grandes, caras duros. Tenho um 'Sherdog' de 17 lutas e apenas três derrotas, então, não é uma luta dessas que vai me abalar ou me fazer desistir porque tenho uma carreira longa pelo caminho, com certeza.

Lance!
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