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Boxe

"Estou sonhando e não quero acordar", diz Robson Conceição após ouro no boxe

16 ago 2016 - 21h53
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Depois de duas derrotas em estreias olímpicas, enfim veio a vitória de um brasileiro que, literalmente, não foge da luta: o baiano Robson Conceição bateu o francês Sofiane Oumiha na decisão do peso ligeiro (até 60kg) nesta terça-feira e conquistou, nos Jogos do Rio de Janeiro, o primeiro ouro da história do país no boxe.

"Ainda estou sonhando e não quero acordar nunca. (...) A medalha representa minha vida. Minha infância humilde, as dificuldades que eu tive por não ter apoio, não ter patrocínio. Isso para mim, hoje, é tudo", disse o pugilista depois da vitória.

Mais uma historia de superação que começou, como grande parte dos atletas brasileiros, com uma infância pobre. Menino agressivo, como ele próprio se descreve, de Boa Vista de São Caetano, um bairro carente de Salvador, Robson saiu das brigas de rua para o ringue de um projeto social. No início, sua avó, dona Neusa, era contra. Mas depois apoiou a empreitada que foi coroada hoje com o ouro olímpico.

"Meu tio Roberto brigava muito no carnaval, era famoso lá no bairro por isso, e eu queria seguir o exemplo dele. Todos os dias eu brigava na rua, por tudo eu brigava. Não tinha como eu pagar uma academia. Então, eu tinha um amigo, o Luiz Alberto, que treinava. O que ele aprendia, ele me ensinava na casa dele. Com uma havaiana a gente simulava a manopla. (Para ter) a bandagem, eu fingia que estava com o braço machucado, passava em um posto médico, pedia para engessar o braço e ia treinar. Graças a isso eu sou campeão isso", contou.

"Depois eu fiquei um certo tempo em um projeto social, dos 13 aos 16 anos. Implorei a minha avó que me inscrevesse no projeto, mas logo de início ela não quis. Achava que era muito violento. Mas a partir do momento que ela me inscreveu, eu nunca mais briguei na rua", ressaltou.

A vitória veio com um apoio estrondoso do Pavilhão 6 do Riocentro, que literalmente tremeu a cada golpe dado por Robson no francês. O pugilista baiano, claro, comemorou o incentivo da torcida brasileira, mas estava mesmo interessado em um pequeno grupo de pessoas que estava nas arquibancadas: sua mulher e a filha Sofia, a quem dedicou a medalha.

"Não tenho nem explicação para dizer o sentimento que é minha família estar me acompanhando aqui hoje nos Jogos Olímpicos. Minha filha completa 2 anos na sexta-feira. E eu prometi que iria presenteá-la com a medalha", destacou.

O ouro só veio também depois de muita dedicação e força de vontade. Róbson chegou ao Rio de Janeiro depois de dois traumas olímpicos. Em Pequim 2008 e Londres 2012, perdeu na estreia da competição. Mas não desistiu, se recuperou e hoje pôde deixar uma mensagem de superação para outros atletas.

"Nunca desista. Se fosse pela derrota, hoje eu não estaria aqui. (..) O resultado no boxe é um trabalho que vem sendo feito há muito tempo. Para se ter resultado não adianta querer treinar agora e em Tóquio já ser campeão olímpico. Tem que ter muitos anos de dedicação", ressaltou o novo campeão olímpico, que revelou que adotou uma estratégia diferente no Rio 2016.

"Quando eu participei dos meus primeiros Jogos Olímpicos, eu tinha como um sonho participar de uma. Cheguei novo, esperançoso com tudo, não aguentava ver nada que ficava feliz na vila. Nunca tinha visto isso na minha vida. Porém, agora, eu fui diferente. Me desliguei das redes sociais, de tudo. Nem os pins (broches) que eu recebi para trocar na Vila (dos Atletas), eu ainda nem peguei nos pins. Isso fez a grande diferença, meu foco e minha vontade", revelou.

Bom baiano, Robson já sabe como comemorar a vitória em Salvador. "Eu quero um carro de bombeiro", brincou o novo campeão.

EFE   
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