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W.O. escancara crise financeira que assola o Figueirense

Em protesto por salários atrasados, jogadores não entram em campo contra o Cuiabá, pela Série B. Atrasos da 'holding' que gere o clube rendem preocupações e podem custar caro

22 ago 2019 - 08h50
(atualizado às 10h44)
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Os problemas salariais que assolam o Figueirense ganharam tons mais fortes na última terça-feira. Os jogadores (mesmo tendo chegado a ir à Arena Pantanal) não entraram em campo e fizeram o clube catarinense perder por W.O. para o Cuiabá, em jogo válido pela 17ª rodada da Série B.

Após a drástica medida, os 31 jogadores que aderiram à greve foram "acolhidos" pela torcida do Figueira. No desembarque, o elenco foi aplaudido.Capitão do Figueirense, Zé Antônio manifestou-se em nome do time:

- Foi com muita dor no coração que tomamos essa decisão, mas a situação é difícil. As pessoas julgam, fazem retaliações, incitam violência, mas a gente está aqui porque não tem nada para esconder de ninguém.

Os jogadores queixam-se de não-pagamento de direitos de imagem desde maio e de vencimentos desde junho. Advogado dos atletas, Filipe Rino falou ao LANCE! sobre a iniciativa:

- A ideia passou a ser discutida em julho, devido aos constantes atrasos. Houve promessas, e os jogadores voltaram à rotina. Mas nada mudou e eles decidiram notificar o clube, que creio que não levou a sério. Em nenhum momento, o gestor Cláudio Honigman procurou os atletas.

Segundo Rino, os jogadores estão preparados para a hipótese de serem demitidos do clube:

- Eles estão decididos, sabem que, se precisar, encararão. Agora, vão esperar o diálogo com a diretoria.

Via assessoria, o Figueirense afirmou que o diretor de futebol, Antônio Lopes, estabelece sempre contato com os atletas. Já o advogado Filipe Rino nega.

O clube segue com problemas financeiros mesmo após a "holding" Elephant ter passado a gerir o clube. Presidente do Conselho Deliberativo, Francisco de Assis se diz frustrado com a situação:

- Foi lamentável. O clube entrou em contato, mas os jogadores estavam irredutíveis. Tínhamos selado acordo para equacionar parte da dívida agora, e depois sanar tudo até dia 28. A impressão é que querem forçar para o Cláudio (Honigman) renunciar.

O Figueira, mergulhado em dívidas, corre contra o tempo para chegar a um acordo com seus atletas. Às vésperas do jogo com o CRB, o clube sabe que se ocorrer um novo W.O. do clube em qualquer momento da competição, o rebaixamento tende a ser automático. Assis admite a tensão:

- Haverá dois jogos até lá (além do CRB, no próximo sábado, no dia 27, o Figueirense enfrenta o Operário-PR). Nossa preocupação é a gestora cumprir todo o acordo, e que os jogadores aceitem o que foi proposto.

ENTENDA COMO A CRISE ECLODIU

Claudio Honigman tem de contornar a situação do clube (Divulgação)

Figueirense Ltda.

Em 8 de agosto de 2017, o Figueirense selou acordo com a empresa Elephant para fundar a Figueirense Ltda. Além de ficar com 95% das ações do clube, a "holding" passou a gerir o futebol.

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Chegou, mas durou pouco...

Inicialmente designado para ser o CEO do Figueirense, Alex Bourgeois deixou o cargo dois meses depois, por entrar em atrito com os investidores, que o acusaram de não investir dinheiro conforme combinado.

Atualização: Após a publicação da reportagem na manhã desta quinta-feira, Alex Bourgeois entrou em contato com o LANCE!. Além de esclarecer que em nenhum momento foi sócio da "Elephant", o ex-CEO do Figueirense (e que tem trabalhos também no São Paulo e Santos), explicou motivos de sua saída: "Descobri que quem está por trás desta empresa não têm a mínima condição financeira, desportiva, e ainda tem nome sujo".

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Renúncia

A gestão do Figueirense passou a ficar nas mãos de Cláudio Vernalha. Contudo, com o clube mergulhado em dívidas, o sócio da Elephant anunciou sua renúncia do cargo. Claudio Honigman assumiu a responsabilidade de cuidar do futebol do clube.

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Ligações perigosas?

Apresentado como investidor no começo da parceria do grupo, o atual gestor Claudio Honigman já foi acusado de participar de um esquema de lavagem de dinheiro com o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Além disto, foi sócio de Sandro Rosell, ex-mandatário do Barcelona.

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Os atrasos no Figueira

Os jogadores do elenco já ameaçaram entrar em greve no mês de julho. Porém, após uma reunião com os gestores, a situação foi contornada. Queixando-se de ainda lidar com problemas salariais, 31 jogadores decidiram não entrar em campo na última terça-feira, contra o Cuiabá. Além disto, há queixa de que o aporte financeiro de R$ 20 milhões não chegou ao clube.

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Mais problemas à vista?

O Figueira pode ser punido com multa de R$ 200 mil devido ao W.O. que ocorreu na partida contra o Cuiabá. Caso aconteça um novo não-comparecimento da equipe em uma partida, o Figueirense corre o risco de ser rebaixado. A preocupação, contudo, não está restrita ao elenco principal: jogadores do sub-23 ameaçam não entrar em campo contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de Aspirantes.

*Atualizado no dia 22/08, às 10h28

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