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Vice do Santos rompe com Peres e diz: 'A gestão é pífia, dou nota dois'

Ao LANCE!, Orlando Rollo lamenta ser 'sub-aproveitado' pelo presidente e diz ser contra demissões em massa no clube: 'Se pudesse, mudaria a estrutura do futebol como um todo'

21 jun 2018 - 14h46
(atualizado às 15h29)
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- Administrativamente, sim. Estamos rachados.

Desde que assumiram o clube, em janeiro, vice e presidente não se entendem no Santos (Foto: Ivan Storti/Santos)
Desde que assumiram o clube, em janeiro, vice e presidente não se entendem no Santos (Foto: Ivan Storti/Santos)
Foto: Lance!

A frase é do vice-presidente do Santos, Orlando Rollo, questionado sobre a situação política do clube e sua relação com o presidente José Carlos Peres. A declaração, dada em entrevista exclusiva ao LANCE!, confirma o que há muito tempo já se sabe nos bastidores do clube: há uma total incompatibilidade de ideias na presidência alvinegra. Rollo está insatisfeito com a gestão de Peres e não enxerga caminho para que o rompimento desapareça.

- Administrativamente, sim, estamos rachados. E uma mudança nesse cenário não depende de mim, depende do presidente. Desde janeiro, ele se cercou de duas pessoas. Uma delas o (Daniel) Bycoff, seu assessor jurídico, a quem deu super-poderes. E um outro assessor, que trata de isolar o Peres de todo mundo. Peres só ouve o que interessa a ele. Só ouve quem elogia a gestão - protesta, e completa:

- Eu estou insatisfeito com a gestão de um modo geral. Dou nota dois para a gestão desde que assumimos. Eu só lamento por ter tão pouco espaço para poder ajudar. Eu quero ajudar. Não quero mais do que isso. Nós divergimos. Acho a gestão pífia. E não sou só eu. O próprio relatório do Conselho Fiscal diz isso. Peres toma atitudes da cabeça dele, sem nos consultar.

Na última quarta-feira, o Comitê de Gestão do clube esteve reunido em encontro que, mais uma vez, expôs as diferenças entre presidente e vice. Alguns funcionários serão desligados do clube nos próximos dias. Uma possível demissão é justamente a de Bycoff, já citado por Rollo e considerado um dos aliados de Peres. No debate entre o colegiado, Rollo e o presidente divergiram quanto aos nomes da lista.

- Dizem que quero manter certas pessoas trabalhando no clube, enquanto Peres cria uma gestão profissional com austeridade. Isso não procede. Sou a favor de demissões de apadrinhados políticos, com salários absurdamente altos, que não exercem suas funções. Cabides de emprego. Tem gente com direito a carro e hospedagem. Quando tem trânsito na Imigrantes, não vem trabalhar. Sou favorável a demitir esses - explica, e completa:

- O que não posso é compactuar com demissão de pessoas que trabalham no clube e que fazem bem seu trabalho bem. Não concordei com a demissão de Clodoaldo e Elano, nem com a de André, filho do Manuel Maria, do sub-20, e também da psicóloga, Juliana Fecchio, profissional do mais alto nível, que tinha ótimo relacionamento com os jogadores. Em respeito a eles, os chamei em minha sala para que pudesse demitir de uma maneira humana porque, mesmo com história no clube, seriam desligados pela secretária.

Por enquanto, as saídas não são oficiais. O Santos não confirma a demissão de Bycoff, embora Rollo já fale abertamente a respeito e o Comitê já tenha sido comunicado. Outros nomes devem ser desligados do clube, que tende a passar por uma reestruturação nas próximas semanas, atingindo todos os setores.

- Uma saída do Bycoff eu já imaginava, pelas atitudes dele, sabia que não iria pular a fogueira de São João na Vila. Estava se achando com super-poderes, mais importante do que o presidente. Agora, sou contra a demissão de um dos melhores preparadores de goleiro do Brasil, o Arzul ou do Rosan, um dos melhores fisioterapeutas do Brasil, também. De médico com doutorado e mestrado, do Seu Maneco, administrador da Vila Belmiro há 40 anos. Figura histórica... Essas pessoas, sim, eu me posiciono contra.

Confira abaixo outros pontos da entrevista do LANCE! com o vice-presidente Orlando Rollo

:

Dois pedidos de impeachment contra o presidente foram protocolados nos últimos dias. Como vê a situação?

É uma denúncia séria, que tem de ser apurada. Não conheço a fundo. Pelo que vi na imprensa, é sério. Conselheiros que protocolaram são da mais alta seriedade. Conversei muito pouco com Peres sobre isso, ele pouco se manifesta. Mostra que não está preocupado. No Comitê (de Gestão), foi pouco falado. Peres acredita que seja jogada política e que não vai dar nada. Impeachment não me atinge em nada. Nenhum dos pedidos. Não fiz nada de errado. Não tenho nada a ver com essas sérias denúncias.

Em caso de impeachment, por Estatuto, quem assume a presidência é você. Como vê isso? Como se sente hoje no clube?

Eu sempre estive preparado para assumir a presidência e a vice-presidência. Sou vice de direito, mas não de fato. Estou sendo sub-aproveitado. Se pudesse, mudaria a estrutura do futebol como um todo. A começar pela contratação mais enérgica de jogadores. Mas não o Jair (Ventura). Sobre Jair, acredito em trabalho a longo prazo, mas ninguém no futebol tem cadeira cativa, nem o presidente, nem ele. Manteria o Jair, mas em constante avaliação.

Muito se fala em uma divisão no Comitê de Gestão. Alguns mais próximos a você e outros mais próximos às ideias do Peres...

Não tem ninguém contra ninguém. Comitê é ético e isento. Com história no Santos. Não tem essa de estar com Peres ou estar com Rollo. O que todos lamentam é a falta de espaço. Existe uma insatisfação geral, meu pai não gosta da gestão. Ninguém gosta, só cego não vê.

A contratação de Ricardo Gomes para o cargo de executivo de futebol te agradou?

Lamentável ficarmos tanto tempo sem gerente de futebol. Estamos nessa penúria no Brasileirão por não termos um profissional gabaritado no clube. Apresentamos nomes ao Peres e dentro desses nomes ele escolheu. O que não concordamos é com bônus milionário. Ele não terá bônus agora, isso será reavaliado no futuro.

Diante de tantas incertezas, como enxerga seu futuro no clube?

Estou aguardado parecer da Comissão de Estatuto (para saber se afasta ou não da vice-presidência), com esse resultado poderei falar sobre futuro. Quero saber se posso voltar ao Conselho. Não tenho apego pelo poder. Se sentir que vou ajudar mais voltando pelo Conselho, farei isso. Quero um posicionamento formal da Comissão. Já ouvi de juristas que posso voltar e de outros que não. Vamos ver.

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