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Sonhos no Pajeú! Conheça o Afogados, semifinalista de Estadual com apenas cinco anos de fundação

Coruja do Pajeú, que luta para impedir o bicampeonato pernambucano do Náutico nesta quarta-feira, driblou favoritismos e agora almeja voos mais altos no futebol

3 abr 2019 - 07h32
(atualizado às 10h41)
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Desponta do Sertão do Pajeú o desejo de um jovem clube escrever uma grande história no Campeonato Pernambucano. Com apenas cinco anos de existência, o Afogados luta nesta quarta-feira para desbancar o atual campeão Náutico, nos Aflitos, e garantir uma façanha de gente grande: chegar a uma decisão estadual logo no seu terceiro ano na elite.

- Podemos transformar nosso sonho em uma realidade ainda maior do que esperávamos no início do Estadual, devido ao orçamento modesto que temos. Precisamos jogar com inteligência, estar cientes da disparidade que temos em relação ao Náutico. Eles são o "Golias", mas, dentro de campo, serão 11 contra 11 - garantiu o técnico Pedro Manta, ao LANCE!.

'PENEI, MAS AQUI CHEGUEI!': DA FUNDAÇÃO ÀS MELHORIAS DO CLUBE

Vianão passou a contar com refletores em amistoso contra Salgueiro (Reprodução)

Uma "ação entre amigos" marcou a fundação do Afogados, que ocorreu em 18 de dezembro de 2013. Atual mandatário, João Nogueira Lima detalhou como iniciou o desafio de resgatar o futebol da cidade de Afogados da Ingazeira (localizada a 386km de Recife):

- Tínhamos nos reunido aqui na cidade e decidimos formar o clube. Mas precisávamos do dinheiro para registrá-lo na Federação. Juntando a venda de um terreno meu, com rifas e outras ações, levantamos uma quantia. Fomos até o Evandro Carvalho (presidente da Federação Pernambucana de Futebol) e ele nos deu o certificado de futebol profissional. Depois a gente foi muito na "raça sertaneja". Subiu para a Série A2, para a Série A1, sempre com o orçamento limitado.

Em 2018 (segundo ano da equipe na elite), a Coruja ganhou uma novidade: seu estádio, o Vianão, passou a ter refletores. A iluminação, que estreou em um amistoso contra o Salgueiro, foi vista como um alento para as competições:

- Isto nos proporcionou várias opções de horários para realizar jogos, além de melhorar significativamente a renda. Antes, as partidas ocorriam às 15h, em um calor insuportável para nós e para os times visitantes - disse João Nogueira Lima, que prevê outras melhorias no estádio:

- O nosso prefeito, (José) Patriota, prometeu nos ajudar a ampliar a capacidade do estádio para 4 mil lugares. O Vianão atualmente abriga 2 mil pessoas.

O dirigente contou como a Coruja trabalha para manter suas atividades:

- A gente tem o apoio da Prefeitura de Afogados da Ingazeira, que nos ajuda muito, e de patrocinadores bastante fiéis. Além disto, nós da diretoria estabelecemos um orçamento para cada competição e somos muito fiéis a ele.

A folha salarial do Afogados gira em torno de R$ 52 mil.

'COMENDO PELAS BEIRADAS': O VOO DA CORUJA DO PAJEÚ

Planejamento é visto como alma para campanha histórica do Afogados (Divulgação)

Assim como em outras temporadas, coube a Pedro Manta a responsabilidade de montar o elenco do Afogados. O técnico, que tem passagens em clubes do Norte e do Nordeste e já conduzira a Coruja do Pajeú à elite pernambucana em 2016, destacou o que tem pesado para o atual elenco se consolidar:

- Fizemos um planejamento muito bom, desde cedo, tendo como trunfo manter a base do ano passado. Além disto, sou muito grato pela confiança que a diretoria e a torcida têm comigo. Com o passar desse Estadual, conseguimos surpreender times mais fortes, como Central e Santa Cruz. Estamos comendo essa "papinha" pelas beiradas... - brinca.

Ao passar para as quartas de final, a equipe atingiu seu primeiro objetivo, que era credenciar-se para a Série D de 2020. Contudo, a Coruja do Pajeú já sonha com voos mais altos:

- Desde que chegamos no clube, sabíamos da dificuldade que era disputar o Pernambucano. Mas montamos um grupo forte, "compramos" a ideia do professor e isso vem dando certo. Trabalhamos fortes, focados e as coisas vêm dando certo - diz o atacante Diego Ceará.

Artilheiro do Afogados no Estadual, com cinco gols, Diego Ceará deixa para trás a histórica classificação nos pênaltis sobre o Santa Cruz e já pensa na semifinal da competição, contra o Timbu:

- Foi um grande momento que tivemos contra o Santa Cruz. Fomos muito felizes. Mas agora, temos de virar a página e pensar em um jogo difícil contra o Náutico.

Além disto, fala sobre a possibilidade de estufar as redes nos Aflitos:

- A responsabilidade ali na frente é de todos. Graças a Deus, venho sendo feliz, mas temos de estar focados, ajudando a equipe a sair com a vitória nessa quarta-feira.

'CLIMA DE RECONHECIMENTO': A EUFORIA EM AFOGADOS DA INGAZEIRA

'Fomos muito felizes contra o Santa Cruz, mas a ansiedade fica com o torcedor' (Divulgação)

A inédita classificação do Afogados às semifinais aumentou a expectativa de uma cidade. Localizada na microrregião do Pajeú e com 37.111 habitantes (de acordo com dados divulgados pelo IBGE em 2018), Afogados da Ingazeira está cercada de expectativa desde que a equipe eliminou o Santa Cruz, nos pênaltis, nas quartas de final do Pernambucano:

- A atmosfera está muito boa. A torcida fica cada vez mais motivada nas ruas, vem nos incentivando e confiando em um bom resultado no confronto diante do Náutico - afirma Pedro Manta.

O atacante Diego Ceará vê uma gratidão nos torcedores pelo desempenho do Afogados no Campeonato Pernambucano. Entretanto, diz que a equipe tem de corresponder diante do Náutico:

- O clima é de reconhecimento, de todo o trabalho que estamos fazendo. Sabemos da dificuldade que é disputar o Campeonato Pernambucano, da qualidade que é o Náutico e temos de estar focados do começo ao fim.

Aos seus olhos, o clima de euforia pelo duelo dos Aflitos tem de ficar do lado de fora:

- Essa ansiedade a gente deixa para o torcedor. Eles comemoram. Fomos felizes em passar pelo Santa Cruz, mas temos esse jogo com o Náutico, que é importantíssimo para nossas vidas.

A classificação às semifinais chegou a "parar" a cidade:

- Foi maravilhoso! Tivemos uma carreata para comemorar a classificação. Isso foi histórico para a gente - lembra João Nogueira Lima.

'O QUE VIER, É LUCRO!': OS NOVOS DESAFIOS DO AFOGADOS

'Conseguimos a proeza de fazer uma equipe intermediária entrar entre os quatro melhores do Pernambucano' (Divulgação)

O Afogados terá de pensar em novos horizontes para a próxima temporada. O presidente João Nogueira Lima revelou que o credenciamento para a Série D exigirá um planejamento bem mais amplo do que o atual:

- Mantivemos uma base, só que nós tínhamos contrato com os jogadores até março, abril e depois eles iam servir outros clubes. Desta vez não, eles vão ficar com a gente para um calendário todo. Teremos também o suporte para uma Série D, maior visibilidade, isso nos ajuda muito - disse, e emendou otimismo sobre o duelo contra o Náutico:

- O que vier é lucro! Todos estão preparados para jogar de igual para igual nos Aflitos. E vou dar um prêmio para eles em caso de classificação para a Copa do Brasil.

Enquanto 2020 não chega, o técnico Pedro Manta destaca que a Coruja do Pajeú quer escrever uma história ainda maior em Pernambuco nesta quarta-feira:

- Batemos todas as metas planejadas. Com a classificação para as quartas de final deixamos de ser um time sazonal e passamos a ter um calendário. Isso é maravilhoso.

De acordo com Manta, a ida do "jovem" clube do Pernambucano para as semifinais dá um combustível maior para a Coruja do Pajeú alçar voos maiores:

- Conseguimos a proeza de fazer uma equipe intermediária entrar entre os quatro melhores do Pernambucano. Agora, sabemos que a gente é franco-atirador. Um ou dois jogadores do Náutico pagam toda folha salarial do nosso time. Mesmo assim, nós estamos dispostos a fazer história.

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