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'Queremos um Santos só': Cuca fala ao L! sobre presente e futuro do Peixe

Em longa conversa no CT Rei Pelé, treinador detalha processos que mudaram a equipe de patamar na temporada, revela aflição pela guerra política no clube e alinha seus planos

15 set 2018 - 06h03
(atualizado às 06h03)
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Em quase uma hora de conversa, Cuca transitou da política ao futebol do Santos com a mesma facilidade de 'bater uma bola'. Conhecido por emitir opiniões consistentes e coragem para falar o que pensa, o treinador recebeu a reportagem do LANCE!, no CT Rei Pelé, e não escondeu sua aflição pelo caótico cenário político do clube - o presidente José Carlos Peres, em guerra com o vice Orlando Rollo, tenta se livrar de dois processos de impeachment.

'Tranquilão' quanto ao próprio futuro, clube e na carreira, detalhou como fez para mudar o Peixe de patamar, recuperando não só o bom futebol de peças fundamentais, como Gabigol, mas transformando também o tal DNA ofensivo do Peixe em algo natural dentro de campo. Agora, torce pela resolução breve os problemas políticos para abraçar o presidente, seja ele quem for.

- Nós não queremos fazer parte desse ou daquele grupo, a gente quer um Santos só, firme e forte. Guardados os nomes, que amanhã ou depois sejam Peres e Rollo juntos, quem quer que seja, e não separados, porque isso enfraquece o Santos. A gente não quer que aconteça.

Cuca vive uma espécie de internato. Mora no hotel do CT Rei Pelé, onde tem privacidade para receber a família, inclusive a netinha de um ano e meio, e sossego para pensar o Santos todo o tempo necessário. De Rodrygo maduro no Real Madrid a Renato como "homem do futebol", tem o elenco na palma de suas mãos e ideias a serem desenvolvidas.

- Não é ganhar (o cara) para mim. Não adianta eu estar às 6h da manhã no clube, se o jogador chegar cinco minutos antes do treino. Não vai resolver nada. Não adianta eu dormir no clube, se o jogador nem passar perto daqui à noite. O jogador tem que ser o responsável por tudo isso, a vida do time são os jogadores, não adianta a figura ser o treinador. Eles têm que ser os próprios responsáveis pelos horários, pelo ambiente do grupo... Foi essa responsabilidade que a gente foi passando a cada um deles.

Do sal grosso jogado pela torcida no ônibus ao reforço "amigo" que mais o surpreendeu, confira abaixo como Cuca pensa e vê o Santos. Quando chegou ao Peixe, prometeu que brigaria por uma vaga à Libertadores e está cumprindo. Abaixo, a íntegra da entrevista.

Você não ficou preso ao tal DNA ofensivo, parece que é algo natural do seu time. Concorda?

Eu sempre gostei de ter times ofensivos, com o melhor ataque, como a gente teve na conquista do título com o Palmeiras em 2016. Agora a gente tem o artilheiro da competição. Mas, mesmo sendo ofensivo, é importantíssimo ter o comprometimento dos jogadores no sistema defensivo também. Eles não precisam ser exímios marcadores, mas têm de passar a linha da bola, diminuir o campo para o adversário, alongar o campo para nós. E eles têm feito isso, até por isso estamos há sete jogos em tomar gol. É por causa do pessoal da frente também, que tem ajudado bastante. Apesar de muitas vezes jogarmos com quatro atacantes, eles passam bem a linha da bola.

Quando chegou, disse que buscaria soluções dentro do elenco. Como avalia esse processo até aqui?

Acho que a gente tem conseguido. Me lembro que na ocasião estavam para vir outros jogadores e eu falei que não queria ninguém até conhecer o grupo, precisava dar a eles o direito de mostrar para mim o valor deles. Às vezes você tem o jogador no teu plantel e não sabe. Às vezes o jogador é de jogo, não é de treino, é mais time. Fomos dando a oportunidade e eles foram vendo que estava sendo passada uma confiança, foram aproveitando bem. A gente tem carência, todos sabem, mas temos tentado trabalhar dentro do elenco. Temos trabalhado o Rodrygo na meia, o Arthur Gomes como meia, o Sánchez como um meia. Muitas vezes trabalhamos com dois atacantes e duas linhas de quatro, como já fiz com Sasha, Rodrygo ou Bruno Henrique do lado do Gabriel. A gente vai sendo criativo também.

Encarou sua primeira semana livre para treinos. Vinha trabalhando com o time na base da conversa?

Tudo aqui, olha (aponta para o auditório onde dá as preleções). Tem pessoas que entendem melhor vendo, não ouvindo. Quando você coloca ali o Datashow e dá uma ideia melhor. Mas o campo é o campo. Hoje trabalhamos bem de manhã, das 9h30 até as 11h, agora vamos trabalhar mais uma hora à tarde. Tem algumas coisas que a gente põe a mais e de repente já podem aparecer domingo.

Consegue detalhar o processo de recuperação do Gabriel com você?

Quando eu cheguei aqui o Gabriel estava sendo muito questionado. No primeiro jogo, contra o Cruzeiro, pediram a saída dele. No segundo, contra o Botafogo, pediram mais ainda, até tirei e coloquei o Yuri. No terceiro, contra o Ceará, eu deixei fora. Eu conversei com ele antes de começar o jogo. Pus ele no banco e falei: "Você vai ver o primeiro tempo daqui, veja se você entende o jogo, se entende o nosso time". Quando acabou o primeiro tempo eu fui para o vestiário e perguntei para ele se estávamos jogando bem. Ele, como eu, achou que não estávamos bem. Falei: "Então o problema não é você, a culpa não é exclusiva sua. Você vai entrar agora e jogar sem peso". Ele entrou, nós não melhoramos muito, mas empatamos o jogo, e a partir dali eu fui falando com ele. Ele tinha que jogar mais solto, com confiança.

Se o time tivesse melhorado um montão sem ele, pronto, ele saía e entrava outro, corrigia o erro. Mas o problema não era o Gabriel, tinha outras coisas para corrigir e foi corrigindo dentro das partidas. Quando você tem um time jovem que está sem confiança, não está sendo abraçado pelo torcedor, não vai andar, não adianta. O torcedor entendeu que esse é o time dele, deu banho de sal grosso no ônibus, apoiou, veio para o lado dos meninos... Aí as coisas foram ficando menos difíceis. Ganhamos um jogo muito difícil contra o Cruzeiro, fora de casa, e voltamos para casa com confiança, abraçados pela torcida. Aí ganhamos do Sport, do Bahia, e readquirimos confiança.

Hoje, estamos já em um outro viés. Chegamos em 17º lugar e me lembro que todos comentavam que deveríamos cuidar do Brasileiro, que a prioridade era não cair, e hoje estamos em uma situação bem mais confortável do que aquela.

Com Gabriel, foi um processo semelhante ao que fez com Dudu, no Palmeiras, em 2016?

Me lembra muito. Com o Dudu também aconteceu assim. Deixei ele fora do jogo contra o Internacional lá no Rio Grande do Sul (no Brasileiro de 2016). Jogou o Erik, que fez o gol da nossa vitória (1 a 0), mas o meu projeto para o Dudu era ele ser titular. Depois ele entendeu o que eu pensava e virou uma pessoa de total confiança, virou capitão do time. Acho que eu fui bom para a vida do Dudu, não só no campo. Ele amadureceu muito como pessoa e eu também aprendi muito com ele e com outros jogadores lá. A mesma coisa com o Gabriel. São meninos.

Eu quero ajudar o Gabriel a se preparar melhor para ir para fora agora, para voltar lá e vingar. Do jeito que ele estava lá, Paris estava feia, Roma estava feia, Milão estava feia... Estava tudo feio, porque no campo não estava bonito. Para nós, do futebol, quando o teu habitat está bonito qualquer cidade fica linda. Como que vai ficar bonita se o cara não joga? Jogador quer jogar, quer ir no restaurante e ser reconhecido, quer ser aplaudido... Diferente do que ele viveu. Acho que quando ele sair daqui, se é que vai sair, vai ser outro jogador no exterior e vai vingar dessa vez.

Sempre "ganhou os caras" na conversa?

Não é ganhar para mim. Não adianta eu estar 6h da manhã no clube se o jogador chegar cinco minutos antes do treino. Não vai resolver nada. Não adianta eu dormir no clube se o jogador nem passar perto daqui à noite. O jogador tem que ser o responsável por tudo isso, a vida do time são os jogadores, não adianta a figura ser o treinador. Eles têm que ser os responsáveis pelos horários, pelo ambiente do grupo... Foi essa responsabilidade que a gente foi passando para os jogadores.

Agora fomos jogar contra o Grêmio, no Pacaembu, na quinta-feira, e eles não quiseram voltar para Santos porque iam pegar um trânsito de feriado, grande, e iam desgastar para jogar com o Paraná. Então a gente ficou em São Paulo. Não fui eu que determinei, eles que pediram e o clube atendeu. Teve um gasto maior com hotel, mas a gente foi lá e teve o desempenho físico igual ao do Paraná, que não vinha do mesmo desgaste que nós. Quando eles estão assim, envolvidos no processo, fica muito gostoso trabalhar. Estou muito feliz com esse grupo em todos os sentidos. Acho que a gente pode evoluir ainda mais e conquistar uma vaga na Libertadores, que sempre foi nosso objetivo.

Nesse sentido, quais os planos para ajudar Rodrygo?

É um menino de 17 anos que vai aprender coisas dentro do campo ao longo da carreira. A gente aprende todo dia. Posicionamento, a hora de driblar, a hora de não prender demais... Isso tudo vai vindo. Ele vai virar cada vez mais um jogador melhor. É muito responsável. Apesar de ter 17 anos, é homem dentro e fora de campo e tem muito a evoluir. A gente tem obrigação, com a nossa experiência, de ajudar. Lembro muito do meu passado como jogador, tantas coisas que eu fiz, tantas coisas erradas que eu fiz... Temos que passar essas experiência para eles. Sei que às vezes não vai ser por você falar que eles vão fazer diferente, mas alguma coisinha sempre pega.

Alguma coisa te lembra sua época de jogador do Santos?

Eu vim do Palmeiras em 1992. Fui vice-campeão lá (do Paulista), perdendo para o São Paulo, e vim para cá em 1993. Joguei só 1993 aqui. Em 1994 o Santos foi pé no chão, o Pelé entrou como diretor, teve redução de salário e fiz parte da turma que saiu. Fui treinado pelo Evartisto de Macedo e pelo Antônio Lopes. Foi gostoso, ficamos em terceiro no Brasileiro, o time jogou bem.

O que Renato ainda pode entregar dentro de campo e quais seus planos para ele no futuro? Acha que pode trabalhar no clube?

O Renato, quando cheguei, foi meu titular em uma partida, acho que foi lá com o Cruzeiro. Ele tem 39 anos, acho que vai tocar mais um ano de carreira, segundo ele me falou. E eu vejo nele todos os predicados para ser um homem do futebol, como gerente, auxiliar-técnico ou treinador, não sei. Mas tem que continuar no futebol, porque é um cara do bem. Eu tenho um projeto com ele, vamos ver. Estou conversando, devagarzinho.

O que encontrou no Santos quando chegou?

Encontrei um Santos pressionado, em 17º lugar, e joguei 12 partidas em 37 dias. É muito cansativo. Mentalmente a gente cansa muito, você tendo que buscar resultado... Graças a Deus o resultado está vindo, a evolução está aparecendo. Você vê, a minha zaga titular era Lucas Veríssimo e Luiz Felipe. Hoje estão jogando Gustavo Henrique e Bambu e não tem como voltar os outros dois. Eles agarraram! E isso é bom, porque temos quatro zagueiros top e os que estão fora não torcem contra. Eles olham e veem que o cara não tem como sair mesmo. O Sasha não entra em alguns jogos, mas quando ele entra faz gol, participa, não acha ruim. Tenho quatro atacantes e jogam três. Tenho Bruno Henrique, Derlis, Rodrygo e Gabriel, isso sem falar no Copete e no Arthur Gomes. Estou sempre variando, penso no adversário. Contra o Paraná, o Rodrygo ficou como arma para a gente ganhar o jogo no segundo tempo. Contra o Vasco, ficou o Derlis para a gente ganhar no contra-ataque, como ganhou. Eles têm entendido bem essas estratégias.

A saída do Ricardo Gomes atrapalhou os planos?

Outro dia falei numa entrevista... Na verdade não falei, mas respondi uma pergunta de um colega de vocês. Ele perguntou se o Santos tinha que melhorar profissionalmente e eu falei que sim. Para quê? Vocês viram o fuzuê que deu? Eu só respondi uma pergunta (risos). Mas de lá para cá eu sinto que a gente tem melhorado, sabia? Eu sinto cada um puxando um pouquinho mais. Que bacana que está melhorando, mas a gente vive aqui um ambiente conturbado politicamente. Um dia tem uma nota do presidente, outro nota do vice, dia 10 teve reunião, agora vai ter outra... E a gente tem que ficar alheio a isso. O Ricardo foi para uma situação boa, lá no Bordeaux-FRA, onde ele já foi treinador, e o treinador hoje é amigão dele. Nesse momento, o diretor de futebol não faz tanta falta porque a janela está fechada, mas o Santos precisa, passado esse problema político, pensar nessa cadeira como principal meta para arrumar as coisas para o ano que vem.

Já pensa em montar o elenco no ano que vem?

Aqui eu não sei o que vai acontecer, tem esse problema (político) ocorrendo. O Santos é um pouco diferente dos outros clubes, porque tem um Comitê de Gestão com sete membros, mais o presidente, mais o vice. São nove pessoas, e as coisas precisam passar pelo crivo deles. Tem uma equipe que avalia bem aqui, o pessoal é ótimo, mas depende desse G7 para eles aprovarem ou não. Não sei muito bem como funciona, mas aqui seria um lugar maravilhoso para a gente montar um time como a gente imagina. Não precisa gastar muito, não. Acho que com dois ou três encaixes pontuais o Santos disputa qualquer título.

Então ainda não consegue pensar em 2019?

É diferente. Não é você e o teu presidente, como era em todos os clubes que passei. Com o Juvenal, com o Kalil, com o Celso Barros... Aqui é um grupo e a gente tem que entender como funciona na hora de montar o elenco, porque até agora eu não sei como funciona. A gente conseguiu trazer um jogador, que foi o Felippe Cardoso, um menino de 19 anos. Foram pagos R$ 3 milhões nele, e com certeza vai ter retorno técnico e financeiro também. Gosto de trabalhar assim.

Nesse sentido, você então não teria pedido as contratações de Bryan Ruiz e Carlos Sánchez, que podem ser úteis no campo, mas já são mais velhos e não darão esse retorno financeiro. É isso?

Eles já estavam contratados quando eu vim. Falo, por exemplo, do outro jogador que estavam falando, lá de fora (Vagner Love), que tem 33 anos. O que eu quero para o Santos é um jogador com contrato de cinco anos, que você possa usufruir dele por cinco, sete anos, e na hora da venda você tire o que investiu e tenha um lucro. O Santos tem uma base muito forte, o certo é contratar muito pouco, e quando fizer essa contratação que gere retorno. Esse é meu trabalho.

Bryan chegou abaixo fisicamente? Acha que ele pode entregar o que se espera em campo?

Não, o Bryan está fisicamente igual aos demais, está correndo igual. É errado quando a gente fala que o Bryan precisa entrar em forma. Ele está em forma. Ele tem um estilo de jogo técnico, todos sabem que é o estilo dele, e a gente tem que ter paciência. Está nos ajudando.

E quem mais te surpreendeu?

Quem mais me surpreendeu Derlis. O Sánchez todo mundo tinha visto, Bryan também. O Derlis ninguém tinha visto. E ele é torcedor do Olimpia. Estava nas duas finais da Libertadores que jogamos com o Galo. Então ele é meu amigo (risos).

O meio-campo segue sendo o setor mais carente?

A gente está sendo criativo e jogando jogo a jogo. Lógico que tem situações em que você vai explorar a velocidade do teu time, mas tem dias em que o adversário não vai deixar a velocidade aparecer. Aí você tem que ter uma individualidade centralizada. Conseguimos encaixar o Rodrygo contra o Paraná, abriram duas jogadas e fizemos dois gols. O jogador vale um milhão se jogar em uma posição e dois milhões se jogar em três ou quatro posições, porque a versatilidade é importante. Na Libertadores você pode levar só sete para o banco, então não é um por posição, você leva aquele curinga. Quando o jogador é jovem, você tem obrigação de ensiná-lo a jogar em mais de uma posição.

Se no Palmeiras você garantiu que iria ser campeão, aqui garantiu que iria se classificar para a Libertadores...

Lá no Palmeiras foi no dia em que nós perdemos por 4 a 1 para o Água Santa. Naquela hora eu chamei tudo para mim, tirei o peso dos jogadores, mas ficou muito, muito pesado. Já no primeiro jogo o Autuori já me deu uma chamada, no segundo outro treinador também... Acabou que foi campeão e ninguém falou nada, graças a Deus (risos). Mas isso eu não faço mais, não. Ir para uma Libertadores são seis, sete, oito... Ser campeão é um só, mas deu certo lá.

Mas foi uma estratégia parecida. Certo?

Claro. Você está em 17º e fica pensando: "pô, se eu perder vou para 18º". Mas e se você ganhar? Não vai para 16º? É isso que temos que pensar, tem que ganhar. Futebol é dinâmico, muda tudo em 24 horas. Uma partida boa muda o astral, a confiança, muda geral. Aí você tem que saber ser humilde para continuar colhendo frutos.

Dá para dizer que as eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores até ajudaram o Santos?

Falar que ficar fora é bom é sempre doído. Você fica vendo Cruzeiro x Palmeiras e pensa: "podia ser a gente...". Não deixamos de estar lá porque os adversários foram infinitamente superiores, a gente bateu de frente e não deu. Houve aquele lance contra o Cruzeiro, enfim, já passou. Na Libertadores também vamos olhar os jogos e pensar que podíamos estar lá, mas já passou. Nossa realidade é o Brasileiro. Agora a gente vai ter tempo para trabalhar. O índice de lesão, que já é baixíssimo, ficará menor ainda. O que nos resta é o Brasileiro.

O que já pôde observar das categorias de base? Há um desequilíbrio?

Isso é uma coisa que pretendo trabalhar internamente. Sinceramente, não conheço no Brasil um celeiro tão grande de formação de jogadores. A gente tem que explorar e muito isso. Pretendo fazer internamente. Lógico que para isso acontecer eu preciso ter o respaldo do meu diretor, que hoje eu não tenho, e ter o respaldo do presidente, que hoje está nesse litígio. Preciso esperar essas coisas acontecerem para depois pensar nas melhoras que podemos fazer em todos os sentidos aqui.

E como pretende trabalhar o caso do Léo Cittadini?

Está treinando. Ele estava com o tornozelo lesionado. Como eu vou chegar agora e dizer: "olha, você não vai jogar". Tenho conversado com o Cittadini igual conversei com o Gabriel. Tenho a mente aberta em relação a isso, já fui jogador também. O contrato dele vence no fim do ano. Temos outro que está nessa mesma linha também, que é o Bambu. O Cittadini já não é mais menino, tem 24 anos, tem uma situação lá fora... O que a gente tem que fazer? Primeiro tem que ver o que é melhor para o clube, porque o clube não pode perder o jogador. Faltam cinco meses para acabar o contrato, errou, faz parte do passado. Vamos ver daqui para a frente o que pode ser feito de melhor para o clube e para o jogador.

Já falei com o Léo, com o empresário dele. A gente ficou esperando essa janela, não aconteceu nada. O que vai adiantar eu pegar o Léo e colocar para treinar às 6h da manhã, separado? Vai melhorar o que? É melhor a gente sentar e achar um caminho mais correto. Quando tiver o diretor, junto com o jogador e o empresário, a gente senta e resolve o melhor. Não sinto hoje no Léo Cittadini uma condição de colocar para jogar. Se ele vai e tem uma fratura, sem contrato, como fica? Muda toda a vida do jogador. A gente tem que pensar muito bem nisso. E o Bambu temos que renovar o quanto antes para não ficar na mesma situação do Léo.

Qual sua rotina no clube?

Aqui é minha casa, fico aqui direto. Marco treino em dois períodos (risos). É gostoso, o lugar aqui é bom. A gente vai melhorando uma coisinha ou outra, é o trabalho da gente. Não é só treinar, a gente trabalha para o clube melhorar também.

Santos tratou de ser um recomeço? Sua última passagem no Palmeiras foi um pouco conturbada...

Mas não foi ruim, eu discordo. O Palmeiras foi vice-campeão! É que em 2016 foi campeão. É que em 2017 o vice já não era bom, precisava ser campeão, e deu aqueles problemas com Felipe Melo, aquele disse-me-disse, eu achei melhor sair. Faltava um mês para acabar o campeonato. O Alberto entrou, a gente estava em quarto e foi vice-campeão. Não foi um ano ruim. Foi ruim em comparação ao outro ano, em que foi campeão. Acho que meu papel no Palmeiras eu fiz, foi muito bom. As contratações que foram feitas, todos eles estão dando retorno lá. "Ah, mas o Hyoran...". É bom jogador, só que requer tempo. O Deyverson hoje já é visto diferente, tem ajustes que o Felipão vai fazer nele, bom treinador que é, e vai melhorando. Se você for ver, os erros de contratação foram poucos em relação aos acertos. E não fui eu que fiz. Fui eu junto com o Alexandre Mattos que contratamos todos os jogadores.

Indiciou Richarlison, hoje na Seleção Brasileira. Diego Souza, artilheiro do São Paulo, Deyverson, Mina, Róger Guedes, Tchê Tchê... O faro está bom...

Faltou isso aqui para trazer (faz um gesto com as mãos) Richarlison. Diego Também faltou pouco. Foi bom, né? As coisas deram certo para eles, deram certo para o Palmeiras, que é o mais importante. Esse é o nosso trabalho. Vamos ver se aqui a gente consegue descobrir novos valores também. Tenho muita esperança nesse menino que a gente trouxe. Poderíamos ter trabalhado para o amador, não para o profissional. Vamos ver na frente o que a gente consegue. Temos que esperar também o que vai acontecer com Gabriel e com Dodô. Dependendo do que acontecer, vai ter que contratar mais depois.

Por que quis trabalhar no Santos?

Eu fui mal na outra vez que vim aqui. Passei 40 dias aqui depois de dois anos e meio no Botafogo e não foi bom o trabalho. Aqui não fiz um trabalho bom e no Grêmio também não. Saí do São Paulo e também passei um mês lá, senti que não dava. São os dois únicos clubes no Brasil em que não fiz um trabalho bom. Quando veio a oportunidade, fiz questão de vir e fazer um trabalho bom. Graças a Deus, está acontecendo.

Quando aceitou o convite, sabia dos problemas políticos do clube?

Não sabia (risos). Não sabia... Imaginava, mas não sabia. Não é muito diferente de outros lugares também, a vida é assim, o ser humano é assim. Temos que estar acostumados com isso.

O que pensa para o seu futuro?

Estou tranquilão. Acho que vai passando o tempo e a gente vai ficando menos afoito. Estou bem tranquilo, vamos ver o que acontece até o fim do ano, depois temos uma montagem para fazer. Vamos fazer o melhor nesse ano.

Como faz para blindar o elenco de tudo isso?

Ah, eu tiro eles de tudo, deixo cuidando só do futebol e mais nada. Eles não têm que fazer parte disso. A gente não sabe o que vai acontecer. O presidente estava conosco no domingo, no vestiário em Curitiba. Depois do jogo a gente reuniu para a oração e eu falei: "vamos torcer para que dê tudo certo para o presidente". A Santos TV filma, né? Então se não der certo para esse presidente o outro que entrar já vai pensar: "Pô..." (risos). A gente não quer isso, não quer fazer parte desse ou daquele grupo, a gente quer um Santos só, firme e forte. Guardados os nomes, que amanhã ou depois sejam Peres e Rollo juntos, quem quer que seja, e não separados, porque isso enfraquece o Santos. A gente não quer que aconteça.

Vencer o clássico é como a cereja do bolo para essa boa fase?

O São Paulo é um grande adversário, depois vão vir outros que estão na frente também. Internacional, Flamengo, Palmeiras... O São Paulo é mais um jogo difícil que a gente tem.

O que espera do jogo contra o São Paulo?

Acho que o São Paulo é muito forte em todos os sentidos, está muito bem trabalhado pelo Aguirre. Gosto de analisar o treinador. O São Paulo vai jogar da forma que o Aguirre gosta, então eu vejo como ele trabalhou no San Lorenzo, no Peñarol, no Internacional, no Atlético... Se vem uma sequência de fatores iguais, ele vai fazer no São Paulo também. Tentamos tirar alguma vantagenzinha, se é que é possível, em cima da característica do treinador.

Já enfrentou o Diego Aguirre?

Como jogador, sim, em Gre-Nal. Como treinador não me lembro, devo ter enfrentado.

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